Rui Maia sempre reinventou-se de projeto para projeto,
exprimindo o seu gosto por música eletrónica de perfis noturnos
e punk.
Rui maia partilhou nas suas redes sociais a página de Bandcamp da sua editora/estúdio/labelBelong Records, onde apresenta alguns trabalhos de nome próprio como "Trinity of Thunder" ou outros lançamentos editados em cassete/vinil como o clubbing "Fractured Music".
Nesse catálogo também podemos encontrar outros early works de Mirror People como "Is it all over my face" com Rowetta ou o louvado "Dance The Night Away" (EP) que incluí o single do mesmo nome com o produtor híbrido Hard Ton.
Alexandre Fernandes e o seu conjunto (revólver) de slacker pop Sun Blossoms encontra um novo ajustena formação, trazendo alguns nomes super revelantes que moldam a própria faixa em si se a analisarmos bem. Ora "Glue" é uma cassete de duas faixas lançada depois de um longa duração muito elogiado, repleto de faixas nebulosas, lentas e aéreas por vezes até hipnotizantes... Alex (Fernandes) segue a mesma fórmula psicadelismo-caracol mas com um twist inovador que dá personalidade à otherwise banal (e repetitiva) sonoridade de Sun Blossoms: É a bateria de Rendeiro que dá mote à canção, ora lenta seguindo os acordes cansados da guitarra, ora frenética seguindo o shaker de Chaby Mendonça! Essa graciosidade do baixo, sofisticação e subtileza emprestadas de um dos muitos projetos de Chaby vão dar suspense e entusiasmo à faixa, de forma a que esta se torne tão pegajosa como o próprio título.
Em "Return Your Soul" vemos Alexandre atingir falsettos reverberados pelos efeitos e delays de voz. Essa bravura e obscuridade mística que contraria com a paz e harmonia das suas primeiras gravações é um autentico espetro da escuridão! Arranhado, perturbante e repleto de repetições rítmicas, essa conjunção faz a banda atravessar barreiras sonoras, do solarento e orelhudo para o mais profundo e inconvencional possível.
Sun Blossoms é um projeto promissor, mas esse sophomore não será com certeza marcado pela sonoridade, Alexandre terá de viajar pelos recantos da sua jovem mas distorcida mente para escrever as canções que um dia o farão ser recordado.
Alexandre Fernandes e o seu conjunto (revólver) de slacker pop Sun Blossoms encontra um novo ajustena formação, trazendo alguns nomes super revelantes que moldam a própria faixa em si se a analisarmos bem. Ora "Glue" é uma cassete de duas faixas lançada depois de um longa duração muito elogiado, repleto de faixas nebulosas, lentas e aéreas por vezes até hipnotizantes... Alex (Fernandes) segue a mesma fórmula psicadelismo-caracol mas com um twist inovador que dá personalidade à otherwise banal (e repetitiva) sonoridade de Sun Blossoms: É a bateria de Rendeiro que dá mote à canção, ora lenta seguindo os acordes cansados da guitarra, ora frenética seguindo o shaker de Chaby Mendonça! Essa graciosidade do baixo, sofisticação e subtileza emprestadas de um dos muitos projetos de Chaby vão dar suspense e entusiasmo à faixa, de forma a que esta se torne tão pegajosa como o próprio título.
Em "Return Your Soul" vemos Alexandre atingir falsettos reverberados pelos efeitos e delays de voz. Essa bravura e obscuridade mística que contraria com a paz e harmonia das suas primeiras gravações é um autentico espetro da escuridão! Arranhado, perturbante e repleto de repetições rítmicas, essa conjunção faz a banda atravessar barreiras sonoras, do solarento e orelhudo para o mais profundo e inconvencional possível.
Sun Blossoms é um projeto promissor, mas esse sophomore não será com certeza marcado pela sonoridade, Alexandre terá de viajar pelos recantos da sua jovem mas distorcida mente para escrever as canções que um dia o farão ser recordado.
Depois de uma das semanas mais emocionantes e memoráveis de sempre, tudo graças às vitórias de Portugal no desporto e mais além, aqui ficam algumas razões para exercitares os músculos:
12 de julho, terça feira
É hoje o primeiro dia do Edpcooljazz. A primeira parte de Jill Scott é a cabo de Charlie Wilson e os espetáculos terão lugar nos Jardins do Marquês de Pombal, em Oeiras. Esta é a estreia da Miss Scott em terras lusitanas, que nos traz não só o seu mais recente álbum «Woman», como uma compilação dos seus maiores sucessos. J+a Charlie é fogo e promete criar um clima de alta tensão hormonal, com os temas do último álbum, «Forever Charlie». Início: 21h00. Preço: desde €25.
