Numa noite em que os Galgo iam tocar no Time Out Bar com Alex Chinaskee e os Camponeses, não restavam dúvidas:@ íamos sair de lá alimentados sonoramente. Como o que é bom demais sabe sempre a pouco, acabámos por ter uma divertida conversa que chegou ao ponto da divagação sobre fenómenos biológicos de répteis... Vejam, aqui, como chegámos à criação do Pica- Rock:
MontijoSound- Então apresentem-se ao mundo, quem é quem, quem faz o quê?
Joana Batista- Sou a Joana, toco bateria.
Alexandre Sousa- Sou o Alex, toco guitarra.
João Figueiras- Sou o Figueiras e toco baixo.
Miguel Figueiredo- Sou o Miguel e também toco guitarra.
Alexandre Sousa- Sou o Alex, toco guitarra.
João Figueiras- Sou o Figueiras e toco baixo.
Miguel Figueiredo- Sou o Miguel e também toco guitarra.
Aí apercebemo-nos que eram duas guitarras e não 1 guitarra e 1 um teclado, pelo menos por agora...
MS- Conseguem explicar o que mudou para a banda depois do Vodafone Band Scout? Houve portas que se abriram? Como é que começaram a tocar juntos, querem falar um bocado do vosso percurso?
Joana- Epá começamos a tocar no secundário e daí fomos formando amizades, algumas já vinham desde muito antes... Houve algumas complicações no passado mas acabámos por desenvolver muita coisa em conjunto e influenciar-nos uns aos outros...
MS- O vosso som é complexo e indecifrável. Como chegaram a esta sonoridade que vos destingue das outras bandas? Eu comparo a teatralidade das vossas faixas "lambirínticas" a nomes como Pinkshinyuultrablast ou Foals sobre ácidos! Que influências moldaram o vosso som?
Miguel- Na verdade acho que foi tudo muito natural, tivemos certas influências sim e fomos sempre ouvindo cenas diferentes ao longo do nosso percurso, mas nunca ficámos presos a uma coisa específica, nunca nos focamos num meio ou num tipo de som, e foi isso que acabou por misturar tudo que ouvíamos e acabámos por chegar a uma sonoridade que para nós fazia sentido. Para ser honesto foi um bocado trabalho de pesquisa, procurar os pedais e o equipamento certo...
MS- Conseguem comparar o vosso som a algo físico? Tipo um vácuo ou assim (risos)?
Alex- Já comparámos por exemplo a ginásio... (risos)
Miguel- Ya! Ginásio, tipo aquelas patadas <<Pim Pim>> (imitando o som)
Figueiras- Ou então mesmo o movimento...
Joana- Tipo Step <<Hun Hun>> (imita o ruído)
Miguel- Ya! Ginásio, tipo aquelas patadas <<Pim Pim>> (imitando o som)
Figueiras- Ou então mesmo o movimento...
Joana- Tipo Step <<Hun Hun>> (imita o ruído)
MS- Porque hoje foi dia de jogo entre o Sporting e o Porto: Porquê trauma de lagartixa e não trauma de águia ou dragão (risos)? De onde surge esse título, qual é a mensagem do grito?
(Risos entre eles)
Figueiras- Essa música vai sempre ficar...
Figueiras- Essa música vai sempre ficar...
MS- Sempre!
Joana- É um grito porque é um trauma!
MS- Que trauma? Que lagartixa pisaram no passado?
Joana- O que acontece quando se pisa uma lagartixa e ela fica sem cauda? Ela vive! Sobrevive ao atentado e a cauda cresce outra vez! É um bocado traumático...
Miguel- Da maneira como interpreto, é um bocado teres o trauma, a lagartixa, e a regeneração da cauda simboliza um trauma desnecessário ou excessivo porque tecnicamente não aconteceu nada de mal à lagartixa... Fica muito fácil sobreviver a esse trauma.
MS- Mas vocês pensaram nisso tudo, foi tudo planeado?
Miguel- As coisas saem bué estúpidas não sei...
Joana- Mas de uma forma foi planeado sim.
MS- O vosso som nasce de um pensamento abstrato, é assim tão gratuito? Parece-me que focam-se muito mais no som e melodia do que propriamente a composição...
Figueiras- Sim porque agora que falamos de "Trauma da lagartixa", nunca foi o nosso objetivo fazer uma música sobre a recuperação de um trauma... (Risos gerais) A música surge de uma jam.
Toda a gente a rir-se da intervenção do Figueiras.
MS- A música surge de uma jam??
