sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Critica: Pinkshinyultrablast- Grandfeathered




Em 2013 quando os My Bloody Valentine lançaram MBV, após 25 anos de hiatus, parece que o indie acordou para um dos seus movimentos mais respeitados: o Shoegaze. Lógico que os tempos mudaram, seria impossivel recriar o movimento como se estivessemos de volta em 1991, tal como não seria possivel voltarmos a Seattle dessa década. Em vez disso as novas bandas pegavam nessas influências de Shoegaze de anos 90 e misturavam com outras influências de nova era como Space Rock ou Prog ou mesmo música eletrónica. Vimos bandas como No Joy, Yuck, Splashh a emergirem na cena com dissonância e ruidos extremos, vimos também essas bandas cairem num hiatus-pós-temporário, pós porque como á semelhança de Frank Ocean não sabemos bem se fizeram uma pausa ou se não vão gravar mais discos (Splashh), isso ou fracasso critico (Yuck) causado pela saida de um membro influente (Daniel Blumberg). Nos destroços desses grupos chegam outros fora do circuito Inglaterra-EUA-Austrália, a fazer psicadelismo ruidoso e elas vem de todas as partes, Chile (Astro), ou neste caso Russia. Logo no inicio do disco vemos uma eletrónica muito caracteristica de paises nórdicos, o que deixa a pensar que o disco é todo um esforco de pop eletro, mas as musicas vão ficando barulhentas faixa a faixa, há medida que encontramos semelhanças ao som das Cocteau Twins (fase Heaven or Las Vegas), mas chega até a ser mais macabro que isso, aliás, a experiência é toda agridoce e muito dificil de classificar: encontramos influências de Black Metal nas guitarras, onde podemos muito facilmente associar aos astros americanos Deafheaven, ou os sintetizadores constantes, repletos de arco iris e positivismo fazendo lembrar Chverches, ou a hostilidade e ruido grátis dos The Jesus and Mary Chain, a melodia alegre e hazy dos My Bloody Valentine, ou o feedback malvado dos Sonic Youth, como em "Kiddy Pool Dreams", que no inicio ou progredir da música soa a Art Punk, completado por sintetizadores no refrão e riffs-foals-esque, que no fim fermenta uma música pop viciante. É precisamente por a banda encontrar um equilibrio entre o ruidoso e o melódico que o album é agridoce, os vocais são aéreos e imperceptíveis o que permite ao ouvinte interpretar a intenção das músicas a seu bel prazer, e as músicas aqui são menos imediatas que no primeiro disco mas quanto mais longa for a viagem mais gratiicante será a sua conclusão que deixa a desejar por mais no fim de cada faixa. O mal é que as músicas parecem todas ser idênticas uma à outra, mas mesmo assim cada uma única e diferente da outra. Aqui encontramos algumas das faixas mais bonitas do ano, e o disco ficará cada vez melhor a cada audição.


Sem comentários:

Enviar um comentário