13 de julho, quarta feira
Um dia depois da Invicta, é a vez da voz de Damien Rice dar um saltinho à Capital para uma atuação no Coliseu, onde virá apresentar o seu último trabalho que é fruto de uma viagem inspiracional. Infelizmente este espetáculo já se encontra esgotado, porém com alguma sorte poderás conseguir alguém disposto a vender bilhete.
Início: 21:00
15 e 16 de julho, sexta e sábado
Oitounove é o projeto nove artistas associados à fotografia, com o apoio da Faculdade de Belas Artes. A exposição decorre a 15 e 16 deste mês, na LX Factory (Alcântara). Não percas esta aventura que pode ser vivida pois dois dias e em Vídeo, Instalação, Fotografia e Performance! Das 14h às 22h.
Os Pearl Band, só uma das melhores bandas de tributo a Pearl Jam, vão dar um espetáculo que inclui 25 dos temas mais conhecidos da banda de Seattle. O Titanic Sur Mer espera pelo Eddie Vedder (ou João Beato) às 23h30. Entrada: €6 com uma água/cerveja
The Blue Drones aliam-se a A Nuvem no EKA Palace esta sexta-feira. The Blue Drones vêm de Sintra e o seu EP "Live at the 39" foi um dos nossos Álbuns da Semana. A Nuvem é projeto a solo de Simão Bárcia, de Morning Coffee e Cimento. A não perder ás 21:30 com entrada a 2 euros.
14, 15 e 16 de julho - Super Bock Super Rock
Dispensando apresentações, o 22º Super Bock Super Rock volta ao Parque das Nações e tem um cartaz apelativo a todo o tipo de público. Faltam apenas dois dias para começar e se ainda não compraste o bilhete, já só podes comprar para dias 14 e 15 ou um passe geral. O passe geral tem o custo de 95 euros enquanto que o bilhete diário se pode adquirir por 50 euros.
15 e 16- Festival Granular
A Granular ocupa a ZDB durante os dias 15 e 16, celebrando neste festival a sua atividade no meio das artes experimentais desde 2002. O reconhecimento do trabalho e de um percurso marcado pelo espirito de descoberta e que é celebrado aqui por algumas das suas principais figuras.
Cartaz e horários:
Sexta, 15 Julho às 21h 21h-22hConcerto por Emídio Buchinho, Carlos Santos e Nuno MorãoEmídio Buchinho guitarra eléctrica | Carlos Santos laptop, electrónica | Nuno Morão percussão 22h-23hConcerto por Ricardo Webbens e Gustavo CostaRicardo Webbens electrónicas | Gustavo Costa percussão 23h-24hConcerto por Abdul Moimême e Albert CireraAbdul Moimême guitarra eléctrica preparada | Albert Cirera saxofone Sábado, 16 Julho a partir das 15h 14h-17hWorkshop dirigido por Manuel Guimarães 21h-21:30h“Matière e Mémoire” – Concerto por Diogo Lopes e Tomás FreireDiogo Lopes electrónicas | Tomás Freire voz 21:30h-22:30hConcerto por “4TET”Carlos Zíngaro violino | Ulrich Mitzlaff violoncelo | João Pedro Viegas clarinete baixo, soprano | Alvaro Rosso contrabaixo 22:30h-23:30hConcerto por Manuel Guimarães, João Camões, Miguel Falcão, José Bruno ParrinhaManuel Guimarães guitarra clássica | João Camões viola d’arco | Miguel Falcão contrabaixo | José Bruno Parrinha clarinete soprano 23:30h-00:30hRADIO DIASPORA – POESIA SONORA, Feat. Paulo Curado e João MadeiraPerformance de Rômulo Alexis e Wagner RamosRômulo Alexis sopros, efeitos | Wagner Ramos bateria, electrónicas | Paulo Curado flauta | João Madeira contrabaixo Entrada: 5€ dia/ 6€ passe dois dias / Entrada livre a sócios ZDB / Workshop 5€; 4€ para detentores do passe para os dois dias
Quelle Dead Gazelle são a dupla formada por Pedro Ferreira e Miguel Abelaira, que há três anos vai demonstrando uma sonoridade fora do comum inspirada pelos ritmos e vibes africanas. Estivemos à conversa com o leão e a gazela no Haus a tentar descobrir tudo sobre o "Maus Lençóis" e o percurso da banda até se tornar uma das mais influentes no mundo alternativo português.