Galgo- Todas, sim quase todas!
Joana- É um bocado o contrário de eu escrever uma pauta em casa e dizer "olhem amigos o que eu escrevi!" (risos)
Joana- É um bocado o contrário de eu escrever uma pauta em casa e dizer "olhem amigos o que eu escrevi!" (risos)
Alex- Por exemplo, a letra mínima dessa música surge de um momento no Bairro Alto...
MS- Vocês ensaiam onde?
Alex- No Nirvana Studios, em Lisboa.
MS- São 4 faixas. Porquê EP5 e não EP4?
Galgo- (em uníssono) Por isso mesmo! (Risos)
Joana- É tudo contra isso, queríamos contrariar um bocado o previsível...
Miguel- A cena de serem 4 músicas, nós sermos 4 pessoas...
MS- Existem muitas incógnitas a rondar Galgo... Com 4 faixas na bagageira, vocês dão concertos ou Showcases? Querem falar um bocado das vossas setlists?
Joana- Ah nós não tocamos só essas malhas...
Alex- "Praí" 11, 12... Mas a única cena que temos lançada e online é esse EP, tirando os singles... Mas ao vivo tocamos sempre mais.
MS- Portanto se o pessoal quiser ouvir mais cenas, tem mesmo de ir ver...
Galgo- (em uníssono) exatamente!
"Nunca nos focamos num só meio ou tipo de som, isso acaba por misturar as coisas que ouvíamos em algo que para nós fazia sentido... "
MS- Ou então esperar pelo álbum...
Joana- Ou então esperar pelo álbum...
Galgo- Que está aí quase a sair...
MS- Falem-nos um bocado disso já agora... (risos)
Miguel- Então, acabámos agora há umas semanas de gravar o album no House, estúdio dos PAUS e dessa malta toda fixe, e estamos a pensar lançar esse álbum no final deste ano, entretanto vamos lançando uns singles... É esperar para ver. (risos)
MS- O vosso som pode ser associado a várias vertentes, desde o Pós Rock (Há certas características ambientais, experimentais e/ou progressivas) que vai de forma oposta até ao Math Rock, Psicadélico ou mesmo Psicadelia... Como é que vocês mesmos rotulam o vosso som se o fazem sequer?
Alex- Lá está, a criação vem por instinto, surge de forma bastante espontânea nós não pensamos em fazer "aquele" tipo de música... Vamos tocando e vemos o que sai disso.
Miguel- O nosso estilo já passou por tanta coisa (risos)...
Joana- Isso dos rótulos, acho que é cada vez mais uma coisa do público... Nós só temos de estar preocupados em fazer aquilo que gostamos e fazê-lo bem.
Segue-se uma breve risada sobre Surveillance fazer Shamancore e suas malhas deles, associando-se a sonoridade de Galgo a algo que dá imensa pica, de onde vem o termo "Pica-Rock". Depois disso descreveu-se brevemente a Bistroteca do ano passado: estivemos a explicar aos Galgo tudo o que a Bistroteca veio mudar no Montijo.
Galgo no Time Out Bar Montijo e a sua sonoridade diferenciável e energética à qual chamamos num jeito de brincadeira de "Pica Rock". |
MS- De onde surge o nome Galgo. Que brainstorm canino foi esse?
(risos) Figueiras- Inicialmente nem era a associação ao cão, era para ser uma música...
Joana- Epá basicamente eu tenho um cão.... (longa pausa para gargalhadas) E acontece que eles por acaso curtem bastante do meu cão... e acabámos por ir um bocado nessa onda do brainstorm canino como disseram, fomos ao Wikipédia ver aquelas listas buéda' ranhosas e foi a partir daí. (risos)
MS- Voltando à lagartixa, como surgiu a ideia para o teledisco?
Joana- Tínhamos umas imagens.. Foi pegar na câmara e começar a gravar cenas...
MS- Quem gravou?
Joana- Fui eu. (Gargalhada barulhenta e embaraçada por essa revelação), não me orgulho nada... Mas pronto, foi assim das primeiras experiências que tive a filmar e a editar... Precisávamos de algo naquele momento e foi aquilo que saiu.
MS- Sim essa pressa do público em ver/ouvir material vosso...
Joana- Sim Precisávamos de algo para concursos e outros afins porque estávamos com dificuldades em arranjar concertos, e acabou por correr bem.
"Isso dos rótulos, acho que é cada vez mais uma coisa do público... Nós só temos de estar preocupados em fazer aquilo que gostamos e fazê-lo bem."
