sexta-feira, 29 de abril de 2016

Time Out Pré Sessions

Quinta-feira é dia de novas atualizações no bar onde tudo se passa,  o Time Out Montijo óbvio.  Na semana passada fomos presenteados com um dos concertos mais emblemáticos que o bar alguma vez terá o prazer de anfitriar,  concerto que será recordado por muitos e muitos anos. Mais um fim-de-semana,  mais história para ser escrita, vamos então descobrir a música que o Time Out tem para oferecer ao Montijo:

Sexta-Feira, dia 29 de Abril


The Crying Grapes (Feedback)


Abrigados pelo selo da Feedback Productions (Montijo), Vitor dos Santos (Vocais/Guitarra), Ricardo Lopes (Guitarra), Filipe Peuch (Baixo)  e Hélder Fraústo são um quarteto ruidoso e incrivelmente eclético que não deixam ninguém estar parado durante as suas muito elogiadas live sets. Já participaram em diversos concursos de bandas e neste momento concorrem ao EDP Live Bands. Trazem na bagagem um primeiro EP de 6 faixas intitulado "Sinceramente", temas que serão apresentados esta sexta-feira no Time Out Montijo.

Facebook oficial The Crying Grapes
Ouçam aqui "Sinceramente" de The Crying Grapes


Quinteto já tem vindo a colecionar alguns feitos notáveis, como vencer a edição 2016 do Let's Rock no Barreiro,  onde as bandas tocaram em pleno Fórum Barreiro, e uma aparição digamos eficaz no programa de televisão "Portugal Got Talent", vão poder esclarecer as vossas dúvidas esta sexta-feira no Time Out a partir das 22 horas da noite!

Página de facebook dos Cruzados

Sábado, dia 30 de Abril

Alex Chinaskee (French Sisters Experience records) 
Músico faz a ponte entre a melodia e a composição, criando músicas de fácil associação e colagem auditiva rápida. Daí resulta um Pop intimista e único na própria exploração da palavra, onde Alex procura através da sua road band que lhe acompanha nos concertos, inventar maneiras unicas de fundir os mais diversos géneros numa só bola de neve, banda essa chamada os Camponeses.
 Prova viva do talento e virtuosismo de Alex está bem saliente em "Campo ", EP de estreia que põe Alex na rota de um dos artistas contemporâneos mais talentosos da nova geração de singers/songwriters.  Essas faixas e outras mais poderão ser escutadas na íntegra a partir das 11 horas da noite.

Facebook de Alex Chinaskee
Ouçam aqui "Campo" na íntegra

Galgo
Incontornáveis vencedores do Vodafone Band Scout 2015. Usam um fato math/rock com calças psicadélicas,  gravata experimental/progressiva e um laço eletrónico (por vezes) dissonante. Dessa indumentária resulta algo extravagante e muito difícil de definir, o diferente torna a banda numa das mais belas e mais respeitadas promessas da cena indie portuguesa, tudo isso exposto em EP5, trabalho de estreia (4 faixas), incluindo o já clássico trauma de lagartixa ou monte real,  para conferir tudo a partir da meia noite no Time Out Montijo.

Facebook de Galgo
Ouçam aqui EP5 de Galgo

 A entrada é 3$
Time Out Sessions (Pré Sessions de 29 e 30 de Abril) 
Agradecimentos:
Time Out Bar Montijo
MontijoSound 2016



quinta-feira, 28 de abril de 2016

Pedro Zina tem projeto a solo

Pedro Zina, baixista dos Cave Story anunciou hoje o seu novo projeto a solo. Eternal Champions é assim o nome do projeto,  que de resto já tem concerto de estreia marcado, para a Spring Toast Party III,  onde tocará ele e a sua banda com Blank Tapes e Mighty Sands.
 De resto Pedro também anunciou no Facebook de Eternal Champions que irá libertar uma faixa esta sexta-feira.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Entrevista aos Capitão Fausto:



Corremos mais rápido que gazelas, deixámos esse sol cair e contámos os nossos dias só para falar com uma banda de Lisboa chamada Capitão Fausto. Falámos sobre nihilismo, criaturas híbridas, máquinas do tempo e Harry Potter. Leiam a entrevista que fez El Salvador lacrimejar a rir e a banda a revisitar melodias que por ficaram por utilizar.

MS - Esta é uma pergunta para todos, particularmente para o Francisco. Vocês puxaram um vídeo há duas ou três semanas, e Francisco, tu estavas bué revoltado naquele vídeo… (risos)

Francisco Ferreira - Tava e não tava… Foi uma brincadeira!

MS - Mas o que é que vos levou a publicar aquilo?

Francisco Ferreira - Achámos piada, tava só a ser parvo! Nos ensaios tou a brincar e nós tínhamos imensos vídeos para promover o disco e esse era um muito estúpido… Depois tínhamos outros igualmente parvos mas esse acabou por ser mais parvo que os outros.


MS - Com o estatuto que vocês já alcançaram com os Capitão Fausto, já pensaram mudar o vosso nome para Almirante Fausto?

Francisco Ferreira - Não é a primeira vez, perguntaram isso para aí há dois dias! Perguntaram-nos se não devíamos ser Major e eu não não não. Achas que devíamos ser Almirante? (dirigindo-se aos colegas).
Segue-se uma discussão sobre os títulos da hierarquia militar, em que Domingos Coimbra revela que o seu pai foi Alferes e que tinha trinta soldados à sua disposição na qual Francisco Ferreira revela que, em criança, chamava Power Ranger ao avô em virtude do seu título militar.


MS -  Dizem por aí que neste terceiro disco saíram das saias da mãe. Resumindo em apenas uma frase, qual seria a mensagem principal deste vosso eterno retorno?

Francisco Ferreira - Aí vou discordar… Vá, eterno pode ser.

Tomás Wallenstein - Eu percebo porque é que é eterno, é eternizar um retorno.

Francisco Ferreira - Mas “retorno” parece que vieste de um fim quase eminente…

Tomás Wallenstein - Não, nem sequer é um reinício, é um capítulo. Não sei se há propriamente mensagem, acho que somos mais nós a pensar por nós próprios como é que vamos fazer a partir de agora. Acho que o disco é um bocadinho uma reflexão… Parámos para pensar e olhar para trás e fazer uma síntese… Vamos ver como é que vamos fazer a partir de agora.


MS - Como é que sabe esgotar o Lux duas vezes seguidas?

Capitão Fausto - É porreiro!

Domingos Coimbra - O que seria se nós disséssemos que não sabe muito bem…

Manuel Palha - Ficámos contentes e se já esgotar um era bom, esgotar dois é ainda melhor! Três e quatro também seria melhor.


MS - Dezassete já não é bom?

Domingos Coimbra - Dezassete já é demais. Já é a utilidade marginal decrescente.


MS - Após esta mudança, sentiram também uma mudança geral por parte do vosso público?