Montijo Sound - Bem, então para começar gostava de perguntar porquê tanta inspiração em África? É um continente que visitam muitas vezes? Miguel Abelaira - Epa...nunca fui... Ou melhor, fui mas era muito pequenino. Mas a culpa é do Pedro!
Pedro Ferreira - Porquê?
Miguel - Porque ouves música africana.
Pedro - Sim, e é uma coisa que nos está no sangue, não é. Mas não há assim nenhuma razão em especial, decidimos simplesmente. MS - Tem a ver com as vossas influências musicais então? Pedro - Acabámos por ir lá parar, não sabemos bem como, mas foi aquilo que saiu. MS - Se tivessem oportunidade de ir a África e tocar onde quisessem, que país escolhiam? Pedro - Íamos ao Burundi, é o nome de uma música nossa. Acho que íamos lá. Não sei o que há no Burundi, mas seria aquilo, seria assim. MS - O que é uma "Afrobrita"? Pedro - Uma Afrobrita é... a junção de duas palavras, que são "afro" mais "brita"... Miguel - O que é que é brita neste caso? Pedro - É jarda! MS - Quando eram miúdos ouviam o quê? Alguma dessas bandas se pode comparar com Quelle Dead Gazelle? Miguel - Eu ouvia AC/DC, ouvia bué AC/DC mesmo. Epa, não me parece haver grande influência de AC/DC... (risos) Pedro - Nós somos melhores que AC/DC c$&%!lho! Miguel - E Red Hot Chilli Peppers, também ouvia muito disso... Pedro - Eu ouvia Limp Bizkit, o meu primeiro CD foi de Limp Bizkit, o "Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavoured Water" e é um espectáculo! É um disco fantástico! Mas ouvia assim umas coisas variadas...
MS - E agora o que é que passa pelas vossas playlists?
Pedro - Eu só tenho ouvido hip-hop... Miguel - Epa eu não tenho ouvido música, isto agora um gajo às vezes esquece-se que tem de ouvir música (risos). Pedro - Eu também já ouvi mais, quando o meu ipod estava vivo, só que o meu ipod faleceu e agora é mais no carro, mas quando ponho é hip hop e assim rock. MS - Bro- X e assim? Pedro - Também, também mas isso é mais avacalhado.
MS - Sei que muitas bandas não têm essa preocupação mas se conseguissem descrever o vosso som em poucas palavras como é que o descreviam? Pedro - Eu por acaso continuo ainda hoje sem fazer a mínima ideia do que é aquilo! Não sei, não consigo descrever muito bem. Miguel - Mas acho que passa um bocado pelo conceito de "Afrobrita", é um bocado isso. Pedro - Sim, mas já passou mais... Agora menos, mas é mais ou menos, sim, pode ser, pode ser.
MS - Como é que vêm a vossa partnership? Como é que se conheceram? Falem-nos um pouco disso...
Miguel - Conhecemo-nos no quinto ano! Mas não éramos amigos, o Pedro não era nada fixe (risos). Pedro - Não, ele era um puto, era dois anos abaixo de mim. Eu também era um puto, as ele ainda era mais puto do que eu.. Miguel - Mas eu era "dos fixes". Pedro - Exatamente, ele era dos fixes. Mas depois tivemos uma banda mais tarde em que eu tocava guitarra solo e ele tocava guitarra ritmo, só para veres a desgraça.
MS - Não havia mais ninguém? Pedro - Isso uma banda de uma guitarra solo e uma guitarra ritmo ia ser uma coisa gira. Não, havia mais pessoas, mas pronto era uma banda de jovens adolescentes. E pronto, depois encontrá-mo-nos mais tarde e fizemos este "projetozito".
MS - Foi aí que as coisas se tornaram mais a sério? Os dois em uníssono - Sim!
