sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MontijoSound apresenta: Décadas: Os anos 60.

Os anos 60. No que as pessoas pensam quando se fala dos anos 60? Jonh F. Kennedy, de forma surpreendente ganha as eleições e torna-se no 35º presidente dos Estados Unidos da América. Neil Armstrong torna-se no primeiro homem a pisar a Lua. Foi também a década das primeiras transmissões televisivas a cores.
 Mas havia uma coisa ainda mais importante a acontecer nos anos 60: a música. Seria nesta década que começaria a explosão do Rock n' Roll. A grande invasão britânica começaria e não iria mais acabar.
 Quem começou com essa grande revolução? Quem mais?? Os Beatles...
Quatro rapazinhos com o cabelo impecavelmente arranjado, fato e gravata e com as vozes mais lindas que alguém ouviria. Foram graças a eles que Liverpool entrou no mapa da música.
 Em 1963, Os Beatles tornavam-se num fenómeno Global depois do êxito Universal "Please, Please Me", que escalava até ao número 1 das tabelas musicais no Reino Unido.
 Depois do êxito de "Please, Please Me", estes apressavam-se para lançar o primeiro disco que sairia no mesmo ano (1963). O álbum seria um enorme êxito comercial e a banda já era vista como "a melhor banda do mundo". O álbum de estreia teria o mesmo nome que esse grande êxito "Please, Please Me" e estava carregado de êxitos, mas outro dos principais êxitos da banda estava na última faixa do álbum e chamava-se "Twist and Shout", single que seria o hino de um estilo de dança na época chamado o "Twist" e também numa das maiores faixas dos anos 60.


 Os anos passavam, e os "Beats" ganhavam cada vez mais notoriedade global. Sucedendo a "Please, Please Me" Os Beatles continuavam a lançar obras-primas atrás de obras-primas: "With the Beatles" (1963), "Meet The Beatles" (1964) lançado no ano em os Beatles, faziam história, quando em Fevereiro de 1964, estes desembarcavam em Nova Iorque, sendo esta imagem uma das imagens mais valiosas de sempre. "A Hard Day's Night" foi o primeiro álbum 100% original dos Beatles, como sempre carregado de êxitos, mas o mais importante deste álbum era "Can't Buy Me love". De 1964 a 1965, mais 7 álbuns seriam lançados, todos eles com a sua importância, mas foi em 1967 que os Beatles lançariam o primeiro de três dos mais importantes álbuns de sempre "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" é visto como um dos álbuns mais importantes da história da música, intensificando a opinião que o mundo tinha dos Beatles: "A melhor banda do mundo". Este álbum via uma outra face até lá desconhecida dos Beatles, uma face mais experimental, com arranjos Psicadélicos, na altura desconhecidos do Mainstream.

 Seria em 1968 que os Beatles lançariam aquele que é considerado o álbum mais influente da história da música: "White Album" era lançado. Era um duplo-disco, de música experimental, muito diferente daquilo que os fãs estavam habituados a ouvir desde a fase inicial da banda. Cheio de arranjos Psicadélicos e com os Beatles já em fase decrescente.
 Os Beatles iriam desaparecer na nebulosa do Proto-Punk no inicio dos anos 70, mas deixariam ainda "Abbey Road", o legado máximo dos Beatles, visto hoje como o maior álbum de todos os tempos para muitas publicações de música e é o último grande álbum dos Beatles, que hoje, são vistos não só como uma das bandas mais importantes de sempre, como também responsáveis pela moldagem da música Pop que nós ouvimos hoje.

O Reino Unido estava a explodir (Rolling Stones, The Beatles, The Kinks), mas no outro lado do oceano, havia uma banda Nova-Iorquina que iria mudar para sempre as regras da música. Apresentamos, os The Velvet Underground.

Lou Reed adorava Pop, Rock n' Roll, e depois de se graduar na Universidade de Syracuse, Reed viria a trabalhar na Pickwick Records, onde era um compositor residente. Foi lá onde Reed conheceu Jonh Cale, Galês que mudara-se para Nova Iorque com intuito de fazer "música a sério". Enquanto Cale estava extremamente atraído pelo Rock n' Roll da época, Reed estava interessado em misturar ideais Avant-Garde com Pop, recrutando Cale, que na altura estava sem banda. Juntos iriam mudar a face da música para sempre, e os grandes egos e personalidades destes seriam cruciais na fase inicial da banda.
 Reed era guitarrista e Cale tocava baixo (mas também tocava orgão, violino...), mas eles precisavam de um conjunto para a banda arrancar a sério, e em 1965, os "Velvets" eram um quarteto constituído pelo dinâmico duo Reed (guitarra) e Cale (baixo e violino), Sterling Morrison (2º guitarra) e a baterista Maureen Tucker. Um dia, o artista/designer Andy Warhol iria apanhar a banda num clube local em Noiva Iorque e instalou-os na sua fabrica de arte "The Exploding Plastic Inevitable". No Verão de 1966, Warhol produzia o álbum de estreia. Warhol encarregara-se também de trazer para a banda a vocalista Islandesa Nico. A chegada de Nico trouxe alguns conflitos entre Warhol e a banda, mas Nico ainda contribui para duas das músicas mais importantes da banda.
Capa original do álbum de estreia dos "Velvets",
conhecida pela sua capa extremamente polémica
para a altura.