Tomás Wallenstein - Ainda não conseguimos tatear muito bem.

Francisco Ferreira - É o segundo concerto que estamos a dar com o disco, hoje, então ainda não temos dados suficientes.

Domingos Coimbra - Eu sei, por exemplo, que algumas pessoas mais velhas do que eu têm-me dito que gostaram mais deste disco do que dos outros mas isso não é propriamente representativo da amostra total. Mas algumas pessoas mais velhas, ou seja, quarenta, cinquenta anos, sessenta… têm gostado muito do disco. E se calhar dos outros podem não ter gostado tanto, não sei muito bem mas tenho tido algum feedback positivo.


MS - Vamos falar desse disco. Então quais foram os maiores desafios na concepção de “Capitão Fausto Têm Os Dias Contados”?

Domingos Coimbra - O que custa mais para nós é a primeira música, a primeira ideia, é o que demora mais tempo a arrancar. O arranque é o mais complicado, o maior desafio, porque a partir do momento em que se consegue fazer ou uma ideia, duas ou três, depois já percebemos rapidamente para onde é que queremos começar a caminhar. O grande desafio é sempre começar.


MS- Mas por exemplo, vocês têm linhas melódicas mais complexas e acrescentaram mais instrumentos neste disco. Consideram isso um desafio ou surgiu naturalmente?

Domingos Coimbra - Essas coisas saem-nos naturalmente. O disco não é melhor, pior ou muito diferente pelo número de instrumentos que tem.

Francisco Ferreira - Foi mais pelo prazer do que pelo desafio de fazer essa construção toda, enquanto que o outro disco tem uma exploração mais sónica este tem uma exploração mais melódica. Mas isso não foi um desafio, deu-nos mais prazer.

Tomás Wallenstein - Se há algum desafio é de facto a escolha inicial… nem sequer é muito temático mas um bocado “O que é que vai unir as músicas todas?” e qual é que vai ser a estética. No fundo, a estética é aquilo que tu pareces, o que nós escolhemos parecer para agora. Acho que, ao princípio, é o que demora mais tempo a sair.


MS - Este disco tem uma aura mais nihilista. Estavam a conter esse lado?

Tomás Wallenstein - Não me estava a conter muito, acho que é atual. Eu senti que quando escrevi para os outros discos estava também a tentar ser o mais honesto possível e fiz algumas escolhas de ferramentas que nestas já percebi quais é que gostei mais e menos e o que é que me apeteceu trabalhar mais ou menos e mudar. No fundo acho que a intenção sempre foi parecida, não andava a conter para sair agora.


MS - Quem é o mais nihilista do grupo e como é que isso se reflete no dia-a-dia?
(todos concordam que é o Francisco Ferreira)

Francisco Ferreira - Sou muito. Não sei, entristece-me um bocado aperceber-me disso (risos).

MS - Não é uma coisa necessariamente má…

Francisco Ferreira - Eu lembro-me que na altura em que estava na faculdade tinha um desejo um bocado mórbido de fazer trabalhos à volta do nihilismo. Sempre que tinha um trabalho teórico que tivesse que associar a um pensamento associava sempre ao nihilismo e acho que isso reflete-se um bocado em mim. Obrigado malta, por me elegerem o nihilista do grupo (diz aos restantes).


MS - Numa fase da vossa vida em que Alvalade já chamou por vocês e que já padecem do peso das contas para pagar, também há que investir. Até ao fim do ano, que sonhos a nível profissional podem partilhar connosco? Ou mais utópicos?

Domingos Coimbra - No meu caso, ser bilionário. Até ao final do ano. Eu acho que é realista. Vocês não acham?

Tomás Wallenstein - Ah, completamente.

Domingos Coimbra - Daqui a seis mesinhos estamos nas Caraíbas.

De seguida, disparam bitaites que justificam esse enriquecimento exponencial, num imaginário que envolve a banda a ser comprada ora por chineses, ora por um “Abramovich da música”.


MS - Quando forem bilionários, vão começar a ouvir Força Suprema?

Momento de ligeira satirização aos Força Suprema, grupo oldschool de rap de bairro. "Quem são esses?" questiona-se Tomás;  "Isso é algum tipo de movimento ou banda ou assim? Isso é uma editora? Fica onde?” brinca Manuel Palha.


MS - Se tivessem uma máquina do tempo que vos permitisse regressar para a fase do "Gazela", o que é que diriam a vocês mesmos?
Os Capitão Fausto exclamam um “haaaam” em uníssono e tentam chegar a uma resposta comum, “uma maneira mais realista de transformar a ficção em ciência”, diz Francisco Ferreira. “Se fosse mesmo em ciência, o que aconteceria era que qualquer coisa que disséssemos a nós ia alterar os factos do percurso que nos fez chegar até aqui, e como eu estou a gostar de estar cá…”.

Tomás Wallenstein - Para sistematizar, se fosse agora para fazer o Gazela, provavelmente teríamos feito de uma maneira diferente. Mas na altura acho que fizemos aquilo que pudemos, não havia grande coisa a mudar. Eu acho que uma pessoa não faz exatamente o que quer, tenta fazer o que quer, mas faz o que pode. Porque está limitado com as capacidades, com as ferramentas, com o conhecimento.

Domingos Coimbra - Eu acho que se o meu Eu do passado visse o meu Eu do futuro ficava um bocado triste e assustado porque estou muito mais gordo e com pior cara.

Recordam os vídeos do Manuel, da fase do Gazela e desabafam que estavam todos com um ar mais fresquinho e com uma cara mais limpa. Como vos compreendemos…


MS - Como é que o Gazela podia ficar melhor, não consigo ver como, sinceramente…

Tomás Wallenstein -  Se calhar, com outro conhecimento, tínhamos gravado aquilo de uma maneira diferente. Acho que era assim a principal coisa que eu ia atacar logo.

Domingos Coimbra - Aquilo é um bocado a coisa do momento e o álbum seguinte é a coisa daquele momento e este aqui foi o deste momento. Não há grande coisa a controlar.

Francisco Ferreira - Fiquem bem ou mal, o melhor é deixá-las estar, para depois aprendermos com elas.


MS - Como lidam com os comentários negativos, depreciativos e de teor não-construtivo referentes ao novo álbum?

Francisco Ferreira - O pior são os não-construtivos. Agora depreciativos...


MS - Sim, fiquemo-nos pelos não-construtivos.

Francisco Ferreira - A opinião que tenho para os comentários não-construtivos é a mesma que tenho para os comentários positivos. Vou falar de uma experiência muito recente. Ainda há pouco tempo li uma crítica ao nosso disco, um parágrafo curto ou dois e isso era uma das razões por não ser muito construtivo. Era supostamente uma crítica, dava uma pontuação e falava muito bem sobre o nosso disco mas não construía nada o porquê de gostar do disco e isso não me deu prazer nenhum, eu não retirei muito de ler esse texto. Tenho exatamente a mesma opinião para as críticas depreciativas em que não gostam das coisas, porque se não for construtivo...