MS - Alguma vez pensaram em trazer um terceiro elemento para a banda? Pedro - Já e para aí uma vez ou duas. Miguel - Mas como somos um bocado calões e preguiçosos fomos adiando convidar outra pessoa e acabámos por ficar só nós os dois. Pedro - Exato, começámos a perceber que poderia funcionar assim e acho que funciona. Espero mesmo que funcione, senão tá tudo f$&?do. (risos) Mas funciona assim e na altura foi essa a decisão, acabámos por não convidar ninguém. MS - E em relação ao "Maus Lençóis", primeiro, porquê "Maus Lençóis" e o que fazem antes de um concerto para não se sentirem em maus lençóis? Miguel - Não podemos dizer ... é segredo... (fica a dica) Pedro - Mas o nome achámos que se enquadrava no ambiente das músicas do álbum. Miguel - É um bocado a sensação que dá quando ouves o álbum, pelo menos foi o que nos pareceu, um ambiente bué tenso e desagradável e pronto encontrámos este nome para descrever isso mesmo. MS - Do álbum qual é a música que vos dá mais prazer tocar ao vivo e porquê?
Miguel - O "abismo", eu gosto bué de tocar o "abismo"! Pedro - Há uma malha que é a "abismo" sim, que é daquelas em que eu me engano menos. Miguel - Por isso é que é fixe. Pedro - Exato, por isso é que é fixe. Mas essa e a outra... (Pedro esquece-se do nome da música e fica um tempo a pensar) A abismo e o single, a "Pedra- Pomes".
MS - Ia falar dessas porque foram aquelas em que fizeram os vídeos. Como é que surgiu a ideia de tocarem mesmo num abismo? Miguel - Foi o pessoal do Tradiio, os rapazes que fizeram o vídeo, o Filipe e o Duarte. Aquilo fica nas traseiras do escritório deles. Pedro - A ideia não foi nossa, foi deles. Miguel - Na verdade nós nem sequer sabíamos que íamos tocar num abismo e eles nem sequer sabiam que íamos tocar a "Abismo", portanto foi um bocado aleatório. Pedro - Foi um bocado wow ok olha correu bem! (risos) Foi mesmo isso, chegámos lá e por exemplo o Miguel estava a tocar e atrás dele estava uma cena com "esta altura" (exemplifica a altura do objeto que estava por trás do Miguel com as mãos) e se ele caísse ele morria bué vezes seguidas. Aquilo no vídeo parece alto, mas era ridículo e era um espaço pequenino. E ainda tivemos que levar os amplificadores lá para cima e a bateria, foi muito desagradável essa parte mas foi fixe.
MS - Vocês não estavam presos nem nada, isso é para meninos não é? (riem-se os dois e concordam) MS - E no Pedra-Pomes têm aquele "bacano a dançar"... Pedro - Temos aquele bacano a dançar temos. Miguel - É o Tiago Garcia, é um jovem do Porto, acho que é do Porto. Pedro - Nós não o conhecíamos nem conhecíamos o rapaz que fez o vídeo, pronto entregámos-lhe a ideia e foi ele que arranjou o conceito e foi ele que arranjou esse amigo dele para fazer esse vídeo. É engraçado que nós só os conhecemos pessoalmente quando fomos ao Porto no outro dia tocar no lançamento do álbum. MS - O que é que lhe disseram quando o conheceram?
Pedro - Convidámo-lo para o palco para dançar a Pedra-Pomes!
MS - E ele foi?
Pedro - Foi! Miguel - E dançou a "Afrobrita" no final também, que foi espectacular. Pedro - E fazia anos nesse dia também. É só coincidências, isto está cheio de coincidências.
MS - Como é que sentem que este álbum se diferencia do EP? Sentem algum tipo de evolução enquanto músicos/pessoas?
Miguel - Claramente, acho que este já tem uma cena bué mais própria. No outro notava-se mais influências de outras cenas, este já é uma cena mais... Pedro - (completando a frase) Mais identidade. Miguel - Como assim identidade? Pedro - Não que o EP não tivesse, mas este tem mais identidade. E houve uma evolução notória de ambas as partes espero eu. Miguel - Três anos também, se não houvesse... Pedro - Sim, estávamos tramados.
MS - Como é que tem sido o balanço pós-primeiro álbum? Sentiram que houve um hype a rondar o lançamento?
Miguel - Eu senti mais hype quando lançámos o EP, na verdade, se bem que o concerto de lançamento do álbum estava cheio. Pedro - Mas sei lá, passaram dois ou três anos desde que lançámos o EP e depois acabámos por não fazer nada... Demorámos bastante tempo a lançar o álbum, o que ás vezes é um bocado difícil para uma banda tentar recuperar, é como estar a fazer tudo de novo outra vez, estar a tentar ganhar terreno com aquilo que já se perdeu, sei lá quase três anos é bué tempo. Mas a reação tem sido boa, tanto que ainda há pessoas que se lembram de "Afrobrita", o que é fixe. MS - O que diriam a uma pessoa que não vos conhecesse para ouvir a vossa música?