A espera finalmente acabara, e em 1967, "The Velvet Underground & Nico" saía. Com letras decadentes, violentas e brutalmente honestas, este falhou o sucesso comercial, mas a sua importância no Rock moderno seria incalculável e hoje é visto como um dos álbuns mais importantes da história. Seriam precisos mais de 20 anos até finalmente ser reconhecido como um dos melhores álbuns da história, e apesar de não ter vendido (quase) nada, uma pessoa que viveu na altura diz que um grupo de jovens que na altura ouviu o álbum, foi a correr criar a sua própria banda.
 O álbum também reconhecia o talento de Lou Reed na guitarra, com grande destaque para a extraordinária técnica de distorção de guitarra, na altura inédita, técnica essa comprovada na faixa chave do álbum "Heroin", que são 7 minutos de violência sónica, explorando as facetas mais experimentais da banda. A música também é muito conhecida pela sua letra extremamente polémica, que falava da Heroína e dos seus efeitos, mas Reed falava deste sem Tabus e com uma grande honestidade.
 Diz-se que a música Heroin é pioneira do Noise Rock, gênero que iria só ser altamente repescado nos anos 80. Esta não era a única grande música contida neste álbum, "Sunday Mornig" e "Run Run Run" criam virtualmente o Dream Pop e o Punk respectivamente, dai o termo dado á banda nos anos 80 de Proto-Punkers. "All Tomorrows Parties", "Venus in Furs" e "There She Goes" também iriam ser muito importantes na constituição da música Pop actual.



Embora a extrema importância do álbum "The Velvet Underground & Nico", na altura era visto como um grande fracasso. A relação da banda com Warhol deteriorizou-se, resultando em Reed afastar Andy Warhol dos próximos trabalhos da banda, o que resultava também no afastamento de Nico, que era fortemente apoiada por Warhol, inclusive o nome do disco de estreia da banda punha Nico de parte, como se esta não pertencesse á banda. A verdade é que Nico viria a ter uma carreira brilhante a solo, muito apoiada pelos The Velvet Underground, que compunham músicas para ela.
 "White Light/White Heat", chegava em 1968, sendo este o álbum mais violento (em termos de som) da banda, levando a sonoridade pioneira de Lou reed até outros níveis de distorção, resultando na obra prima  "Sister Ray", 17 minutos de energia electrizante que via Lou Reed fazer experiências com a guitarra, criando um Feedback extremamente ruidoso, Feedback que durante a música, durava segundos, minutos até.
 Visto hoje como uma obra-prima da música Pré-Moderna, "White Light/White Heat", tal como o seu antecessor (The Velvet Underground & Nico) era demasiado abrasivo e polémico para chegar ao Mainstream, resultando em mais um grande fracasso comercial, o que viria a trazer grandes conflitos entre as duas mentes cruciais do grupo: Reed e Cale. Depois de vários ultimatos e pressão por parte de Reed, Cale acabaria mesmo por abandonar o grupo, instantaneamente substituído por Doug Yule.


No terceiro álbum da banda, o homónimo "The Velvet Underground", toda a criatividade sonora e violência dos dois álbuns anteriores desaparecera por completo, resultando no álbum mais melódico da banda. Mas o som característico de Cale fazia muita falta, e a sua saída tirava alguma genuinidade á banda, como se os Beatles fizessem música sem Mccartney ou os "Stones" sem Mick Jagger.
 Mais um álbum seria feito com Reed e o restante "gangue" (Loaded), mas a banda acabaria por se desintegrar no final de anos 60 quando Lou Reed decide abandonar o grupo, restando como único membro da banda, Doug Yule, que usa o nome da banda para um álbum (Squeeze), se bem que nos registos históricos, ó álbum não é considerado ser dos "Velvets".
 Lou reed, Jonh Cale e Nico viriam a estabelecer carreiras brilhantes a solo, e a banda seria esquecida á medida que os anos 70 progrediam, mas hoje os The Velvet underground são vistos como os a principal força influente de cenas musicais importantes como o Pós-Punk, influenciando o movimento completo. O Shoegaze nos anos 80, sendo que bandas como My Bloody Valentine, The Jesus and Mary Chain e os Sonic Youth encontram infinitas influências na banda.
 O verdadeiro sucesso da banda viria muito depois desta já estar totalmente desintegrada.

No dia 27 de Outubro, o mundo parou quando se soube que Lou Reed havia falecido. Reed já havia sido submetido a um transplante de figado, e não resistiu.
 Hoje fica a nota que Lou Reed é um dos maiores guitarristas da história e fundou aquela que é provavelmente a melhor banda de sempre.
 RIP LOU REED: UM HOMEM QUE SABIA AS REGRAS,
MUITO ANTES DE QUEBRÁ-LAS!

Os anos 60 continua noutra postagem...

Sem comentários:

Enviar um comentário