segunda-feira, 20 de julho de 2015

Entrevista exclusiva a LEAF: "É dificil definir o nosso som porque nada que fazemos é planeado, sai de forma espontânea e natural"


Vindos directamente das Caldas, os Leaf apresentam-se como um duo: Ricardo Mendes (Cave Story) e João Silva trazem um som garageiro lo-fi com camadas de distorção à mistura, para se revelarem como um dos nomes mais promissores da nova vaga Indie portuguesa.
 Não perdemos a oportunidade e fomos atrás deles no Bistroteca 2015 para nos falarem um pouco sobre o projeto e explicarem-nos quem mais influencia o seu som anarquista e destrutivo no entanto inocente e quase melódico.

MS - Há quanto tempo é que os Leaf andam por ai a fazer estragos? (Risos)

LEAF - (Risos) Desde 2013 mais ou menos, talvez finais de 2012, foi mais ou menos nessa altura que começámos a ensaiar... Pode-se dizer que começámos em 2013... 

MS - O som dos Leaf entrosa-se ou encontra semelhanças ao som dos Cave Story, ou o vosso som é totalmente independente a eles? 

LEAF – É bastante diferente. É assim nós sempre fomos bons amigos e houve uma altura em que nós andávamos a jogar Magic (Risos). Jogávamos aquela cena num armazém lá nas Caldas, que era também a nossa sala antiga de ensaios e começámos a tocar só os dois e correu bem, Fizemos logo quatro músicas nos primeiros dois dias...

MS – Como é que o definem então? (o vosso som)


LEAF – Não sei, é bastante complicado! É instantâneo! Nada planeado, altamente instintivo e as cenas sempre foram assim entre nós os dois e é assim que passa para a música também.Por exemplo, o nosso processo de composição para o nosso EP surgiu bastante naturalmente: estávamos a jogar na nossa sala de ensaios (Magic) e tínhamos lá os instrumentos todos e no meio de muitos jogos pensamos por alto “olha vamos mandar uma jam” e por acaso das nossas primeiras Jams (Improvisações) surgiu uma das músicas do nosso EP , “We are te heroes”, portanto foi basicamente de momentos totalmente aleatórios que surgiu a ideia dos Leaf, portanto se uma banda surge dessa forma pensámos que se calhar o nosso som podia sair assim também, o que já por ai torna muito díficil classificar, rotular ou defini-lo.

Leaf (live Act Bistroteca'15)

MS- Agora falando de coisas gravadas... O quê que já têm ai fora lançado? Há discos fisicos ou por BandCamp? Falem-me do que têm gravado...

LEAF – Sim, nós temos um EP e um split com os extintos Ocelot Kid, daqui do Montijo. Nós éramos grandes fãs deles e grandes amigos do Rudolfo e do Fernando e a cena tinha de acontecer e aconteceu. Esse EP é tipo o expoente máximo daquilo que os LEAF podem ser, que é pegar nos instrumentos com os amigos e fazer aquilo na hora e já está, e é isso que vamos apresentar aqui hoje também.

MS – Digam-me então uma coisa: vocês consideram-se uma banda experimental? Gostam de fazer experimentações quando estão em palco ou o vosso som é muito "certinho" e já muito bem planeado estruturado?

LEAF – É assim na nossa sala de ensaios nós exploramos muitas coisas, se calhar é mais por aí que falas do experimentalismo. Em palco sim, tipo já é uma cena tipo muito energética claro, nós damos tudo em palco, mas já é uma cena mais tight um bocado mais elaborada.

MS – Como é que foi feito o contacto entre a Bistroteca e os LEAF?

LEAF – Foi comigo na verdade (João), o Rudolfo, ele tá a tocar com os Molthres e vinham cá tocar e pronto fez a ponte claro e perguntou se nós queríamos vir também. Falou em voz da organização e viemos através deles.´

MS – O que esperam desta noite, uma vez que o cartaz é bastante concorrido esta noite? 

LEAF – É assim nós esperamos que seja igual ou melhor á última vez que viemos cá tocar, que foi o melhor concerto LEAF de sempre! Tocámos na Tertúlia do Montijo e foi brutal! Foi altamente! Foi a melhor cena! Hoje queremos repetir claro.
MS – Como se sentem? Hoje é Sábado em plenas festas populares de São Pedro, isto vai encher de certeza...

