Voltamos esta semana com um descuido sinfónico, a puxar para o lado mais natural da coisa, disfarçado de Peido Pentatónico de forma irónica amigos. Estes manos do prog têm sempre muita coisa a dizer, sabem como é, mas o Zé foi buscar este tune ao lado mais deep e sentimental da galáxia de propósito para os nossos caros leitores. Vale a pena ler e ouvir este encontro galáctico com os Reis, que tocam no Musicbox já dia 10 de Junho com Filipe Sambado.
"Nobuo Uematsu foi o primeiro
compositor que me fez verdadeiramente apaixonar pela música. Mais do que
qualquer outro compositor de música erudita ou popular, foi ele que me
demonstrou o poder transcendente dos sons e das suas progressões. Foi
com ele que aprendi que certas ordens de frequências podem invocar
universos de vastas dimensões e provocar emoções que nunca
conseguiríamos traduzir doutra forma.
Colocar
uns acordes atrás dos outros é construir uma história: Uematsu é um
verdadeiro mestre em tecer personagens e planos de fundo por detrás das
suas melodias e acordes. Do início até ao fim das suas peças somos
conduzidos por um fio narrativo que nos apresenta mundos e pessoas com tanta cor e conteúdo que de certa forma nos preenchem com os seus valores e história..
Já
ouvi muitas vezes dizer que o olfato é um sentido com o qual fixamos
muito facilmente momentos na nossa memória, que com um certo perfume nos
conseguimos lembrar de todo um instante passado associado a esse
cheiro. Pois eu acho que nesse aspeto a música tem um efeito
exponencialmente maior. Quando oiço a peça que aqui escolhi lembro-me de
quando a ouvi pela primeira vez, do que senti, do que imaginava com
ela. Lembro-me de tudo por inteiro, absolutamente nada lhe é retirado.
Numa
conversa só pode haver apenas uma pessoa a falar, ao passo que pela
música pode-se ter vários diálogos ao mesmo tempo. A peça que escolhi é
de certa forma essa ideia: num festival, duas pessoas tentam, cada uma à
sua maneira, declarar o seu amor à outra, mas cada nova tentativa é
interrompida pelo barulho ensurdecedor de fogos-de-artifício. Depois de
algum tempo chegam à conclusão de que as palavras não têm lugar ali, e
no final deixam os explosivos falar por elas. Calaram-se? Não. Quando
entraram em silêncio, falaram-se mais do que alguma vez o tinham feito
doutra maneira.
Foi pela "música" dos fogos-de-artifício que se aperceberam de que a mensagem que uma queria trazer à outra era a mesma."
Na foto os Reis da República. José Sarmento à direita |
Agradecimentos:
José Sarmento
Reis da República
Ilic Aleksandar
MontijoSound 2016
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