Pedro - Epa, para manter a fasquia baixa (risos). Olha, ouve aí esta cena estranha. Miguel - Epa não faço ideia. Pedro - Então não ouças, vai ouvir outra cena qualquer (risos).
MS - Há algum mítico gig que vos tenha marcado mesmo? Miguel - Houve um concerto em Paredes de Coura, na Vila que estava imensa gente, foi espetacular. E eu disse ao microfone que tínhamos cds à venda e havia buéda gente a querer comprar mas depois apercebemo-nos que os cds tinham ficado em Lisboa... Pedro - Mais uma vez os cds tinham ficado em Lisboa... Miguel - E o lançamento do "Maus Lençóis" no Musicbox também foi fixe, não estávamos habituados a ver tanta gente dentro de uma sala só para nos ver a nós. Pedro - Lá no Offbeatz, a primeira vez que tocámos também foi fixe. O nosso primeiro concerto foi no quintal de uma amiga nossa, mas vá esse foi o segundo concerto, mas o primeiro oficial no Offbeatz do Musicbox, esse foi fixe, para aí em 2012. MS - Bem, então foi isto, mandem o vosso shoutout para o Montijo Sound
Pedro - Eu sou o Pedro... Miguel - E eu sou o Miguel e nós somos os Quelle Dead Gazelle e temos aqui o Montijo Sound! Keep it real niggas! Pedro - Pronto, como o Miguel disse, Keep it real!
Primeira Dama são as gravações de quarto escritas pelo também entusiasta adolescente Manel Lourenço, que viria a tornar-se num dos jovens mais inconformados do movimento, ansiedade essa que torna-se num dos pilares da também hiperativa/juventude ativa editora de Lisboa Xita Records, com fortes amizades com as Labels Maternidade, que extraí outros artistas já estabelecidos como Luís Severo ou Felipe Sambado que disponibiliza-se para gravar e produzir estas faixas no próprio estúdio da Maternidade; Ou fortes influências da editora pioneira Cafetra Records, que apresenta um leque de Singer/Songwriters fundamentais para a influência de não só Primeira Dama como também Lúcia Vives (Éme, Lourenço Crespo, Sallim ou B-Fachada)...
Nessa cabine da Maternidade repleta de reverb e delay Manel gravou faixas melancólicas e de um dramatismo por vezes angustiante: "Não Passa Nada" é uma despedida de amor, envolto numa melodia tocante de colarinho preto. No refrão vocais abatidos, penosos e amargurantes... "Bilingue" são três minutos desconfortáveis, pop irrequieto e maligno, cheio de repetição lírica, vocais imperceptíveis incapazes de compreender as verdadeiras intenções de Manel: se é incomodar, assustar ou alertar...
Antes de "Mareh" o sónico "Faixa Etária", uma guitarra dissonante e uma bateria com a marca de Sambado. Toda essa eletricidade, cadência, ecletismo e trip-hop espacial do refrão delay-drenched consolidam a imagem de marca da Label: comunhão, amizade, drum-machines e sintetizade...
"Mono" traz mais deprimência sonora e outra letra honesta sobre o amor e a saudade para depois terminar com a faixa que dá nome ao disco "Histórias por contar".
Manel Lourenço expõe as suas faixas com maior sinceridade, entrega e carência possível, captando toda a sensibilidade, subtileza e suavidade de uma cantautora feminina compor e apresentar os seus temas.
Vida Salgada são temas desiguais, lições de moral ou simples histórias de vida que retratam auto-estima, sentidos não obrigatórios de vida... Filipe é ele também um artista desigual que escreve sobre tudo o que vê e sente acontecer à sua volta: do cintilante "Vida Salgada" sobre o amor insonso e a necessidade de algo novo! Os acordes tímidos de "Tou Confuso"... Aí Filipe destaca a maneira como as pessoas caem muito facilmente numa pré-definição de acontecimentos e tendências ao invés de marcarem a diferença sem medo de serem elas próprias. Esta escrita honesta e consciente dão caráter e integridade a Sambado, um compositor humilde de canções identificáveis por outros jovens díspares...
Do contagiante neo-psich "Roda a Garrafa" até ao triste e refletivo "Aprender e Ensinar", a sinestesia vocal etérea de "Nó do Peito" para fechar com a chave de ouro "Já Não Vou Sair Daqui", temas de uma simplicidade bruta mas que pegando nesse mistério e subtileza lírica tornam-no num dos artistas mais complexos e difíceis de decifrar da cena, não será este disco a fazê-lo.