MS- Falem-me um bocado da vossa viagem à Hungria, o sítio menos provável para se encontrar uma banda indie portuguesa... O futebol deles é horrível (muitos risos gerais), aposto o meu dedo mindinho em como a música deles também, dependendo da língua que não nos é totalmente favorável! Ofereceram-vos bilhetes low cost (risos)? O que extraíram da viagem?
Miguel- Foi dos melhores concursos que participámos e tivemos a sorte de ganhar! Foi uma viagem brutal. Mesmo! Arranjámos vários concertos, foi mesmo fantástico!
Alex- Houve um em particular no A38, num barco! Esse gig foi memorável, grande cena!
MS- Foi assim tão difícil arranjar concertos?
Figueiras- Para o nosso tipo de som específico? Sem dúvida.
Miguel- É um mercado inteiramente novo, não conhecíamos nada, bares, nada... Nós ensaiávamos na minha casa antes do Nirvana, e para os gigs convidávamos sempre os mesmos amigos, lógico que a cena não ia furar dessa forma...
Joana- Também não investíamos o suficiente na comunicação, divulgação... Também conhecemos desses concursos pessoas que nos ajudaram a propagar a cena. Chegou uma altura em que parámos e dissemos "Ok, bora a tudo, concursos e isso tudo" e de alguns, tivemos resultados bastante positivos...
MS- Depois do Band Scout as vossas possibilidades são quase infinitas, viam-se nesta posição quando começaram?
Figueiras- Nunca vemos nada, mesmo agora não conseguimos olhar para o futuro, é sempre tudo muito imprevisível...
Alex- O Band Scout foi um dos concursos, eu pelo menos não via nada tínhamos sempre os pés bem acentes na terra... Nunca pensámos ir tocar à Hungria ou Alive...
Miguel- Eia o Alive...
Joana- Tudo é bom sim, não há maior probabilidade de crescermos mais a tocar no Alive do que no Montijo... Talvez até tenhamos crescido mais num palco que nem é assim tão conhecido que é o Nirvana.
MS- Se bem que as bandas, quer vençam ou não, que saem do Band Scout acabam por ganhar bastante projeção...
Joana- Têm, mas pode ser aproveitada ou não, depende das pessoas que estejam interessadas nessa projeção... Depende muita coisa na verdade...
Alex- Sem dúvida, nós não ganhámos o concurso, o 1° tinha direito a uma data de regalias incluindo um forte apoio da Vodafone Fm... Acho que para nós o real prémio foi ter tocado no Vodafone Mexefest.
Galgo- Sem dúvida.
MS- O que estão a achar do Montijo?
Miguel- É fixe, estávamos a comentar que o montijo parecia bué as ruas de Cascais...
Começámos todos a rir e a falar desse comentário dificílimo de assimilar, tal não é o contraste entre as duas regiões.
MS- Assim para finalizar, qual é a vossa opinião sobre iniciativas como o MontijoSound como plataforma de bandas emergentes a precisar de exposição, como vocês já foram?
Joana- Eu não me vou expressar relativamente a isso (risos).
Figueiras- Eu li a outra, eia...
Segue-se um riso descontrolado de todos, sendo que o Figueiras, prestes a manifestar-se e responder à pergunta, tem uma branca bastante hilariante, tudo brincadeiras.
Figueiras- Eu li a vossa review do EP5, curti. Acho que essas plataformas são importantes e comparo bastante à cena dos concursos: É tão importante haver plataformas dessas, boas, a divulgar música como é importante para nós dar-mos muitos concertos para nos dar a conhecer mais. Partindo do ponto de partida tem alguma qualidade, e o vosso tem.
Miguel- É como tudo, as coisas começam a ganhar qualidade, é excelente terem uma opinião, seja sobre música ou seja lá o que for, se achas que tens qualidade e é o que sentes, faz.
MS - Tal como fazer música de alguma forma...
Miguel- Exatamente.
MS - Bem, obrigado pela conversa, mandem os vossos cumprimento para o Montijo.
NÓS SOMOS OS GALGO, UM GRANDE ABRAÇO PARA TODA A REDAÇÃO MONTIJOSOUND, BEIJINHOS E ABRAÇOS PARA O TIME OUT BAR MONTIJO PELA CALOROSA RECEÇÃO, À UNTUTORED YOUTH POR NOS TEREM DADO O TOQUE, MUITO AMOR PARA VOCÊS, VEMO-NOS EM BREVE
Agradecimentos
Galgo
TimeOut Bar - Montijo
MontijoSound 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário