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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Mutantes dão concerto inédito no Sabotage

Rita Lee esteve presente em espírito
Era uma terça-feira comum. O engraçado foi como vim parar ao Sabotage esta noite: Eram 19 horas da tarde quando a Catarina lembra-me que os Mutantes iam estar na capital... 18 euros ainda é algum dinheiro para ver concertos numa terça-feira normal, mas estes não eram os Soviet Soviet ou Alex Chinaskee... Estamos a falar de uma banda pioneira, essencial na difusão do som psicadélico pelas Américas, movimento tropical brasileiro fabrica uma nova incomparável forma de fazer música Pop, com outros arranjos inconvencionais como uso abusado do Fuzz, influencias díspares são exportadas da Grã-Bretanha baroque de anos 60 para o movimento underground nova iorquino... Dessa cornucópia de sonoridades revolucionárias Os Mutantes inventam a musica popular brasileira, o exemplo de toda a musica feita no Brasil (e Américas) até hoje. Sem precedentes ou dúvidas na opinião, o mais difícil seria não ver os Mutantes tocar em Portugal, onde estiveram no ano passado (dezembro) no Hard Club, onde os Boogarins meses antes não só tinham tocado como gravado uma compilação/split com Cave Story ou The Sunflowers. Falo sim dos Boogarins: se existe banda que mais absorveu e mostrou-se descontentada foram os revivalistas de Goiania, uns autênticos "Mutantes" do novo século. À partida Sérgio Dias, um dos responsáveis pela nova aparição da banda no cenário, tendo orientado o grupo na gravação de dois novos discos desde a formação original (Haih... Ou Amortecedor, 2009 e Fool Metal Jack, 2013), iria tocar com Dinho Leme na bateria, um dos sobreviventes, e a encantadora Esmeria Bulari...

Havia pânico na sala

Esmeria dançava, tocava pandeireta... Quase parecia a Rita
Depois de alguns atrasos, perto das 23 horas e 40 minutos ouvia-se "Hoje eu vou sair de casa, vou levar a mala cheia de noção...", seguido de algumas faixas do último disco, começando por esse mesmo "Fool Metal Jack" e "Time And Space", o público estava "cafeínado" mas ainda despertou mais quando se cantou com fervor e saudade "Minha Menina", que já se torna num cartão de visita para ouvintes iniciantes... Tocaram coisas de '71 e do homónimo perfeito (Jardim Elétrico e Pat Macumba) mas o melhor estava guardado para o fim quando tocam "Panis At Cirsense" para deleite das, pelo menos, 100 pessoas a comparecer no Rock Club mais falado de Lisboa. Ainda diziam que 18 euros era justificável se a Rita Lee estivesse presente... No fim, deslumbrado pela sensualidade de Esmeria, puxei-a e sussurrei no seu ouvido: "Querida, eu e você numa banheira de espuma...". ela sorriu e disse "Querido, eu não sou a Rita"... Quase me enganaste.

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