LEAF – Esperemos que o pessoal adira, nós da última vez que viemos cá tocar não estávamos nada á espera. E acabou por ser grande cena! Pessoal a fazer mosh e a cantar as letras e nós não fazíamos a mínima ideia que o pessoal sabia. Esperamos que aqui seja tipo parecido ou melhor!

MS – Como é que é a vossa atitude em palco? Aliás, como é que vão encarar este público montijense?

LEAF – Á partida vai ser como todos os concertos. Os nossos concertos começam como se fosse um ensaio entre nós os dois. Vai ser bastante íntimo mas passado os primeiros dois minutos vamos tentar puxar o máximo pelas pessoas, "soltar a franga"  como se diz (risos)! Mas sempre com um nível muito elevado e a um ritmo frenético que no fundo é o que se quer.

MS – O que acham de iniciativas como o MontijoSound, que tentam expor bandas em iniciação ou que precisam de mais visibilidade por parte do público? Falem disso um bocado...

LEAF – É crucial! Isto não há assim tanto como se pensa. Fala-se que na capital há muitas hipóteses e muitas oportunidades mas isso é falso. Não há assim tanta procura das bandas jovens. Eu venho de uma cidade pequena, que é as Caldas da Rainha e nós fizemos parte de um grupo de jovens que tentou puxar ao máximo pelas pessoas na nossa terra e mesmo assim tornou-se complicado. Falta este tipo de iniciativas em todo o lado, principalmente nestes sítios que são mais pequenos que as capitais. Se isto não existe cai tudo… Nem sei... É super importante!

MS – Falem-me também da importância da Bistroteca na divulgação de bandas jovens, que precisam de uma plataforma. O quão importantes são para a música portuguesa?

LEAF – São muito importantes…  São até um certo ponto, porque não por nossa falta, porque os jovens vão sempre tentar publicitar-se uns aos outros e portanto desde que haja esse "nicho" vai ser sempre uma iniciativa brutal e temos maior honra em fazer parte disto, mas depois há sempre o passo extra a dar para atingir, vá lá, a popularidade, que está sempre ocupada por outros meios, outra música que se calhar não merecia tanta atenção, ou que se calhar merece e as pessoas dão mais atenção a ela, não sei, não é questão de ser inferior ou não, é simplesmente diferente. e é uma iniciativa incrível e nós sentimos muito orgulho em estar aqui!

MS – Mandem então os vossos cumprimentos para o MS e para a Bistroteca.

LEAF – É sempre um prazer estar aqui no Montijo a tocar, temos aqui bastantes amigos! Bistroteca, força nisso! Continuem o bom trabalho! Abraço para o MontijoSound, continuem a fazer magia e não percam a que vamos fazer hoje mais tarde!

Redação MS com os Leaf

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Entrevista exclusiva a Kheper: "Não penso em mim como um artista"


Kheper, denomina-se como mais que um músico. Com uma vertente bastante experimental e vanguardista a roçar a música ambiente/noise e drone eletrónico, Kheper adota uma perspetiva interessante e fora do comum acerca da música. Estivemos á conversa o homem por detrás do som e do som por detrás da arte.

MontijoSound- Sendo de Oeiras, conseguiste captar algumas diferenças entre público de Oeiras e o público do Montijo?

Kheper- Eu não tenho público, uma vez que é a primeira vez que toco ao vivo…

MS- Esta foi a tua estreia?

Kheper- Exato, foi a minha primeira experiência ao vivo.

MS- Estás há quanto tempo a fazer música?

Kheper- Há cerca de um ano, um ano e meio.

MS- Em termos de projetos, o que é que tens realizado enquanto artista? O que é que tens feito agora para te chegares ao espelho e dizeres “eu sou o Kepher, eu sou o artista”?

Kheper- Eu não penso em mim como um artista. O motor para a minha criação é uma necessidade vital de me exteriorizar, não tem que ter significado embora tenha as suas raízes. Se é que sou produtivo é, em todos os casos, por instinto. É assim que eu trabalho. Lucrar disto, ou agradar alguém, não me passou pela cabeça. Não quero ter nenhum compromisso com ninguém senão comigo, por enquanto é bastante pessoal. Dei-me um nome e criei uma página no facebook apenas porque tenho um amigo que está a par da minha atividade e me convidou para apresentar algum trabalho hoje na Bistroteca.

MS- Não tens coisas gravadas então?

Kheper- Tenho bastante material, até. Irei revelar algum, em breve, na minha página. Talvez faça algum lançamento através de uma plataforma como o bandcamp.

MS- Já tens datas para esses lançamentos?

Kheper- Não. Exigente como eu sou, e tendo uma tendência para a complexidade sempre presente, deixo-me levar pela produção e esqueço-me de dar um fim às minhas faixas. Eu tenho projetos e projetos. Não ver um fim em nenhum deles, vai adiando a possibilidade de qualquer lançamento. Para além disto, com o passar do tempo, os meus projetos têm sofrido alterações resultantes de diferentes fases da minha minha vida e portanto diferentes estados de espírito. É um processo metamórfico onde muitos projetos acabam, eventualmente, por se tornar irreconhecíveis daquilo que eram originalmente. No entanto, quer seja destrutivo ou não, a ideia da decomposição estar presente naquilo que eu faço, assim como a influência do tempo nesta, agrada-me como método e incentivo de trabalho. Resulta, a meu ver, em algo orgânico.

MS- Mas, por exemplo, tu colecionas samples?

Kheper- Sim, coleciono bastantes, no entanto, meramente recursos do ambiente que me rodeia ou então sons que esculpo de raiz digitalmente. Ando sempre com um gravador, e capto sons que me atraem. Chego a casa e passo à manipulação destas gravações de campo criando alguma ordem através da contextualização de uns resultados com outros...
A fonte para o meu banco de samples são apenas sons com que me deparo, frequências que me estimulam. No entanto, estando presente também em mim um instinto em criar, em ter algo da minha autoria, recorro, para além da natureza, ao digital. O que quer que eu alcance jamais será de mão beijada, eu tenho que suar.

MS- Como é que defines o teu som? Falaste num processo arrastado...

Kheper- A atmosfera do meu som é, antes de qualquer qualquer outro fator, fruto do estado de espírito em que me encontrei quando lhe dei origem. Somente por intermédio deste surgem as exaustivas e minuciosas experiências que faço na matéria que o compõe. O que não quer dizer que eu não saiba o que é que eu estou a fazer ou para onde é que eu estou a caminhar. O controlo que tenho sobre as ferramentas que utilizo já é automático.
Se o corpo de uma faixa minha é, no todo, denso e arrastado é porque o assemelho ao meu físico, ao meu movimento. Se o seu desenvolvimento é pacifico ou agressivo, destaca-se, antes de mais, a sua persistência à semelhança do que eu analiso do comportamento da minha psique.
Assim como eu, aquilo que eu produzo é igualmente um sistema. Eu estar dissonante daquilo que eu crio não me parece fazer qualquer sentido. As minhas composições apenas se têm vincado cada vez mais em mim, o que torna uma alteração da maneira de como me apresento ao público pouco provável.
Sendo Kheper um composto de dois sistemas: o meu ser e aquilo que dele surge, apenas será autêntico se existir sinergia na sua estrutura. Daí surge o meu interesse em me fundir, expressar texturas e movimento em sonoridades intensas, em dar corpo ao som, em criar algo cada vez mais coeso... Pelo interesse em explorar esta questão talvez seja o motivo pelo qual, de momento, eu esteja mais virado para mais oportunidades de atuar em live act, do que lançar material. Exigir do som um impacto físico, elevá-lo em volume ao meu nível, parece-me uma prioridade.
O que apresentei esta noite, respeito e reconheço que não tenha tido impacto em toda a gente, não foi uma reação inesperada. Exige do ouvinte um determinado estado de espírito, e claramente uma capacidade de abstração do tempo.

MS- Pelo facto de não gostares de trabalhar em grupo, achas-te uma pessoa egocêntrica? Por exemplo, tu tens ideias e não consegues partilhá-las enquanto não tentares tu recriá-las?

