Olhando para a produção de Emanuel Botelho (Sensible Soccers), "Maasai" é só mais um espectro noturno que revela uma artista introspetiva mas segura em todos os instrumentos que utiliza para expressar-se de forma mais emblemática possível, embora estejamos a falar de música minimalista trancada por uma chave que só Surma possuí: Os sintetizadores misteriosos servem de bússola neste acordar pós-coma que nos deixa atordoados pelas cordas e pelos bpm impostos pelo seu drum machine que seguem cada heartbeat mais expetante, irrequieto e inseguro após entrarmos neste daydream... Os vocais etéreos e impercetíveis impedem-nos de acordar deste sonho, à medida que nos afundamos cada vez mais em Maasai sem um bilhete de retorno... Os compressores gelados hipnotizam e entre cada oscilação fazem-nos querer voltar a repetir toda esta viagem num loop que torna-se viciante e a seu tempo terebrante.
Surma é uma pedra rara mas não é a única, no entanto a profundidade, intimidade e nervosismo acutilante que incuta no seu som, o dramatismo e teatralidade por trás da sua voz e a simplicidade que funde ambos torna-a numa das jóias mais promissoras da cena desde Sequin.
O verão mal começa e já desejo acordar no próximo inverno...
Ouçam Maasai de Surma
Sem comentários:
Enviar um comentário