Vida Salgada, Spring Toast Records/Maternidade 2016
Esta semana destacamos três faixas da compilação Xita Records:
Lucía Vives- Deixa Tar
Compositora adolescente retrata de forma mais poética possível Lisboa a seus olhos. "Deixa Tar" são memórias de noites curtas passadas na sua cidade natal, contadas de forma emocionante, nostálgica, deprimente eu diria até obscura... Canção simples conduzida sobre quatro acordes adormecidos por delay vocal, gíria imensa torna a sua música acessível a uma inteira geração de jovens lisboetas ou todos aqueles que sonham um dia viver na cidade. No fim deixa um caloroso "Eu não quero deixar Lisboa daqui a nada" como mote para tudo aquilo que ela mesmo já viveu ou ainda viverá...
Grand Sun- Apolo
Banda evoca todo o psich ácido de finais de anos 60 com um twist moderno. Sintetizadores sparkle fundem-se com o melted bass e uma estrutura de canções infindáveis num mantra progressivo que obriga o ouvinte a imaginar um universo paralelo onde Pink Floyd e Jacco Gardner fossem um só.
Ninaz- Primavera
Amigas de longa data ouviram Blondie e Courtney Love (no seu apogeu) para trazerem esforço ruidoso e melódico tomando partido dessa particularidade: possuírem vocais maduros e imberbes característicos de uma jovem adolescente. Esse pop pastilha elástica harmonioso e solarento choca com a distorção e arranjos punk mais tarde incutidos na gravação.
Psico-Trópico surge depois de um período de hiatus após o hit underground "Mi Vida".
Depois de single lançado via bandcamp, alentejanos do psicadelismo "sul americano" voltam desta feita com teledisco para "Fever", última incursão para disco que está a ser gravado enquanto lemos este artigo e que será lançado ainda este ano. O vídeo surge pelas mãos da Antena 3 e pode já ser visto no Youtube.
Amigos leitores, esta "Faixa do Dia" vem como um teaser de uma novidade que vos vamos apresentar muito em breve aqui no Montijo Sound.
Quelle Dead Gazelle é uma das bandas sensação do momento e Afrobrita é a faixa que não pode faltar em qualquer setlist, mesmo três anos depois do lançamento estrondoso do Ep que os catapultou para o mundo, a faixa mantém-se na memória do público, que vibra cada vez que a tocam.
Podia falar de qualquer outra faixa de "Maus Lençóis", mas quem esteve no concerto de lançamento do álbum no Musicbox reparou em várias coisas, entre as quais refiro as seguintes:
Lotus Fever são uma banda com músicos bastante bons e competentes;
Afrobrita é a junção perfeita entre o que é pesado e o que é dançável, um hino da música sem vocais.
Miguel Abelaira (bateria) anuncia o fim do concerto por volta da meia-noite, quando a banda se prepara para sair do palco Pedro Ferreira (guitarra) decide tocar a "Afrobrita", se bem que a faixa já tinha sido anunciada anteriormente mas por engano. O que se sucede é o final perfeito de um concerto de apresentação cheio e tenso mas repleto de entusiasmo. São momentos de dança interrompidos com headbang, o afro e a brita, o dançável e o power.
A meu ver Quelle Dead Gazelle são das melhores bandas em Portugal a fazer música puramente instrumental, o "Maus Lençóis" pode servir como mais um álbum bem conseguido para lhes dar visibilidade, mas esta é talvez a principal faixa que lhes serve de cartão de visita. Por experiência própria, depois de experiênciar algo como Afrobrita ao vivo, dificilmente não se atende a outro concerto de Quelle Dead Gazelle.
Em abril deste ano Chino Moreno (Deftones) surpreende com outro side-project, desta vez um supergrupo, Saudade, com membros de Crosses, Bad Brains e Cro-Mags.
Ora, há dias a minha namorada ofereceu-me uma mixtape, 10 faixas bonitas e cheias de sentimentos. "Saudade" era a décima faixa, a faixa perfeita para se concluir um presente deste género, na minha opinião. Sim, é a música ideal para dias mais tristes ou apaixonados ou para quando se está a 500 quilómetros de alguém, mas instrumentalmente é muito mais do que isso: A introdução é um mero aperitivo para o que se segue. A guitarra entra triunfante e sem aviso, num grito que mesmo sem letras fala por sí (eis a beleza da música instrumental), o solo em combinação com as teclas e o caos criado por trás pela bateria conseguem transmitir tudo ao ouvinte, fazê-lo sentir coisas, adaptar o seu sentimento corrente à própria música.
Uma das mais bonitas faixas de 2016? Sem dúvida! Para quando mais faixas de Saudade? Chino já revelou que tem mais 12 a 13 faixas escritas, faixas essas que serão reveladas pouco a pouco, resta agora esperar...
Porque já não conseguimos suportar a dor da espera e porque um pouco de Pixies por dia nunca é demais, a faixa do dia de hoje é a "Letter To Memphis", do disco "Trompe Le Monde", o último com a Deusa Kim Deal. Uma malha curta, eficaz e que apaixona sabe-se lá bem porquê. Black Francis vocifera sentimentos e palavras que remetem para um amor impossível devido à distância, um the one that got away... Ao mesmo tempo, esta malha é puro rock de garagem e caíria bem com uns amigos, grades de cerveja e uma festa privada num terraço. Cada vez mais parece mais claro que os verdadeiros amores das nossas vidas são aqueles que já muito ouviram sobre os nossos desamores.
The Blue Drones é o quinteto do Cacém que há mais de três anos vem presenteando o público com obras de rock apimentadas aqui e ali com toques psicadélicos. Em Março de 2013 disponibilizam a sua primeira faixa no bandcamp, "Remainings of Time", que três anos depois incorpora o primeiro EP da banda.
É precisamente com esta faixa que somos transportados para este universo bluesy. Um início de EP simples e cru no qual vale a pena salientar o interlúdio aos 2 minutos, ou se quisermos, mais uma espécie de segundo andamento, em que se consegue ter uma percepção total do papel de todos os elementos da banda, algo que não existia na primeira gravação da faixa lançada em 2013, mas serve sobretudo para deliciar fãs mais devotos, ou amantes da música em geral. Ao invés do simples solo distorcido. o solo é mais clean, a vibe é muito mais groovy, muito por culpa do baixo, algo muito mais pensado e interessante que denota bem a evolução da banda.
O EP prossegue com "Echo Surfer", onde temos sobretudo uma faixa de agradável audição, que serve para o efeito pretendido, mas em que fica a ideia de que o echo podia ter sido talvez explorado de outra forma. A faixa está solarenga, mas o contraste com a voz de inverno de Francisco Pacheco pode tornar-se estranho em primeiras impressões.
"Flying Around" é outra das faixas "novas" neste EP, onde novamente brilha o baixo, que pela segurança que transmite torna impossível que se tire o ouvido desta linha, o que se torna um aspecto característico do EP, talvez pela competência de Ricardo Lapo, talvez pela importância dada ao instrumento pela banda. O que é certo é que estamos a afastar-nos cada vez mais do rock/blues puro e cru e a aventura-mo-nos por trilhos desconhecidos, onde acabamos por ser uma árvore "waving my leaves in the air". Em "Tree &Signals" acabamos por ser atirados novamente, sem nos apercebermos, para aquele sítio onde reinam o riff e a melancolia das letras e onde temos também um dos melhores papeis vocais de Live at the 39. A voz grave desliza suavemente entre os acordes, aqui e ali interrompida por um solo colocado de forma oportuna, com uma letra sempre a roçar o desgosto amoroso, tal como em todo o álbum.
O primeiro EP de The Blue Drones surge muito como um upgrade de coisas já gravadas anteriormente e nesse sentido é notório o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela banda, não deixando de se reparar na diversidade de géneros que se fundem para que o álbum ganhe vida, impedindo que o trabalho se torne repetitivo e entediante.
A semana começou ontem e perdemos um potencial dia de folguedo, mas quase é seguro apostar que a cada piscar de olhos começa um novo evento na capital e arredores. Já para não falar de um dos maiores festivais que o nosso país alberga e que faz este ano uma década, o majestoso NOS Alive. Com os bilhetes quase esgotados e o passe de 3 dias inacessível aquando do anúncio da vinda dos Radiohead, está oficialmente aberta a época de caça aos bilhetes dos festivais de eleição.
5 de Julho, terça feira
Dino d'Santiago traz-nos a doçura de Cabo Verde embebida em Jazz & Blues em mais um espetáculo no B.leza (Cais do Sodré). Depois de ter pisado vários palcos do mundo inteiro, agora é a vez de Dino apresentar na casa Lisboeta o seu "EP Unplugged". O concerto terá início às 23.00h.