Tomás Wallenstein - E mesmo quando é construtivo é natural haver pessoas que não gostam!

Francisco Ferreira - Dá-me gozo ler uma crítica de alguém que não goste e que se for muito bem construída...

Tomás Wallenstein - Isso dá argumentos às pessoas que gostam. As pessoas gostam por certas razões e as pessoas que não gostam têm as suas razões para não gostar. E o facto das pessoas que gostam também gostarem tanto é por aquilo causar discussão. É natural, eu não gostava que toda a gente gostasse.


MS - Como é que convenciam, apenas com palavras, um puto da escola básica a gostar do vosso trabalho? 
A banda consente que não entraria em palavras e ainda discute como é que poderia ser feita a abordagem.

Domingos Coimbra - Mekié meu puto? Vais aí ao YouTube e pesquisas Capitão Fausto, e ele ia ouvir.

Francisco Ferreira - Acho que não nos cabe a nós estar a fazer uma apresentação ou até um incentivo positivo promocional da nossa banda, não nos cabe a nós.

Tomás Wallenstein - O que nós fazemos é mostrar só. Se às vezes, em algumas entrevistas perguntam-nos para nós nos analisarmos, estão a pedir para termos um olhar analítico e isso quase se torna em como se nós nos tivéssemos a vender a nós próprios. Acho que não nos cabe a nós estar a vender essa parte.

Francisco Ferreira - Não é justo porque nós, à partida, vamos sempre gostar.

Tomás Wallenstein - Nós apresentamos a coisa de uma maneira passiva e quem gostar gosta, quem não gostar, não gosta. Se o miúdo fosse gostar, à partida não precisava de ser convencido a gostar... Mesmo uma criança.


MS- Voltando então a uma das perguntas anteriores, se tivessem uma máquina do tempo que vos permitisse voltar à fase do Gazela... 
Deu-se um break no alinhamento das questões, visto que um membro do Montijo Sound decidiu trollar (ele diz que não), e repetir uma questão outrora feita. As gargalhadas servem de arranque para a descoberta de ideias mais firmes:

Manuel Palha - Eu tentava evitar, quanto muito ia ver coisas que não tinha visto. Eu fazia como no Harry Potter, com o vira-tempo, eles não podem interferir no tempo.


MS - Mas há o Pensatório e o Vira-tempo. O Pensatório ainda é melhor porque não há influência na ordem das coisas

Manuel Palha - Eu ficava ali mesmo a ver e a dizer "epá que fixe" e ia-me embora.

Domingos Coimbra - "Pá, dá-lhe aí meu puto!"

Manuel Palha - Mas dizia de longe, tipo "força, dá-lhe aí!".


MS - Imaginem uma personificação do vosso álbum, tudo aquilo que escreveram e compuseram é agora um ser humano. Se lhes fosse feita a clássica questão "o que é que dizem os teus olhos?" o que é que acham que este ser, o vosso filho, responderia?

Francisco Ferreira - Eu tou a imaginar um ser humano careca, com os olhos sem cor...

Todos concordam que diria uma espécie de charada: "Se eu sou tu, quem sou eu?"

Francisco Ferreira - Eu acho que ia ser muito enigmático. Tal como a forma dele, acho que ia ser um ser sem forma, sem conseguires definir muito bem como é que ele seria, não ser humano mas bué pálido e sem pêlos nenhuns... Com um ar básico, muito humano e quase sem forma. Não percebes a raça dele (risos), claramente humanóide.


MS- O vosso som é uma coisa introspetiva, então? (tendo em conta que os Capitão Fausto classificaram a anterior charada como instrospetiva)

Concordam em uníssono e desenrola-se uma discussão cuja conclusão é a de que não falam de temas em específico senão deles próprios.


MS- Como é que acham que iniciativas como o Montijo Sound pode ajudar bandas pequenas, que estão agora a começar, a tornar-se Capitães?

Francisco Ferreira - Pá, qualquer promoção que se faça de qualquer banda, seja pequena ou grande, é ótima! Nós fazemos um bocado disso também, nós tentamos falar com o máximo nº de pessoas possíveis... Tanto quando começámos, como agora! E se algum sítio tem disposição de pegar em bandas menos conhecidas e o faça numa base diária... é muito mais que positivo.

Tomás Wallenstein - Eu acho que também tem a ver com o tipo de entrevistas que se fazem e eu até achei que vocês fizeram uma entrevista bastante interessante. Regra geral, muita gente que tem um blog depois não chega a ter ideias para ter uma conversa qualquer e não é preciso levar-se muito a sério e acho que para ser lido tem que ter o mínimo interesse, não pode ser daquelas perguntas de bê-á-bá e apoiamos, acho que é importante. Até para as bandas que estão a começar, para sentirem que as pessoas interessam-se pelo que elas pensam... também as faz questionar-se a si próprias. Portanto acho que são iniciativas muito boas... e desejo muita sorte. 

MS- Qual foi a faixa que vos deu mais prazer gravar e produzir? Vamos ouvir cada um, a começar pelo Francisco.

Francisco Ferreira - Para mim, muda de dia para dia. Porque eu, a certa altura, lembro-me duma música, o prazer que ela me deu e fico a pensar um tempo nisso durante algum tempo "Ya, isto foi buéda fixe de gravar" mas depois passa-se uma semana "ah, de facto esta foi bué fixe de se gravar, também". É uma coisa muito transitória, acho que é impossível ter uma resposta eterna. Acho que está ligado com a música que gostamos mais do disco, do meu ponto de vista é uma coisa que está sempre a mudar.

Domingos Coimbra - A que me deu mais prazer de fazer e gravar (não é necessariamente a que eu mais gosto mais) foi "Os Dias Contados", porque foi a música que passou por mais fases e teve mais vezes para não ser aproveitada e eu sempre acreditei que aquilo podia dar em alguma coisa e acabou por dar. 

Manuel Palha - Eu também concordo... Nós sempre fomos da mesma opinião (risos gerais).

Tomás Wallenstein - A que me deu mais prazer foi a "Amanhã Tou Melhor" que não é de todo das minhas preferidas mas das que deu mais voltas.

Francisco Ferreira - Eu gosto de especificar que isto aqui que nós estamos a falar não é bem da gravação, que ocupa um curto espaço de tempo. O gravar é o fim de todo o trabalho que já foi feito.


MS - Como é que funciona esse processo de composição?

Francisco Ferreira - Todos juntos os cinco, depois o Tomás faz a letra, a melodia e a voz,.. Debatemos, mas fazer o instrumental, fazemos os cinco.
Atenção que este disco foi uma estreia para nós em termos de letra em papel... temos partes de disco escritas mesmo em pauta, nunca tínhamos.

Segue-se uma breve explicação: a banda contratou músicos profissionais que chegaram ao local de gravação, leram as pautas e gravaram.

Salvador Seabra- Concordo um bocado com eles, a "Amanhã Tou Melhor" levou umas voltas muito engraçadas. Desse disco, talvez, essa foi a mais desafiante,

A banda discute as alterações da música até esta ter o seu resultado final e deixaram-nos com a seguinte mensagem:


"Shout Out para o Montijo Sound, por nos terem recebido e por nos terem dado alta entrevista, divertimo-nos bué!"


 Prezados agradecimentos:
Capitão Fausto
TimeOut Bar
Raquel Lains
 MontijoSound 2016

Pós Time Out Sessions: Capitão Fausto


Olhamos em retrospetiva toda a música que o Time Out Bar tem para oferecer ao Montijo, semana após semana. Ou melhor, semana em semana...  22 de Abril de 2016 será um dia que será recordado por muitos anos... É que já não víamos uma casa tão cheia no Montijo sem ser nas festas Populares de S. Pedro! Não, não houve jogo de futebol esta semana: os Capitão Fausto pararam no nosso bar para apresentar temas do seu último muito aclamado disco "Capitão Fausto têm os dias contados"  e o MontijoSound esteve em cima do acontecimento, desde o momento em que entrámos naquele bar até ao momento em que saímos dele. Noite espantosa, dezenas de pessoas a encher o novo espaço de concertos do Montijo e como não podia deixar de ser um gig brilhante daquela que é considerada uma das melhores bandas portuguesas da atualidade. Vejam a nossa reportagem exclusiva!

Francisco, Tomás e Salvador a jogar basket
Eram 18 horas e 30 minutos,  nem um minuto a mais nem um minuto a menos. Apresentei-me no Time Out Bar à hora indicada para dar a entrevista, a Raquel tinha sido explícita, "Tens de estar lá exatamente às dezoito horas e trinta minutos, é a única hora que eles podem dar a entrevista".  Eu não ia ter coragem de entrar lá dentro sozinho e encarar os cinco homens que têm levado a bandeira portuguesa a outros patamares, discos de culto como "Pesar o Sol"  ou" Gazela " fazem de Capitão Fausto uma das bandas mais respeitadas da cena indie tuga.  Eu esses ouvi na íntegra, mas admito que não tinha ainda ouvido com atenção estas últimas faixas. Tive de esperar pelo Pedro e pela Catarina que não tardavam muito a chegar com as perguntas todas alinhadas que haviam escolhido dias antes, já para não falar do equipamento fotográfico de qualidade superior (just play along).
Da esq. Para a dir. Manuel, Tomás e Domingos durante o soundcheck

Já tinham passado 20 minutos desde a hora estipulada e eles ainda não tinham chegado...  Estava na hora de assumir o desafio sozinho. O amigo João Peres foi-me abrir as portas da casa (shotout para o Bruno Nogueira também), portas hipotéticas rumo ao além (citando Prof Jam). Cheguei ao bar estava o Tomás, o Francisco e o Salvador a jogar basket? No outro lado o Manuel e o Salvador ensaiavam algo, havia um clima de boa disposição (lógico que eu já tinha o meu sorriso esboçado há muito mais tempo). Passou o Domingos e deu-me um forte aperto de mão, antes já havia apertado as mãos dos jogadores de basket e do Manuel, que receberam-me sempre com um sorriso na cara e uma cerveja na mão. Recebo uma chamada e vou buscar o Pedro e a Catarina à porta do bar, estes irmãos que recebo com um abraço de grupo apertado. Estava na altura de começarmos a festa, mas como o Rock têm destas coisas, a banda ainda nem tinha feito o soundcheck e já eram 19 horas e tal....  O que é feito dessa entrevista?


Domingos Coimbra à esq.  com a nossa Catarina Soares

 Bem, ainda não tínhamos entrevistado os gajos e agora tínhamos outro problema: ir a casa buscar o recorder para a entrevista por culpa do esquecimento ou entrevistar sem material? O problema é que faltavam poucos minutos para as 20 da noite, hora em que o soundcheck acabava e eles iam jantar ao Castiço. Eu e a Catarina fomos a correr buscar a geringonça, mas a Catarina precisava de levantar dinheiro e acabámos por ser assaltados por um cigano que ali passava. O Rock tem destas merdas...
Entretanto o Pedro ligava para mim a saber onde estávamos porque a banda já tinha concluído o soundcheck e ia agora jantar (não os íamos chatear enquanto comiam não é)? Pensámos entre nós que iam demorar uma hora a comer, talvez pudéssemos entrevistá-los depois de jantar, seria um plano louco porque a entrevista estava marcada para as 18 e 30 e por esta hora estávamos já nós sentados à frente do restaurante, à espera, respeitosamente, que os Capitão Fausto acabassem de comer para podermos então conversar um bocado. Eram já 21 horas e pouco e chegávamos também à hora da verdade...





"A verdade é que a verdade nem sempre é verdade e o mundo ainda tem que crescer"

Dizem que o nosso Pedro teletransportou-se do Time Out para o Castiço, aqui vemos uma foto que capta Pedro durante esse alegado teletransporte

Bem, por esta altura já tínhamos estabilizado numa mesa que ficava em frente ao restaurante "O Castiço" onde eles jantavam, e as barrigas também já apertavam... Já tínhamos vivido um dia cheio de emoções e o concerto ainda nem tinha acontecido! O Manuel Palha vêm sentar-se connosco na mesa a fumar cigarros de enrola e falar abertamente de música, sem pretensiosismos ou essas bullshits que os hipsters às vezes inventam, estamos só a ter um conversa gira. Dj Genes na casa estava a passar Alex Chinaskee na rádio: "Sim, conheço o Alex, ele já me tinha oferecido o seu disco (Campo) mas ainda não tive oportunidade de ouvir, tens aí?", responde Manuel depois de lhe ter perguntado por Alex Monkey. Passa "Já não vivo" na rádio e D. João de Panado e outras malhas emergentes, o ambiente era favorável e esperou-se então pelo resto da banda que iria ser entrevistada...


Entrevista a Capitão Fausto

 Ora bem, eram já quase 22 horas e depois de alguns percalços do destino, lá conseguimos reunir os 5 mestres da música pop portuguesa, para um conjunto de perguntas divertidas e muito pouco formais. Sim podíamos ter feito as mesmas perguntas que toda a gente que os entrevistou já fez antes, no entanto queríamos algo diferente, queríamos divertir-nos a fazer as perguntas e queríamos também divertir um bocado a banda antes do gig, you know, libertar algum stresse, soltar um bocado a malta num clima familiar e de boa disposição e sinto que foi isso que conseguimos. Pusemos os capitães a divagar entre eles, colocámos situações hipotéticas em cima da mesa, satirizámos um bocado os força suprema: "Quem são esses?" questiona-se Tomás;  "Isso é algum tipo de movimento ou banda ou assim? Isso é uma editora? Fica onde?", quase, satiriza Manuel.
 O tempo voou, só faltava tirarmos uma foto de família e estávamos prontos para regressar ao sitio onde tudo ia acontecer, o Time Out.

Foto de família. Ora bem,  pela sua respetiva ordem: Salvador Seabra aka El Capitan Salvador, Catarina Soares (MS), Luis Teixeira (MS), Tomás Wallenstein, Domingos Coimbra e por baixo dele Pedro Pereira (MS), Manuel Palha, António Branco (um grande abraço) e o icónico Francisco Ferreira homem dos synths

São 22 horas e meia quase, chegamos ao recinto e encontramos um mar de hipsters, posers, stoners, miúdas giras da Arroio... Perdi a Catarina por instantes, que liga-me minutos mais tarde a dizer que foi buscar cerveja. O Pedro estava com a namorada (shotout para a Mada) e nem falava com um gajo...  #falsotropa. Havia gente para todos os gostos e feitios, malta a pré-reservar o bilhete dias antes, imensa gente a comprar bilhetes para ver Capitão Fausto em primeira mão "Capitão Fausto têm os dias contados", e posso garantir que foi um dos melhores concertos que o Montijo já viu em muitos anos. Encontrei o Salvador na casa de banho dos homens e perguntei com toda a honestidade do mundo: "Era preciso ter Capitão Fausto a tocar no Montijo para isto voltar a ser uma cidade de novo?", responde ele "Não sei meu, posso mijar?"  Estou a brincar, mas que Deus ou o Sponge Bob abençoe o Time Out que vêm fazer algo que até aos tempos de hoje ninguém foi capaz de fazer aqui: Oferecer noites inesquecíveis de semana em semana. E que noite foi esta!  Querem que vos descreva o concerto? Que comprassem o bilhete e fossem ver estes senhores tocar...

Capitão Fausto live@Time Out Montijo
 
Vá tomem lá a setlist do concerto:
1.Morro na Praia
2.Batalha
3.Litoral
4.Dias Contados
5.Corazón
6.Santa Ana
7.Tem de ser
8.Ideias
9.Semana em semana
10.Maneiras Más
11.Alvalade chama por mim
12.Amanhã tou melhor
13.Nunca faço nem metade 
14.mil e quinze
15.Supernova
16.Zécid
17.Verdade
Capitão Fausto






Time Out Sessions






Agradecimentos:
Capitão Fausto
João Peres
Bruno Nogueira
FaceBurguer
Cigano
TimeOut Bar Montijo
MontijoSound 2016

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Peido Matinal!! Oops... PEIDO ESPACIAL!!! #4- Francisco Ferreira (Capitão Fausto)

Continuamos a flutuar nos confins do universo em busca de odores e sonoridades novas, e porque a palavra de ordem hoje é a liberdade, não podia haver um dia melhor para libertarmos este cafifo xexelento e incrivelmente desconfortável. Vejam, a escolha musical de Capitão Fausto, que deram um incrível concerto no Time Out Bar na passada sexta-feira e que agora se elevam a níveis espaciais com esta excitante e robótica edição de "Peido Espacial"....


"Então para resumir e para ser o mais breve possível, a faixa que escolhemos é aquela que (o Sarcasmo) está a passar neste momento, chama-se "The Robots" de Kraftwerk, e escolhemos a faixa porque sempre que a ouvimos temos vontade de ser robots."

Capitão Fausto da esq. para a dir. : Salvador Seabra, Tomás Wallenstein, Domingos Coimbra, Manuel Palha e Francisco Ferreira a libertar o seu cafifo. 

Agradecimentos:
Raquel Lains
Time Out Bar - Montijo
Capitão Fausto
MontijoSound 2016

Álbum da semana: Galgo- EP5

Talvez seja uma coincidência engraçada mas acabo sempre por ficar bué panco das bandas que vencem o Vodafone Band Scout, basta só dar uma olhada a alguns vencedores do passado que hoje não saem da minha playlist, até já tenho umas quantas cópias físicas, de Cave Story ou Pista...
Galgo são um four piece (revólver?) muito incomum, estamos a falar de Guitarra, bateria, baixo e teclado.  Aqui, em certas faixas a bateria instável e up tempo e os teclados omnipresentes ditam um som muito difícil de catalogar, e nem sei se quero. Há experimentações e um espírito muito free jam, pode-se ouvir em "Monte Real", para mim a melhor faixa deste trabalho de estreia. Falando de Monte Real, a música começa com uma linha de baixo que segue a guitarra irrepreensível que dá molde a música, criando um clima eterno de ansiedade mas depois mais tarde estabilizando o som em algo forever espontâneo e bastante aleatório, mas que faz muito sentido, como os riffs-esque-foals ou os vocais reverb-full e teclados que afogam a música num pântano de ruído audível.
 De resto o EP começa muitíssimo bem com o single "Trauma de Lagartixa",  aí capta-se a estrutura de uma música de Galgo, uma só linha que pode ser usada como refrão ou simples grito de guerra,frase dita e gasta vezes sem conta dando forma a uma faixa muito experimental, tudo isto faixas que põem a banda num circulo Math/Psichadelic  mas eu gosto de pensar que a banda é muito mais livre que isso. O som é profundo e eclético por vezes, em Torre de Babel encontramos um ritmo de baixo super groovy que não deixa ninguém estar parado, os riffs iniciais fazem lembrar Grandfeathered do início ao fim, só o facto de estarmos a comparar a banda a pinkshinyuultrablast diz muito, e a audição apesar de curta (4 faixas) torna-se muito mais perceptível a cada audição, um lp ditará o derradeiro veredicto mas EP5 é um excelente cartão de visita.

Ouçam EP5 de Galgo aqui

domingo, 24 de abril de 2016

Faixa da semana: Old Jerusalem - A rose is a rose is a rose

A faixa desta semana é extraída do álbum "A rose is a rose is a rose", trabalho deste ano do músico português Old Jerusalem. É o apogeu melancólico do disco feito com guitarra acústica, contra baixo e percussão, que abrem o leito para que o poema flua, cantado com a voz inconfundível e confortável de Francisco Silva.
 Há uma razão para a qual o artista tem sido tão falado por nós ao longo da semana e esta faixa reflete essa razão. Pode não ser das faixas mais faladas do novo disco, pode não ter tido tanto impacto como "A Charm", que incorpora várias vozes de violinos, um elemento muito presente neste álbum, ou "One for the Dusty Light", que se assemelha à música folk americana, mas "a rose is a rose is a rose" espanta-nos com o seu caráter melancólico, o riff de guitarra acústica, o contra baixo a vaguear pelas tónicas, a percussão que acrescenta todo caos, tudo de forma coordenada e sentida, sentimento esse que se observa nas próprias faces dos músicos e que me faz prender ainda mais a esta faixa.
Fica a sugestão desta semana, agora aproveitem e viajem com a faixa através do vídeo da Videoteca Bodyspace:




Vejam aqui a entrevista exclusiva do Montijo Sound a Old Jerusalem.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

TimeOut Pré Session: Capitão Fausto


A sessão de hoje é obviamente completamente dedicada ao concerto de Capitão Fausto esta sexta-feira (22 de abril) no Time Out Bar, um dos concertos mais aguardados no Montijo dos últimos tempos.

