
Em termos sonoros não é o grupo mais complexo do mundo: Em "Linguadaluz I" um baixo groovy estabiliza por certo a bateria plate-full de Paulo, aqui e em quase todas as faixas. Aquilo que torna (eventualmente) estas faixas verdadeiramente fascinantes são a tenacidade de João, ora calmo e suave como o baixo que a acompanha, ora prolífero e violento, tudo isto quase de forma improvisada.
Para além da capacidade de estruturarem melodias jazzy-groove, há uma certa frustração política em "Bolo de Nóz", depois convertida num comedy spoken divertido que só revela a personalidade carismática de João, que liberta toda a tensão e frustração que uma letra dessa natureza poderia carregar: "Digam aos políticos que nós queremos é bolo de noz, para nós, queremos subsídios em bolo de noz (...) queremos que o bolo de noz não tenha IVA a 23%, a 3 ou nenhum"...
Para terminar com o alegre, Reggae-blasted rocksteady "Rejeitar", que solta mais escrita non-sense sobre uma possível história de amor na rua Tabu?
Não é emblemático nem nada do género mas são faixas bem gravadas que apresentam temas singulares, seja na composição ou na própria concepção de cada faixa. Acima de tudo Mamihlapinatapai conseguem um cartão de visita que poderá ser importante para futuros concertos e toda esta leveza e falta de seriedade combinadas com uma sincronização perfeita de instrumentos, melodias alegres e coragem para experimentar acordes progressivamente podem, no futuro, colocar a banda num nicho onde poucos poderão alguma vez sonhar alcançar.
Ouçam Mamihlapinatapai I
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