Já perto do Intendente, no Jardim Braancamp Freire e às 19h00, terá início uma de muitas sessões de jazz moderno ao ar livre e gratuitas. Até dia 15 de julho podes aproveitar tardes de cerveja e serenidade, no festival Jazz Im Goethe Garden.
7 de Julho, quinta feira
No Passeio Marítimo de Algés começam a ecoar as primeiras vozes sobre o Tejo. Teremos a honra de receber o senhor Robert Plant, os Pixies, The Chemical Brothers, entre outros. Bilhetes diários: €56.
8 de Julho, sexta feira
Enquanto o NOS Alive continua, desejamos-te boa sorte e iluminaremos o teu caminho caso pretendas adquirir bilhete para este dia, o mais destacado do festival e responsável pelo esgotamento dos passes. Se não conseguires ir, sempre podes ficar a ver a transmissão em direto na RTP e importunar o sono dos teus vizinhos ao som de Tame Impala, Radiohead, Foals, Father John Misty, Courtney Barnett, etc...
Nesta sexta começa mais um Hell in Sintra, festival que já vai na oitava edição! Três dias e tem "entrada livre, campismo grátis, chuveiros e muita festa".
O after party do NOS Alive não pode ser feito em casa ou simplesmente pela rua. Não tens desculpa para faltar à festa exclusiva do Lux, que vai bombar com o DJ Windows 98 (Will Butler dos Arcade Fire) e com Four Tet. A casa vai estar apinhada e não há informação disponível acerca do preço das entradas.
Como alternativa às opções anteriores, habemus festa no MusicBox: Mark Kozelek dos Sun Kill Moon (23.30) e atuação de Benjamim (22h00)! Os bilhetes custam €15 e podem ser adquiridos à entrada. 9 de julho, sábado
Último dia do NOS Alive e a acabar em beleza com Grimes, Ratatat, Band of Horses, Arcade Fire, M83... Se estás disponível para a arruaça mas dispensas grandes ambientes e multidões (ou o orçamento não chega), tens mais uma festa Maternidade no DAMAS Bar, com Shanawaara, MC Luara Marola de Fogo, Valéria Oid, Chima Hiro & La Yang DJ Set. A festa é longa, começa às 17.30h e tem final previsto para as 04.00h. A entrada é livre.
Para os lados do Terreiro, no Club Noir, há DJ set pela honra das Twisted Sisters. Podes contar com Doom, Psych e Stoner para a tua noite.
A entrada é €2.
A não esquecer a festa da Spring Toast Records na Galeria Zé dos Bois
17h00 Abertura de portas 17h30 Granjo (Terraço) 18h00 April Marmara (2ºandar) 18h30 CONVIDADO ESPECIAL (2ºandar) 19h00 Yan-Gant Y-Tan (2ºandar) 19h30 Torneio Ping Pong Interactivo (Aquário) 20h30 Vivian-San (Aquário) 21h Jantar (Terraço) 22h Jasmim (Aquário) 23h Sun Blossoms (Aquário) 00h Migas (Aquário) 00h45 Vaiapraia (Aquário) 01h30 Savage Ohms + Convidados (Aquário)
A entrada é €6 e podes comprar o teu bilhete à porta, na Flur Discos ou na Tabacaria Martins.
10 de julho, domingo
Domingo é dia santo para recuperares destas festas todas... Já chega, não?
Louis Celestin tem apenas 23 anos, nasceu no Haiti e foi criado mesma terra que os nossos queridos Arcade Fire (Montreal, Canadá). Aos catorze anos já era DJ e aos 15 iniciou-se como produtor ao lado do irmão. O seu primeiro álbum, "99.9%", só saiu do forno este ano e conta com colaborações com AlunaGeoge, Craig David e Little Dragon. Hoje foi a primeira vez que escutei algo desta frescura emergente no mundo da eletrónica e do r&b, durante a emissão da Vodafone FM. Quando ouvi o álbum, trabalho esse apenas disponível no Spotify, encantei-me com o revivalismo 90's de "TOGETHER". Lembra o início de um verão pois é leve e sem todos os desgastos das memórias feitas e assemelha-se a um choque térmico de gelo numa pele queimada pelos raios de sol.
É groovy, é smooth, uma faixa hip hop dançável que conjuga uma misturada que não sabemos designar. Goldlink faz o rap e AlunaGeorge é a voz em destaque. Let it flow away and never mind it...