quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

MontijoSound apresenta: Décadas: Os Anos 80.

Os anos 80. É impossível pensarmos na era moderna sem falarmos nos anos 80. Diz-se ser o inicio da idade da Informação e o fim da idade Industrial.
 A Guerra Fria continua a ser travada entre os Estados Unidos e a Rússia, Ronald Reagan torna-se no 40º presidente dos Estados unidos da América e o Príncipe de Gales casa-se com "Lady Di", naquele que seria um dos maiores eventos do ano.
 A MTV era inventada e passava de forma quase hipnotizante "Thriller" de Michael Jackson, para frustração da cultura branca que revoltava-se pela MTV não passar exclusivamente música Rock.
 A Rádio e a Televisão tornam-se importantes percursores da cultura Pop, desde séries de televisão, até música ou mesmo moda entre outros.
 No Desporto, em 1986 a Argentina ganhava o campeonato do mundo depois do controverso golo de Maradona com a mão, chamando-lhe "A mão de Deus", e no cinema, Brian de Palma chega ao seu auge de perfeição em "os Intocáveis".
 Muita coisa aconteceu, mas como sempre aqui na MontijoSound, só nos interessa o que de importante aconteceu na música. Bem-vindos, à década mais importante do século XX: Os anos 80.

O Inicio do Rock Português: Rui Veloso e o "Chico Fininho":
Rui Veloso hoje é considerado por muitos como um dos pais do Rock Português, e o seu surgimento permite a aparição de uma "data" de bandas de Rock. A cultura do Rock Português é altamente influenciada pelo Punk/New Wave da década de 70, sendo que a maioria das bandas que surgiam em meados de anos 80 portuguesas tinham como principal referência os Ramones, os Joy Division, Os Rolling Stones...
Em 1980, Rui Veloso lançava o seu primeiro disco, "Ar De Rock", essencial na influência de várias bandas de Rock português que viria a surgir, sendo que deste álbum extrai-se dois grandes êxitos: "Rapariguinha do Shopping", e aquele que é o máximo legado de Rui Veloso "Chico Fininho", visto como um hino.

Os UHF e a "Rua do Carmo"
De Almada surgia os UHF que seriam essenciais no "Boom" do Rock Português. Depois de terem abrido para uma série de concertos dos Ramones em Portugal, os UHF lançam o extraordinário single "Cavalos de Corrida", visto como a maior proeza do Rock Português. O single chegou quase de forma imediata ao primeiro lugar das paradas portuguesas e os UHF já ganhavam um culto de fãs.
 Depois deste clássico instantâneo, os fãs já pediam um álbum, e em 1981, os UHF lançavam "À Flor da Pele", que era das primeiras grandes obras-primas do Rock Português, que continha também um êxito gigantesco chamado "Rua de Carmo", que tal como seu antecessor, chegava também com tamanha facilidade aos primeiros lugares das tabelas nacionais.

Táxi e a tão famosa "Chiclete"
Altamente influenciados pelos The Police, os Táxi hoje são considerados uma das melhores bandas portuguesas de sempre.
 São notórios por terem conseguido o primeiro álbum de ouro do Rock Português, sendo este álbum de nome homónimo, que continha os hinos alguns dos hinos máximos do Rock Português como "Cairo", "Vida de Cão" ou o extraordinário "Chiclete", que viria a ser um dos maiores hinos da era do Rock Português.
Nota também para um fantástico concerto de apresentação deste álbum em Lisboa em 1981, para abrir para os The Clash, que na altura estavam a apresentar a sua obra-prima "London Calling".
 Em 1982, os Táxi lançam o álbum "Cairo", que teria uma capa singular e polémica para a altura em que a banda punha na capa uma lata em formato circular. Esse álbum chegaria a prata, e para além de conter o enorme êxito "Cairo", continha também grandes clássicos do Rock Português como "O Fio da Navalha" e "1,2, Esq.º Dir.º".

Xutos e Pontapés e o auge do Rock Português
 

 
Apesar de se terem formado em 1978, foi em 1981 que a formação verdadeira era formada: Zé Pedro, Tim, Kalú e Francis eram os Xutos e pontapés.
  Em 1981, a banda lançava "78-82", álbum que libertava singles importantes como o fantástico "Semén".
 Era em 1987 que os "Xutos" iriam ter respeito comercial e crítico com a sua obra-prima "Circo de Feras", que continha mega-êxitos como "Contentores", "Não sou o único".

