sexta-feira, 17 de junho de 2016

French Sisters invadem Sabotage: Alex Chinaskee viram "Glam Rockers" e Panado definem "arruaça"

Entre uma e outra afinação Cheesecake deu conta do recado
Há duas maneiras de encher um bar como o Sabotage: Oferecendo um disco, gomas e balões à entrada ou anunciar os Panado. Ora, o primeiro podia não ser tão eficaz, então junta-se o Luís e o Sambado, dupla promissora, e aí sim temos condições para uma arruaça. Cheguei tarde à festa admito, viajei do Sodré para a Apolónia para ir buscar o meu mate Cris que viajou de Barcelos, capital portuguesa do Rock, para Lisboa com um único propósito: ver o concerto de Alex Chinaskee, seu protégé do mais recente Mojo Rojo booking madness... Sem inferiorizar os putos Môno. Ora, no outro lado do passeio, junto do Music Box tínhamos o Tokyo, onde iria haver dois concertos também muito promissores: Os homens aparentemente adiantados no tempo, Morning Coffee e os também interessantes Flare. Sexta-Feira a Ípsilon lança um artigo onde menciona algumas promessas da música nacional independente, ora não seria preciso andar muitos quilómetros para vermos essa teia de potencialidade ontem em Lisboa. Miguel Afonso (Barreiro Rocks) também esteve entre os presentes...

Arruaça começou muito antes dos concertos
Antes de tudo estávamos no Tokyo a fumar cigarros e fazer bolinhas de sabão, quando deparo-me com Miguel Gomes e Luis Tojo (irmãs) maquilhados e um seminu, bronzeado, Prince of Persia look a like Tojo, o que me leva a pensar que Chinaskee, em palco, podem encarnar os mais diversos personagens, do mais aprumado para o mais chocante e polémico. Uma nota muito interessante a tirar deste quarteto pop que vai tocando "Campo" ao vivo de forma mais aleatória possível e sem um espírito que iguale a profundeza dessas músicas melancólicas e sonolentas. Há energia em palco, uma espécie de comédia divina, alegria amolece a dor.


Sambado, Severo, Primeira Dama ou Chinaskee à venda na entrada
Já dentro do recinto e acompanhado do Quaresma, apanhámos Alex Chinaskee começarem o intenso espetáculo de movimentos bruscos, spooky psych keyboards e afinanços de cordas. Antes, mas tudo parte do espetáculo, Miguel estava no meio da audiência a ver os seus band-mates esperarem pelo showman, que entra para tocar "Sonhos Loucos" seguido de "Loucos Sonhos" e foi por aí fora tocando faixas desse muito aclamado EP de estreia "Campo", que valeu  elogios de Joaquim Quadros, Galgo ou Cristiano Beato (The Glockenwise). Maquilhados, armados e perigosos, encerram com "Já não vivo" derradeiro cartão de visita de EP que segundo Miguel Gomes será re-gravado com melhores condições, podendo ou não retirar alguma beleza espontânea que poderá residir na natureza lo-fi da gravação. Quando questionado, justificou-se: "Não gostámos, vamos voltar a gravar." Ou durante o concerto: "Preciso de afinar a corda; Preciso de ir ao bar buscar cerveja". Haja paciência para certas birras, no entanto, este poderá ter sido o melhor concerto de Alex Chinaskee até à data: Houve fluidez. Sem inventar, tocaram as suas malhas prediletas e sejam ao vivo ou no EP elas soam bem.
 Aplausos estavam guardados, no entanto...

*Ora provocador ora ingénuo, Tojo foi uma das figuras da noite

Sem merdas, só Rock do Bom. Entram em palco e tocam "Revolução" seguido de "D. João", hino do Rock Felino e single que antecipa um dos lançamentos mais esperados do ano na cena alternativa, "Épê", uma das explosões criativas mais bem recebidas dos últimos tempos. Não vale a pena continuar a divagar sobre Panado: O baixo é irrepreensível, a bateria é seca, a guitarra é arranhada. Embora um trio, o formato básico de uma banda punk, Panado são uma mescla de influências Pós-cenas, o que não insere a banda num quadrado mas sim num circulo perfeito.

Panado na 3º pessoa de Diogo Ramos
Diogo Ramos, Alexandre Fernandes (Sun Blossoms) ou Alexandre Rendeiro (Alek Rein) tiveram a oportunidade. Só um destes a aproveitou...
 "Sapata" foi tremendo do inicio ao fim, deixava-nos expectantes e expectados. "Charopes" já é tão vista que precisou de algo novo... Maria Martinez, noiva de Bernardo Moniz (bateria) subiu para tocar flauta transversal e não tremeu.


Se já vi Panado! Cada vez que os vejo há algo que corre melhor: Não pode ser a bateria ou o baixo ou a guitarra. Não são os músicos porque eles são iguais. Será a química? A experiência que carrega os seus ombros? Seja o que for, estas malhas precisam de ser lançadas com urgência para a banda poder despoletar, subir o cume e anos mais tarde descer essa montanha para nos contar a história, que aliás, já vai sendo escrita. Dia 15 de Junho de 2016 no Sabotage, French Sisters Experience Records & Co escrevem um dos seus capítulos mais nobres.


*Fotos cedidas com amor por Inês Peixoto 

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