Para os mais distraídos, o quinteto português indie/psych rock/pop (Tomás Wallenstein, Manuel Palha, Domingos Coimbra, Francisco Ferreira e Salvador Seabra) apresentará o seu novo álbum: "Capitão Fausto Têm os Dias Contados" no Montijo, já amanhã, depois de se confirmarem esgotadas as duas datas no Lux e uma data em Viseu. À semelhança do que aconteceu no Porto, e que gerou um burburinho constante em todos os blogs/websites de música em Portugal na última semana, espera-se no Montijo casa cheia e a arder (sim, é dos Modernos, não consegui conter a piada...), um ambiente que convidará à dança misturada com crowdsurf, com o público a entoar as malhas do novo álbum, assim como de "Gazela" e "Pesar o Sol".
Depois de tudo isto, se estás a pensar ir para casa cedo desiste, Sarcasmo (DJ Set) toma posse da cabine de DJ e aquece o Time Out Bar até de madrugada!





Os bilhetes custam 5€ e só podem ser adquiridos à entrada.

Aqui podem ver a reportagem do "Curly Mess" do Concerto de Capitão Fausto na Casa da Música no Porto.



TIME OUT SESSIONS (PRÉ TIME OUT SESSIONS de 22 de abril)
AGRADECIMENTOS: TIME OUT BAR MONTIJO
MONTIJOSOUND®2016

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Viet Cong alteram nome para Preoccupations

A banda do Canadá já havia feito planos para mudar de nome devido à natureza controversa da palavra "Viet Cong" que faz referência à guerra do Vietname. Agora confirma-se a mudança de nome para "Preoccupations".


Mike Wallace, baterista da banda (cortesia KEXP)

Em 2015 lançam um dos discos mais aclamados do ano, o hiper tenso e altamente hóstil Viet Cong (homónimo). A banda de pós-punk/noise rock/art punk ainda nâo têm novas datas confirmadas mas com esta mudança (in)esperada de nome vamos ouvir falar deles nos próximos tempos, fiquem atentos.

Ouçam aqui "VietCong" na íntegra

Blind Spot marca segunda re-aparição do shoegaze nos tempos modernos, Lush estão de volta

A cena que se celebra a si próprio vai cada vez mais ganhando uma legião de seguidores que talvez nem eram nascidos quando My Bloody Valentine ou Cocteau Twins (as figuras maiores do movimento, por ordem de importância) estavam em atividade.  Hoje o Shoegaze é considerado intemporal e um dos movimentos undergrounds mais respeitados, enaltecidos por vários documentários lançados entre 2012 e 2015, acompanhando o renascimento da cena que veio com um disco pós-hiatus dos seus pioneiros (mbv, 2013),  como "Beautiful Noise"  ou " Still in a dream,  the history of Shoegaze" só pequenos passos rumo a imortalizar o movimento.

Lush é Emma Anderson,  Chris Acland,  Philip King e a incomparável mulher do Brit Pop Miki Berenyi
Lush,  apesar de surgirem quando o Shoegaze já estava totalmente estagnado ainda libertaram um disco digno de referência, chamado "Split" (1994) algo muito mais pop e à base de guitarras como se fazia na Inglaterra daquele tempo, a serem muito comparadas a Suede ou a uma versão inicial de Cocteau Twins. Lush estão de volta,  com um extended play que assinala a celebração que se celebra a si mesmo,  e marcando também a reunião de algumas outras bandas shoegaze (Slowdive).  São 4 faixas que já podem ser escutadas enquanto aguardamos um disco novo da banda, que estes shoegazers têm a mania de fazer discos de 300 em 300 anos (perdoem a hipérbole) mas a verdade é que os anos vão passando, e perguntamos até onde poderá o Shoegaze ir...  Vamos imaginar que Kevin morre e o Shoegaze desaparece com ele: não seria a primeira vez... basta voltarmos a Seattle dos anos 90.

Ouçam "Blind Spot" de Lush aqui

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Filmagens raras de My Bloody Valentine ao vivo em 1989 circulam pelas redes sociais



A 15 de Abril, Band of Susans disponibilizam através da sua página de facebook um vídeo inédito, que data de 6 de Junho de 1989, numa noite em que dividiram o palco do 9:30 Club com My Bloody Valentine. O que se passou na capital dos States nesta noite foi precisamente um concerto extremamente alto e ruidoso, num dos anos mais férteis do shoegaze e do noise rock, dois anos antes do lançamento de Loveless e com um turbilhão de EPs lançados pelos Irlandeses um ano antes, e Isn't Anything (1988) ainda fresquinho. Band of Susans teria lançado "Love Agenda" no mesmo ano, um dos seus mais bem conseguidos trabalhos, que depressa escalou nos charts  indie do Reino Unido.


Vale muito a pena ver o vídeo completo!


Entrevista exclusiva: Old Jerusalem: "De momento acho que este (A rose is a rose is a rose) é o meu álbum mais bem conseguido de todos que já fiz"


"A Rose is a Rose is a Rose" é o disco que responde aos desesperos dos fãs de Old Jerusalem, que ansiavam por ouvir novas canções do artista desde 2011, espera essa que, embora longa, provou-se extremamente gratificante, não seja este um dos mais talentosos e reconhecidos músicos singer/songwriter portugueses da nossa época. Fora isto, conta já com uma discografia que incorpora sete discos, a partir de 2002.
Fomos falar com Francisco Sílvia (Old Jerusalem) sobre este soberbo pedaço de música folk que nos presenteou com o seu regresso:

Francisco Silva é o rosto por detrás de Old Jerusalem (photo by VICE)

Montijosound - No Arte-Factos lemos que o titulo do disco é na verdade uma linha de Gertrude Stein, isso foi uma mera coincidência ou houve plena intenção na escolha do nome?

Old Jerusalem - Não se tratou de mera coincidência, conhecia o poema e a intenção foi efetivamente referenciá-lo, mas o uso da expressão no disco não está diretamente relacionada com o texto da Gertrude Stein.

MS- És fã de poesia? Onde é que a poesia mexe diretamente com as tuas letras, se é que mexe se quer?

OJ - Gosto de literatura em geral, e de alguma poesia em particular, sim, ainda que esteja longe de ser um estudioso. A poesia na componente lírica de Old Jerusalem entraria pela via da atenção ao efeito e ao peso “correto” das palavras, mas isso não quer dizer que pense nas letras das canções como poesia.

MS - Tens Poetas ou poemas favoritos?

OJ - Talvez o mais influente, quer a nível pessoal, quer para o que faço, seja o Raymond Carver. Mas há outros relevantes (Herberto Helder, Czeslaw Milosz, Al Berto, Miguel Torga, Fernando Pessoa…).

MS - Este disco é diferente não haja duvida nisso, há pianos subtis, dramatismo derivado dos violinos de Ana Pereira ou Ana Filipe Serrão ou o violoncelo de Ana Cláudia Serrão... Mas Filipe Melo vem criar uma nova linguística no teu som folk de discos anteriores, vem trazer mais liberdade ás melodias... Que importância teve Filipe Melo na criação destas músicas? Como surgiu a possibilidade desta colaboração com tão conceituado artista de Jazz?

OJ - Filipe entrou nestas canções na fase de gravação e de arranjos, pelo que em termos de composição não houve colaboração. No entanto, a versão final das canções foi muito determinada pelo rumo que ele acabou por imprimir aos temas.
A ideia de colaborarmos surgiu logo no momento em que nos conhecemos, nos bastidores de um concerto de homenagem ao Bernardo Sassetti em que ambos participámos.

MS - As tuas letras no meu ponto de vista falam de forma tão encriptada... É muito dificil perceber onde é que estou porque a cada linha mudo de sitio, como se estivesse numa máquina do tempo construida por ti: Qual é a verdadeira temática do disco? Este não parece de todo um disco conceptual, como é que estas musicas todas juntas formam "A Rose is a Rose is a Rose"? Amor, morte, tempo... Ou achas que a cada faixa esse tema vai-se moldando?

OJ - O disco não é conceptual no sentido de haver uma linha condutora deliberada entre os vários temas. No entanto, há efetivamente recorrência de vários temas e mesmo ideias e situações concretas nas várias canções, pelo que têm uma certa coesão estética e lírica. 

MS - A linhagem que escolheste também foi intencional ou ela também muito aleatória?

OJ - Tudo tem tanto de intencional como de aleatório, e agrada-me ir trabalhando sempre no equilíbrio entre essas duas vertentes.

MS - Que influências foram moldando a tua personalidade como músico? Seria fácil comparar-te a nomes como Simon and Garfunkel ou Bob Dylan (numa fase especifica), mas gostava de saber o que andaste a ouvir em miúdo, no fim o verdadeiro motivo que te levou a fazer musica hoje e ao longo destes anos todos.

OJ - Bob Dylan e Simon & Garfunkel estão claramente entre as minhas influências musicais mais diretas. Mas comecei a interessar-me por música com o Michael Jackson e a partir daí tive curiosidade por muitos géneros distintos – do Michael Jackson passei ao Prince, de aí talvez aos Depeche Mode, quando aprendi a tocar guitarra interessei-me por “heavy metal”, e assim por diante com muita e muito distinta música.

MS - Tu mesmo achas "A Rose is a Rose is a Rose" o teu finest job, ou vais-te suplantando de disco para disco sempre desconhecendo esse acontecimento?

OJ - No momento em que estou a trabalhar num disco não tenho nenhuma noção quanto a isso, mas neste momento considero efetivamente este álbum como o mais bem conseguido de todos os que fiz.

MS - Neste caso, sentes que este dá-te o reconhecimento que sempre mereceste ou esse reconhecimento e auto-apreciação já partiam de ti antes?

OJ - Não sei qual é o reconhecimento que mereço!  Com este disco sentia-me confiante relativamente ao trabalho que realizámos mesmo antes de ele ver a luz do dia, pelo que diria que neste caso concreto essa apreciação já lá estava.

MS - A critica pôs-te num pedestal depois deste ultima longa duração como um dos mais talentosos Singer/Songwriters da nossa geração, vives bem com rótulos desses? Não sentes qualquer tipo de pressão ou dever?

OJ - Se sentisse o peso desse rótulo no meu dia-a-dia provavelmente sentiria algum incómodo, mas não sinto que me seja atribuída essa dimensão, pelo que a única pressão que sinto é a de fazer o meu trabalho o melhor que posso a cada momento.

MS - A critica vê "A Rose is a Rose is a Rose" como um disco exímio. Porquê uma pausa tão grande do teu disco homónimo (2011) para este ultimo?

"A Rose is a Rose is a Rose" de Old Jerusalem

OJ - O interregno deveu-se essencialmente à gestão da agenda dos vários intervenientes no disco.

MS - Estiveste este tempo todo a produzir/gravar o disco? Quando é que começaste a trabalhar nas canções?

OJ - Se compactarmos o tempo de trabalho útil no álbum, ele não demorou muito mais a ser feito do que qualquer outros dos anteriores – estaremos a falar de pouco mais de 1, 2 meses. Houve portanto muito tempo de “pousio”. O trabalho ter-se-á iniciado já por volta de 2012, ou mesmo antes.

MS - Demoraste mais tempo com a intenção do disco parecer extensivamente trabalhado até à sua perfeita conclusão ou também foi coincidência o disco ter demorado 5 anos a ver a luz do dia?

OJ - Deveu-se ao que referi atrás, essencialmente: gestão de agenda pessoal e profissional de todos (também minha, claro). Tínhamos intenção de trabalhar os temas até à sua conclusão lógica, mas não propriamente de os levar a uma qualquer ideia de perfeição, longe disso.

MS - Parecendo que não já passaram 15 anos desde o teu disco de estreia, em retrospetiva consegues dizer onde é que a tua sonoridade, composição tem evoluído mais ao longo destes 15 anos?

OJ - No essencial da escrita, diria que houve muitos fatores que se mantiveram constantes, tendo mudado aquilo que em 15 anos necessariamente muda – a nossa vida, desde logo, e um incontornável processo de aprendizagem.

MS - Algum momento ou história mais marcante que ainda não tenhas partilhado?

OJ - Nada que me recorde como digno de nota ou de referência pública, não.

MS- Farias algo diferente?

OJ - Muita coisa, tanta que nem vale a pena mencionar! Mas são coisas pequenas, no essencial não há grandes “arrependimentos”.

MS - Sendo tu do Porto, sentes-te mais confortável atocar para o teu publico do norte ou a localização para ti é irrelevante, quantos mais concertos, mais oportunidades de apresentares o teu trabalho melhor?

OJ - É-me na maior parte dos casos um pouco indiferente, embora, claro, no Porto e arredores costumem aparecer mais amigos e conhecidos.

MS -Sentes que o publico tem reconhecido este teu ultimo esforço? Sentes esse amor de publico para publico?

OJ - Não tenho bem noção de quem é o público de Old Jerusalem em concreto, mas aquela parte desse público que me contacta em geral atribui valor ao trabalho de Old Jerusalem, pelo que sinto reconhecimento da sua parte, sim.