Kheper- Sim, embora não acredite que o facto de eu optar por trabalhar sozinho se associe ao egocentrismo, no que toca àquilo que materializo em som, insiro-me na classificação perfeitamente, uma vez que não pretendo saciar ninguém que não eu. No entanto, estamos a falar de comida que é colocada no canto do prato pela maioria, pelo que pudemos presenciar esta noite. Adotar tal postura não me parece incorreto uma vez que a resposta do público não me impede de continuar a fazer o que tenho feito e me mantem no mesmo registo.
Relativamente a trabalhar em grupo, confesso que tenho curiosidade em criar um projeto, apenas ainda não surgiu ninguém que eu considerasse desafiante.
O que eu produzo não resulta de qualquer tipo de ideias ou planeamento prévio, mas sim de bastante tempo dedicado. Assumir o compromisso de trabalhar com alguém que tenha pouco ou nada para me dar parece-me ser nada mais nada menos que um convite a um parasita.

MS- Então de onde é que surge a criatividade para experimentar este tipo de sonoridades arrojadas?

Kheper- É tudo da Natureza. Se não é da minha é da física que me rodeia, ou da interferência racional do Ser Humano nesta, principalmente a nível industrial, mas talvez divirja este último de Kheper consoante o seu desenvolvimento.

MS- Queres descrever alguma particularidade do teu processo criativo?

Kheper- Gosto de analisar determinadas frequências de um som. Cortar numas, amplificar outras, recorrer à sua modelação.... Esta noite tive uma surpresa.... As colunas, ao contrário do que me foi dito eram mono, o que resultou na perda de conteúdo. Algumas frequências anularam-se, mas foi interessante, achei apesar de tudo, visceral.

MS- Tiveste algum tipo de formação em produção?

Kheper- Não, tudo aquilo que eu sei foi autodidata.

MS- Hoje achas que conseguiste "tornar teu" este público do Montijo, achas que o conseguiste cativar?

Kheper- Como já referi, acho que não, mas não é esse o meu objetivo, para ser sincero. Eu esqueci-me do público completamente. O concerto acabou e eu reparei que estava pouca gente. Aliás eu despertei um bocadinho antes, na verdade, quando disseram que eu tinha mais 5 minutos, mas rapidamente voltei a entrar no transe até ao fim.

MS- Estavas dentro da tua música, por assim dizer. A música é para ti uma forma de libertação da realidade?

Kheper-  Sim, é. Sinto uma influência tremenda naquilo que faço pelo simples facto de não estar em sintonia com o sistema vigente. São poucos os pilares constituídos por massas nos quais me insiro, é escasso o meu interesse na atividade humana. Mas depende da realidade de que estamos a falar, se é que se referem à perspectiva do nosso ser, acho que vivemos sob inúmeras ilusões. Nesse contexto sim, aquilo que eu crio é uma libertação, se visto como uma resposta a toda esta agitação, fé na nossa espécie, violência e cultos sem justificação.

MS- Qual é o objetivo da tua música? Assim que entraste em palco tu refundiste-te. A tua relação com a música é tão estreita que possibilita a formação de “um só”?

Kheper- Para além de ser aquilo que eu quero ouvir, não vejo qualquer outro objetivo. O processo é-me uma espécie de terapia e o que me move é a ideia de que este me possa saciar. Esta noite não é um à parte, faz parte dele. Eu fiz questão de me deslocar o que me desloquei e aparecer hoje porque queria sentir as vibrações das atmosferas que criei fisicamente. Tive apenas a curiosidade de sentir como é o meu som me iria “arranhar” o corpo. De momento o objetivo foi esse.

MS- Qual é que vai ser o teu próximo salto a seguir do Bistroteca?

Kheper- Gostaria de ter outra experiência destas, gostaria de tocar num espaço fechado… acho que seria mais intimista para o meu tipo de música e teria ainda mais impacto em mim do que teve hoje.

MS- Tu estando ainda a estudar, o projeto ocupa-te muito tempo e é difícil de fundir com a escola?

Kheper- É necessário conciliar as duas coisas, não posso prescindir da escola. Infelizmente porque, de momento, não imagino que a minha paixão pelo som possa garantir a minha sobrevivência. A necessidade que tenho de me exteriorizar, insere-o, ainda assim, em primeiro lugar.
Para que o som me ocupe inteiramente, eu preciso de gostar de partilhar e, antes de mais, de confiar nas pessoas. De achar que elas merecem ou de querer algo delas em troca. Entretanto continuarei a ruminar, quero continuar a crescer. É possível que faça uns lançamentos, não me vejo a cuspir tudo tão cedo, mas vou arriscar deixar algum material passar.

MS- Como é que achas que sites como o MontijoSound conseguem apoiar músicos que precisam de muita exposição como tu?

Kheper- Acho que vocês estão a fazer uma excelente cobertura do evento! Relativamente ao apoio que o MontijoSound tem prestado aos projetos que por aqui passaram, inclusive o meu, vejo uma clara dedicação e interesse.
Tenho imensa pena de ter chegado um bocado em cima da hora, mas pelo que vi do Montijo, parece-me ser um local e um ponto de partida interessante para investir em toda esta atividade. Estou-vos grato, e espero que continuem um bom trabalho!

MS- Eventos como o Bistroteca… O quão importantes são este tipo de iniciativas para vocês músicos?

Kheper- Em nome do meu projeto, embora algo fora do contexto do cartaz, senti-me bastante confortável pela recepção d’Os Aleixos e gostaria sem dúvida alguma de voltar a passar por aqui com a curiosidade de assistir ao que surgirá, no futuro, em termos de novas apostas. Acho que a abertura que a Bistroteca revelou, direciona-a num bom caminho. No entanto, por oposição ao Verão, no Inverno ou qualquer outra estação, acho que seria interessante ver Os Aleixos darem vida a um espaço fechado. Seria ainda mais intimista do que já foi.

MS- Manda então cumprimentos!


Kheper- Eu sou o Kheper. Cumprimentos ao MontijoSound e à Bistroteca!

Kheper, o homem


domingo, 5 de julho de 2015

Entrevista exclusiva aos Faded: "Queremos divertir-nos a fazer aquilo que gostamos"


De Lisboa para o mundo, e apenas meros estudantes! Descontraídos a falar, caóticos a tocar, tivemos à conversa antes do concerto com João e Rochinha e Simão Ferreira para falarem deste side-project intitulado Faded.

MontijoSound- Sei que já tiveram colaborações com outras bandas... querem falar um bocado disso?

Faded- Sim já tínhamos tido contacto com o Evict, eu mandava-lhe umas demos e umas samples mas nada de mais...

MS- Mandas samples para ele, mas sei que o vosso som é à base de guitarras... como é que definem o vosso som?

Faded - É difícil. Hoje não estamos a pensar tocar originais, queríamos tocar covers. Não é bem covers, mais pegar em algumas malhas e adaptar. Hoje vamos tocar com dois membros dos Slut King. Também não queríamos estar a fazer as músicas à pressa só para vir tocar . Queremos divertir-nos a fazer aquilo que gostamos.

MS- Os Faded são um duo...

Faded- Sim, mas como já dissemos vamos ter uma bateria e um baixo de suporte (Slut King).

MS- Dado que são estudantes, tem sido difícil conciliar a música com os estudos?

Faded- Um bocado, porque nem sempre temos muito tempo para ensaiarmos. Eu como estou na área do som na faculdade (Simão) acaba por estar tudo relacionado, portanto torna-se um bocado mais fácil. Com os trabalhos o tempo vai ficando curto, mas acabamos sempre por encontrar um tempo.


MS- Então vocês são assim uma espécie de banda revólver... Pegam em outro tipo de artistas e vão tocando...

Faded- Sem dúvida! Neste caso mais um side-project, mas sim.

MS- Como é que foi feito o contacto com os outros dois membros dos Slut King para tocarem?

Faded- A ideia nem foi nossa, foi do baterista (João Portalegre) e depois o Sarcasmo (baixista da banda Slut King) ofereceu-se para tocar. Arranjamos um ensaio entre os quatro e a cena correu bem. Hoje estamos aqui.


Faded live act (cortesia Bistroteca)

MS- Que bandas inspiram o vosso som? Falem-me das vossas influências...

Faded- Tipo não temos uma banda,mas encontramos semelhanças com Rock alternativo, hardcore...

MS- Vocês já têm alguma coisa gravada?

Faded- Sim, já temos algumas cenas "homemade". Meras gravações de casa, são mais samples, sons ambiente...

MS- O cartaz Bistroteca 2015 é um cartaz muito variado. O vosso som encaixa?

Faded- Hoje pelo que eu vi há um som mais variado: começa com Kepher e Evict, que são bandas em ambiente noise. Acho que há uma evolução, o som vai ficando cada vez mais pesado. Também o nosso set está alinhado de maneira a seguir essa evolução. Para passar para Slut King não dava jeito ser assim uma coisa muito calma.

MS- Ou seja, vocês vão aquecer os Slut King, basicamente.

Faded- Sim, sim. É basicamente isso a nossa ideia de hoje.

MS- Como é que será a vossa atitude em palco? Vocês vão-se adaptar a este tipo de público ou... São mais introvertidos, mais tímidos ou vocês são uns animais?

Faded- Hoje vamos ser mais introvertidos, porque o som também o pede. Se fosse uma coisa mais agressiva, claro que tinha de haver outra interação. Agora assim também é para as pessoas ouvirem aquilo como se estivessem em casa, a gostar, esperemos!

MS- Vocês consideram-se assim uns camaleões? Conseguem-se adaptar a qualquer tipo de som?

Faded- Mais ou menos, não digo qualquer tipo, mas nós próprios ouvimos uma grande variedade de géneros.

MS- Daqui da Bistroteca para o mundo... Qual é que vocês pensam ser o vosso próximo salto?

Faded- Meo Arena (risos). Provavelmente desenvolver originais, arranjar mais membros empenhados e a partir daí depois logo se vê.

MS- Como é que acham que iniciativas como MS podem vir a ajudar bandas que ainda precisam de exposição, como a vossa, por exemplo?

Faded- É importante. É malta que se entreajuda e é muito importante, principalmente na cena underground!

MS- Falando agora da Bistroteca, como é que vocês acham que eventos destes podem ter um impacto na música alternativa e na música underground?

Faded- O que eu gosto mais na Bistroteca não é o facto de trazerem Cave Story, etc. mas sim o facto de poder inspirar outras bandas e outros projetos. É notável ver um grupo de amigos conseguir organizar um evento destes.

MS- Mandem então os vossos cumprimentos ao MontijoSound e á Bistroteca!

Faded- Nós somos os Faded e queremos mandar cumprimentos ao MontijoSound e ao pessoal da Bistroteca e agradecer o convite e esperar que continuem a fazer cenas assim!




Entrevista exclusiva a Evict: "Prefiro um grupo a tocar comigo mas sinto que este projecto é demasiado meu para ter pessoas a bordo"

Dividido entre o Porto e Lisboa, Evict é um projeto independente, livre de rótulos cujo seu criador Afonso Ferreira é um homem apaixonado pela eletrónica experimental, sempre explorando as contingentes mais ruidosas do seu som e atravessando todas as barreiras musicais possiveis. Numa breve conversa com a MS, Evict fala-nos um bocado da sua sonoridade complexa no entanto, de desbloqueio possivel, sempre com a humildade e honestidade que o trouxe até aqui.

MontijoSound- Evict é assim um projeto de quanto tempo?

Evict- Assim coisa de meio. No início era só Afonso Ferreira mas decidi mudar o nome para Evict e a cena ficou.

MS- És de onde?

Evict- Sou do Porto, mas vivo em Lisboa.

MS- Entre Lisboa e Porto quais são as diferenças culturais? São dois pesos pesados...

Evict- tipo, o meio de divulgação no Porto é bastante mais rápido que em Lisboa acho. Consegues apresentar muito rapidamente o teu projecto em qualquer lado e isso é muito fixe.

MS- Evict é a solo... Sentes a necessidade de tocar sozinho ou Evict não é uma banda por escolha própria? O que preferes?

Evict- Sem dúvida que prefiro um grupo a tocar comigo, mas este projecto é demasiado meu para ter muitas pessoas a bordo (risos).

MS- Em termos sonoros, em que é que consiste o som de Evict?

Evict- Musica ambiente experimental. Também gosto de mexer com camadas de noise. Uma cena mais eletrónica, coisas que depois posso aplicar noutros ofícios, como pinturas ou curtas...
Evict durante o concerto

MS- Em que bandas/grupos te inspiras?

Evict- Tim Hecker, Ben Frost...

MS- Tudo numa linha experimental...

Evict- Sem dúvida, tudo na mesma linha que o meu som. Muito piano, lógico que também há sintetizadores. Mas acima de tudo pianos com muito reverb, para criar ali uma atmosfera bastante própria e muito característica.

MS- Tens encontrado dificuldades em trabalhar e produzir sozinho?

Evict- Não porque quem trabalha na minha musica sou praticamente eu sozinho. Consigo ali uma ou outra ajuda externa, mas quem mexe diretamente no som de Evict sou eu e acho que não ia querer de outra maneira. Tenho um gravador emprestado de um amigo, e de vez em quando vou para a praia ou ao campo gravar som, captar ambientes e é daí que o meu som vai fluindo.