Mas foi em 1988 que a banda chega ao auge, e com este álbum, chega também o auge do Rock Português. "88", vinha para deleite dos críticos e tal como o seu antecessor, carregado de êxitos desde "Á minha maneira" ou "Para ti Maria".
 O Rock Português foi uma era muito importante para a cultura musical portuguesa, mas muita coisa ainda está para acontecer naquela que é a década mais importante do século XX.
O Shoegaze, Madchester New Wave... Fiquem por ai, porque ainda há muito para ser dito.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

MontijoSound Apresenta: As Escolhas Semanais do Alex D'alva Teixeira... (Com Alex D'alva Teixeira).


Esta semana todo entusiasmo está em torno do Primavera Sound, por isso resolvi escolher um dos nomes confirmados para a edição de Barcelona. Creio que é a primeira vez que os Touché Amoré irão tocar na Península Ibérica. Creio que nos últimos anos tem sido a minha banda favorita de post-hardcore, devido a intensidade presente não só na musica mas também nas letras. A banda liderada por Jeremy Bolm fez-me voltar ao primeiro amor pelo rock, pela sinceridade e honestidade daquilo que é real "aqui e agora": guitarra, baixo, bateria, e gritos que vêm da alma. No entanto, não se assustem, eu faço parte do grupo de pessoas que acreditam que a ultima coisa que o mundo precisa é de "mais uma banda pesada como tantas outras", estes californianos são peritos em escrever canções abrasivas mas igualmente melódicas. Is Survived By é o terceiro longa duração da banda sob o selo Deathwish Inc. Na minha opinião um dos pontos mais altos de 2013. Não é preciso ser o melhor apreciador de punk ou hardcore para perceber os Touché Amoré, se o rock desperta algum sentimento então provavelmente a musica deles fará despertar algo ao ouvinte.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Décadas: Anos 70 (Continuação).

Era Punk/ Pós Punk/New Wave- Os melhores discos


Em 1973, Iggy pop e os Stooges iriam criar aquele que é o álbum pioneiro do Punk. "Raw Power", é visto como um exemplo, contendo letras particularmente violentas e hostis (Search and Destroy, Your Pretty Face Is Going to Hell...), sobre riffs simplistas (2 a 3 acordes), álbum que viria a ser um marco na música Hardcore, e viria a inspirar o Punk tanto nos Estados Unidos como na Grã-Bretanha. 
 Apesar da classe (ou falta dela), este é uma audição algo complexa, onde os ouvintes mais novatos nestes territórios terão alguma dificuldade a adaptar-se ao ambiente sempre tenso e agressivo do álbum, mas para aqueles que investirem verdadeiro tempo, irão encontrar uma experiência gratificante...


Se o Iggy Pop e os Stooges são considerados os Padrinhos do Punk, então os Ramones tem de ser os pais. Nenhuma outra banda esforçou-se tanto para introduzir o Punk na cultura Mainstream, e parece que estes nem tiveram de se esforçar muito...
 Ramones (Homónimo- 1976) soa a cliché, mas não de uma forma má. Como se este álbum fosse de alguma forma uma repetição, mas este sentimento é só para aqueles que descobriram a banda neste milénio, sendo que os vários hinos (Blitzkrieg Bob, beat on The Brat...) do gênero são introduzidos de forma "magnética" na sociedade de hoje, seja em filmes, publicidades...
 Este "Ramones" é o álbum máximo destes, banda que infelizmente, nos tempos de hoje, é reciclada, reutilizada e extremamente requisitada por pessoas que se calhar nunca ouviram esta obra-prima...

Do outro lado do oceano, os Sex Pistols com a sua marca de controvérsia, polêmica e decadência polémica, viriam a criar esta obra-prima "Nevermind The Bollocks". Metade da banda na altura vinha para os concertos ou bêbedos ou muito drogados, e de uma forma, era isso que as pessoas queriam dos Sex Pistols. Sexo Drogas e... bem, o então Punk.
 Infelizmente "Nevermind The Bollock" é o legado máximo da banda que se desvaneceu ofuscado pelo sucesso dos Ramones no outro lado do oceano, dos Wire e depois da inteira cena New Wave/Pós Punk, mas se pensarmos bem, era impossível imaginar estes gêneros sem pelo menos mencionar este álbum...
"Pink Flag" é daqueles álbuns que se olharmos para a contra-capa, parece um álbum que dura uma eternidade, e quem nos dera que durasse, se não fossem as muito curtas mas "orelhudas" músicas contidas no álbum, que a par de alguns já mencionados, é dos álbuns mais inovadores dos anos 70.
 "Three Girl Rumba", "Field Day For The Sundays", são alguns exemplos de faixas muito curtas, mas que desejamos nunca acabar. 
 Estes Senhores hoje ainda fazem música, mas por mais que vivam 200 anos, nunca irão fazer um álbum tão brilhante como "Pink Flag".


Outlando's D'amour revela os Police nas suas influências do Punk e do Reggae, e descobre também um vocalista incansável, Sting, que mais tarde viria a ter uma carreira brilhante a solo.
 Este apesar de ser o primeiro, acaba por ser o mais excitante, completo e altamente gratificante para aqueles que se derem ao trabalho de aprofundar a sua audição.

Brilhante em todos os sentidos, como é igualmente divertido e paródico, sendo que apresenta ao mundo hinos essenciais na história do Rock como "Rock Lobster" ou "52 Girls", sendo que este é essencial na prateleira de qualquer coleccionador "afincado".

Patti Smith revela-se nesta estreia absolutamente estonteante, à medida que a poetisa compõe sobre religião, amor e perda, sempre com os seus habituais escapes de Punk/New Wave.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Hey Joe", o templo escondido.


"Onde é que está o Tascante Rui"? Foi a primeira coisa que disse assim que entrei no ''Hey joe'', um bar de carácter nostálgico, que põe à disposição do visitante uma quantidade absurda de discos vinil, alguns deles extremamente raros de encontrar. O que me leva ao assunto inicial, dado que esse tal "Tascante Rui", é o excêntrico e hilariante dono não só do bar, como também da colecção incrível de discos.
 A primeira impressão que tive do "spot", era que este sítio parece mesmo tirado de um daqueles filmes Western: Sujo, Antigo e 90% dos frequentadores fumam. Mas não ouvi os famosos tiros do duelo do meio-dia, ao invés, puseram "The Stone Roses", para deleite das cerca de 10 pessoas que lá estavam quando cheguei.

 A segunda impressão que tive, foram que havia nas paredes do bar posters de algumas das bandas que cresci a ouvir: The Clash, Joy Division, Ramones... Caramba, em que mais outro lugar é que encontramos uma forca musical de outras gerações "esborradas" na parede? Isto é o "sonho molhado" de qualquer pessoa de 40 ou mais anos que habite no Montijo, ou no meu caso, um rapaz de 15 anos com uma cultura musical fora do normal...

 Por acaso apanhei a banda que ia tocar nesse sábado (dia 1 de Fevereiro de 2014) em ensaio. Os (não tão) famosos "Just Call Me Bubbles Dear", grupo de homens (e um mulher) quase na meia idade, amantes da distorção, mas tocando covers de bandas como os Pixies, The White Stripes ou Beck, mas reinventam as músicas desses artistas para parecerem mais acústicas e mais fáceis de escutar.
 Eu já conhecia o baterista, que me apresentou ao resto da banda. Gente simpática, que não sendo nenhuns virtuosos, animaram o espírito de algumas dezenas de pessoas perto das 22:30, depois de um bom jantar com a banda e o excêntrico Rui sempre a contar piadas, sendo que a maior piada da noite foi ele ter dito que gostava dos The Killers,

 Enfim, para quem gosta de boa música, o Hey Joe, é o sitio ideal para descontrairem ao final da tarde, enquanto bebem um copo de vinho, portanto entrem neste bar com o nome de uma música do Hendrix, e façam o que é suposto fazer num bar destes, ouvir boa música, porque a malta é fantástica, a música é excelente e quem sabe se não reanimamos o espírito do Cobain? Não faz mal nenhum tentar, porque aqui, tudo é possível.