MS - Aos teus olhos como tem sido a receção das pessoas em relação a "Rose is a Rose is a Rose"? Achas que tem acompanhado a opinião da critica em relação ao disco?

OJ - A receção tem sido muito positiva, para já.

MS - Como é que esse feedback das pessoas tem chegado a ti de forma liquida, palpável?

OJ - Há contactos de pessoas a quem conheço pessoalmente, essa é uma via. Nos casos em que não é assim, o feedback chega de forma mais difusa, por redes sociais, em concertos, ou de tempos a tempos por abordagem pessoal.

MS - Voltando à minha primeira pergunta, tu mesmo te consideras um poeta? A compor letras consideras-te um escritor, um contador de histórias, um pessimista ou um otimista iludido... Que alter ego abraças enquanto compositor?

OJ - Não me considero um poeta, ou estritamente qualquer das outras opções. Quanto escrevo canções sinto-me isso mesmo, no fundo, um escritor de canções, nada mais nem nada menos.

MS - Espalha Factos nomeou o disco como um dos mais bonitos do ano. Eu perguntei que discos cresceste a ouvir, agora pergunto que discos portugueses do ano passado ou deste aconselhas? Existe alguma espécie de competição entre vocês (bandas portuguesas) ou isso são filmes? Vês algum tipo de vantagem em cantar em inglês? Já alguma vez foste criticado como artista por cantares em inglês sendo tu português?

OJ - Competição não creio que exista, pelo contrário, sinto até algum companheirismo. Mas posso de minha parte assumir que me sinto “picado” quando algum amigo meu faz um disco particularmente bom.  É uma coisa até muito saudável, a meu ver.
Recentemente, por exemplo, destacaria os discos de Minta & The Brook Trout e dos peixe:avião, que são ambos excelentes.
A questão do inglês é um assunto que a meu ver já deixou de importar, parece-me.

MS - Deste um concerto na Galeria Zé dos Bois (Lisboa, 2 de Abril), sexta-feira passada estiveste no Maus Hábitos no Porto e dia 16 em Gil Vicente. Quando é que vamos ver-te aqui no Montijo? (Risos sérios)

OJ - Não sei, é uma questão a ver com a PAD, que agência Old Jerusalem. Podem sempre contactar a Sara Borges (sara@pad-online.com) para esse efeito! ;-)



MS - O disco fica marcado essencialmente pelas muitas colaborações... Isso surge de uma necessidade ou por obrigação?

OJ - Surge da vontade de explorar coisas novas e frescas, simplesmente, não há propriamente necessidades ou obrigações.

MS - Quais as dificuldades sentidas num mundo cada vez mais dominado pela ofuscação do que é natural e pelos efeitos, em fazer música completamente audível (com vocais inalterados e guitarra acústica)?

OJ - A dificuldade não tem necessariamente que ver com o tipo de música, acho que é uma coisa mais transversal nos dias de hoje, em particular no meio musical, que é o de conseguir fazer-se ouvir por entre a miríade de coisas que acontecem a todo o momento.

MS - Iniciativas como o Montijo Sound, que importância tem para a musica independente (ou não) feita em Portugal? Que empurrão poderá blogs como o nosso dar a bandas que precisam de exposição e de visibilidade numa cultura cada vez mais dominada por elitismos e musica para massas, que importância tem para quebrar uma mentalidade corrente, no que diz respeito a musica?

OJ - Os media mais disseminados ganharam uma relevância acrescida não só por estarem mais próximos de públicos específicos, mas principalmente por estarem a ocupar um espaço que os media tradicionais mais massificados não estão a ser capazes de trabalhar e que vão progressivamente abandonando. Nessa linha, é uma muito saudável resposta/alternativa aos tais problemas que descrever na pergunta.


  Prezados agradecimentos:
Francisco Silva (Old Jerusalem) 
Raquel Lains
 MontijoSound 2016

terça-feira, 19 de abril de 2016

Álbum da semana: Capitão Fausto têm os dias contados

Wow nunca pensei viver o suficiente para ouvir uma banda portuguesa a soar a Beach Boys ou qualquer outra banda baroque de anos 60. É que caso a vossa memória tenha ido com o caralho eu lembro-vos que "pesar o sol"  era muito mais trippy e progressivo
 que qualquer outra coisa de Capitão Fausto. Pesar o Sol é um disco clássico precisamente por essa intencionalidade mascarada de incerteza, isto porque as faixas estâo muito bem estruturadas mas depois modificadas a dada altura para soarem a algo experimental e muito pouco decorado ou combinado, como em "maneiras más" um "épico"  de 7 minutos desvairados,  após 2 minutos de pop perfeito: uma ponte brilhantemente confecionada,  um refrão orelhudo...
 " Têm os dias contados" não passa disso mesmo, uma consolidação dessa maneira perfeita e incrivelmente deliberada de fazer música pop,  começando pela composição, que parece acompanhar os feitios e gostos da nova geração tuga, de forma dinâmica e de simples descodificação. Melodias super alegres e chamber,  criando algo tão nostálgico e moderno ao mesmo tempo, mas,  sem nunca darem a conhecer o meio que existe entre esses dois...

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Savanna surpreendem com lançamento de nova faixa: "Get it Right"

Já podes ouvir o novo single dos Savanna! A banda lisboeta disponibilizou hoje uma nova faixa intitulada "Get it Right", prometendo o lançamento de vídeo para a próxima semana. Esta faixa vem na antecipação de um novo disco que a banda tem vindo a preparar, que será então o seu segundo trabalho de longa duração.


Ouçam aqui "Get it Right" no Bandcamp de Savanna.

Peido Espacial #3 - Old Jerusalem


É com uma enorme honra e apreço que damos a conhecer a sugestão galáctica e de metano, desta vez cedida pelos Old Jerusalem. Adequada ao humor soturno de uma segunda feira e dotada de uma melancolia pacifista, a soltura tem como nome "Forest time" e é de Will Oldham.


"É um tema que revisitei com alguma regularidade nos últimos dias porque voltei a ter possibilidade de ouvir discos em vinil (estava sem leitor até há umas semanas :-)). É uma canção editada de forma isolada pelo Oldham, através da editora holandesa Artimo, para acompanhar um pequeno livro de fotografias de Erik Wesselo. É uma canção algo "bárbara" e recorda-me os "animais a tender para humanos" que adornam as capas de alguns discos anteriores dele (o desenho da Dianne Bellino para o "Viva last blues", ou a foto da capa do "Joya"). Uma das vezes que veio cá tocar, pedi ao Will Oldham que introduzisse esta canção no alinhamento, e ele dedicou-a no concerto a Old Jerusalem. Tem por isso também esse toque "especial"."



Agradecimentos:
Francisco Silva (Old Jerusalem)
MontijoSound®2016
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