MS- Achas que o teu som se encaixa neste cartaz Bistroteca? É um cartaz variado que vai desde o hardcore, até á musica experimental, até texturas mais pesadas...Encaixa?

Evict- Duvido (risos). Não sei se encaixa, mas também é giro porque permite testar até onde o meu som som pode ir e até onde pode atingir pessoas habituadas a diferentes sonoridades.

MS- Tens tido um bom feedback?

Evict- Tem sido pequeno, mas tem havido ali um feedback sem dúvida . Também partilho bastante e depois as pessoas partilham. Tenho á venda no Bandcamp dois EPs e um single e os números até têm sido engraçados portanto as coisas vão acontecendo.

MS- O quê que acham de iniciativas como o MontijoSound? Que importância podem vir a ter na cena musical portuguesa?

Evict- Fui introduzido com o site à pouco tempo, também apareci no cartaz tarde... Mas acho que tanto o MontijoSound como o Bistroteca podem vir a ter um grande impacto porque dão oportunidade ás pessoas de conhecerem novas sonoridades e novas bandas e isso é sempre bom.

MS- Então manda os teus cumprimentos!

Evict- Olá, sou o Afonso Ferreira ou Evict (risos) e estou aqui na Bistroteca 2015! Abraço para a organização, para o Montijo e para o MontijoSound e continuem o vosso trabalho fantástico!


quinta-feira, 2 de julho de 2015

Fotos oficiais do quarto dia Bistroteca

Sol, cerveja e Rock & Roll! Continuaram a ser os principais ingredientes do Bistroteca 2015, que na primeira edição trouxe bandas como Rising Flag ou Cheers Leaders. Neste quarto dia era dia de Surveillance e Pista. Fiquem com as fotos oficiais do quarto dia Bistroteca!

Ambiente Bistroteca

pedais dos Surveillance

Tiago Martins sempre com um excelente sentido de humor


Energia captada durante o SoundCheck Surveillance

SoundCheck Surveillance

Surveillance com Pedro Pereira do MS

Surveillance com Luis Teixeira do MS

Surveillance (live act)

Surveillance (live act)

Diogo Sousa durante o concerto dos Surveillance

Surveillance (live act)



Entrevista exclusiva aos Cheers Leaders: "Não nos limitamos a ouvir apenas uma coisa, somos Camaleões"

Foi perto das 2 e pouco da madrugada que tivemos oportunidade de falar com os Cheers Leaders, e mesmo a essa hora mostraram-se prestáveis e sempre prontos para uma conversa interessante com o MS. Simpáticos, divertidos mas sem nunca esquecerem as suas raízes.

MS- Vocês são de onde?

Cheers Leaders- Somos do Vimeiro, Torres Vedras!

MS-  Vocês eram um dos nomes mais esperados do cartaz! Como é que definem o vosso som?

Cheers- Nós para já não nos limitamos a ouvir só uma coisa. Nós somos assim uma espécie de Camaleões e é essa nossa diversidade sonora que também nos caracteriza um bocado. Cada música é uma música, cada momento em que fazemos uma música é um momento diferente e as coisas surgem do que estamos a sentir no momento e assim nada sai forçado mas sim de forma espontânea e natural.

MS- Como é que são em palco?

Cheers- Para começar gostamos de curtir, porque se não estivermos a curtir em palco não vamos transmitir nada para o público. E assim o público vai sentindo o que nós vamos sentindo em simultâneo e é mais isso que tentamos transmitir quando estamos em palco.

MS- Vocês tem tido um bom feedback por parte do vosso público?

Cheers- Sem dúvida, especialmente ao vivo, conseguimos sempre cativar quem nos vê portanto. Nós também acho que temos uma atitude diferente de muitas bandas que andam ai, nós estamos acima de tudo o que gostamos e não para ser bonito ou não, por isso as pessoas vão sempre reconhecer o nosso trabalho.

MS- Vocês já estão juntos à quanto tempo?

Cheers- Hmm... 4 meses... Talvez 6 meses...

MS- Vocês já andam a gravar alguma coisa ou?

Cheers- Sim somos nós que vamos gravando as nossas malhas em casa, em termos de editoras ainda estamos a pensar no que vamos fazer...

MS- Isto é um projeto legitimo ou um hobbie? Tipo, vocês estão todos 100% empenhados na banda ou isto é mais um passatempo?

Cheers- Lógico que cada um de nós tem o seu oficio próprio, por exemplo temos um nadador-salvador na banda (risos), temos um professor... Para além do que cada um de nós fazemos nas respectivas profissões gostamos de levar a nossa música o mais seriamente possível, portanto claro que isto é um projecto legitimo.

MS- Vocês já tiveram contacto com alguma banda que está presente no cartaz deste ano?

Cheers- Sem dúvida os Rising Flag! Também são de Torres, são grandes amigos, já tocamos com eles também várias vezes...

MS- Para quando o lançamento de um EP dos Cheers Leaders? Estão a pensar nisso ou por agora não é uma necessidade?

Cheers- Sim estamos a pensar gravar um EP mas ainda não há nada de concreto, vamos deixando as coisas acontecerem passo-a-passo e vamos ver até onde isso nos leva.
Cheers Leaders durante o Sound Check
 

MS- O vosso som surge do nada ou é muito bem estruturado e pensado antes de ser gravado ou não?

Cheers- Depende, algumas músicas nós obtemos algumas ideias e depois tentamos executar as mesmas no ensaio outras vão surgindo ao longo dos tempos e depois tentamos fazer o melhor trabalho possivel.

MS- vocês tem uma personalidade definida já ou ainda estão a encontrar essa personalidade?

Cheers- Sim desde o inicio! Somos quatro pessoas diferentes e isso é interessante, porque cada um de nós tem influências diferentes. Há quem goste de Grunge, outros gostam de Metal...

MS- Ou seja (interrupção) cada um de vocês abraça géneros diferentes e depois todos esses géneros fundem-se para criar algo novo?

Cheers- Sem dúvida! No fundo o que tentamos é mesmo isso. A malta pode chamar Rock, pode chamar o que quiser, mas o som nunca vai ser traçado numa só linha...

MS- O que acham de iniciativas como o Bistroteca? Acham que são precisas mais iniciativas destas para difundar boas bandas portuguesas a precisar de exposição?

Cheers- São iniciativas importantes sem dúvida! Dá oportunidade não só à banda como também a vocês jovens de fazer realçar o vosso nome e trabalho e é fixe porque acabamos por criar vários contactos com outras bandas e a organização e daí surgem novas oportunidades de fazer novas coisas. O convívio acaba por ser fantástico também e no fundo isso é o mais importante.

MS- Como é que foi estabelecido o contacto entre a Bistroteca e os Cheers Leaders?

Cheers- Penso que através da Internet, no Facebook... Nós temos uma promoção activa onde enviamos o nosso material e o nosso trabalho para todos aqueles que estão interessados em difundir, divulgar bandas, em fazer concertos... Vocês (Bistroteca) responderam-nos e também aproveitámos a boleia dos Rising Flag e as coisas aconteceram e como já dissemos temos relações fantásticas com essa banda. Foi tudo muito espontâneo e fácil.

MS- Após o Bistroteca qual vai ser o vosso próximo passo?

Cheers- Na verdade não sabemos (risos). Daqui a uma semana ou um ano poderá surgir uma proposta muito boa, nós gostamos de pensar no agora, o importante vai ser sempre tocar, e é isto que vai sempre sustentar a banda, o amor que temos à "camisola" (risos). Por vezes até podemos nem ter um "cachê" muito elevado nem as melhores condições, mas vamos sempre tocar, porque queremos promover o nosso trabalho e nunca vamos tocar para ter fama ou pelo dinheiro, lógico que se isso vier é sempre bom mas o importante para nós vai ser sempre tocar e fazer a nossa cena!

MS- Já tinham ouvido falar do MontijoSound? O que acham desta iniciativa também?

Cheers- Eu acho que é bom porque incentiva malta a gostar de música e isso é sempre bom. O MS no fim acaba por ser mais uma excelente plataforma, continuem com o vosso trabalho!

MS- Então mandem os vossos cumprimentos para o MontijoSound e a Bistroteca.

Cheers- Olá, nós somos os Cheers Leaders, estamos aqui no Bistroteca e um grande abraço para toda a malta do MontijoSound e para o Montijo também. Cheers!