Depois de duas compilações com El Salvador ("Grilo do Nillo" e a recente "Só Quero Dormir"), Cuca Monga solta na sua página de Youtube uma terceira faixa para essa compilação Festa Moderna, desta feita uma faixa surpresa com o icónico José Cid, que tinha sido o convidado da primeira Festa Moderna com os Modernos, no Music Box, no passado dia 20 de Fevereiro.
Domingos Coimbra, numa entrevista ao Porta 253 já havia revelado o desejo da label gravar o LP de estreia dos Ganso, que têm como único registo "Costela Ofendida" (Novembro, 2015). José Cid, um artista de culto conhecido por deter o único disco de grandeza progressiva da história da música portuguesa, obra essa "10000 anos depois entre Vénus e Marte", considerado pela crítica especializada (não só lusa) como um disco de referência.
José Cid e os Ganso aqui ouvidos numa faixa de rap chamada "Portuguese Boys", ouçam a faixa em baixo e #PerdoemCid.
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terça-feira, 31 de maio de 2016
French Sisters com festa no Sabotage dia 15 de Junho
Arruaça French Sisters no Sabotage! É a festa de lançamento de "1.Un", a primeira compilação da French Sisters Experience Records & Company, que contará com concertos de Môno!, Alex Chinaskee e os Camponeses e Panado. A noite prolonga-se com Dj set surpresa...
Entrada: 5 euros
15 de Junho das 22:30 às 4:00
Visitem o evento no facebook e ouçam aqui a coletânea.
ATENÇÃO OS 50 PRIMEIROS A CHEGAR RECEBEM O DISCO À PALA. TAMBÉM HAVERÁ
SAQUINHOS COM DOCES E BALÕES
Entrada: 5 euros
15 de Junho das 22:30 às 4:00
Visitem o evento no facebook e ouçam aqui a coletânea.
Critica: Kristina Control- XCommunicate
Não será muito fácil, com o decorrer dos anos comparar Dee Dee a qualquer outra figura, mulher ou homem, músico ou não. Como compositora sabe escrever canções Pop de interpretação fácil e normalmente muito bem recebidas no seu meio de difusão... Dum Dum Girls óbvio que será sempre o ponto mais alto a nível criativo, projeto de Noise Pop que ela cria sozinha no seu quarto no já longínquo 2010. Os tempos mudaram, Dee Dee já não têm tantos traumas de família para escrever, é casada com outro mago do lo-fi pós moderno, Brandon Welchez (Crocodiles) óbvio que têm outras coisas sentimentais para se preocupar, e escrever eventualmente...
Kristina Control é um alter ego criado por essa mesma Dee Dee, que vêm trazer-nos canções Pop, sem, para variar, recorrer a distorções e pedais e... Guitarras! Pop Sintetizado, que revela Dee Dee como uma artista autónoma, livre e com uma facilidade brutal em fazer experimentações com a música Pop. X-Communicate são essencialmente canções de amor, onde Dee Dee revela de forma honesta os seus pensamentos, desejos e acima de tudo ambições com a sua cara metade.
Desde o New/Wave (Show me) até ao retro 80´s Dance/Disco (X-Communicate) até ao Heavy Sinth/Eletro Fusion (Skin Shed), Dee funde todas essas sonoridades mecânicas e elas complementa-se umas às outras, fazendo sentido ouvir, mas acima de tudo escutar. Desde a composição mais simplista até ao som mais nostálgico, Dee começa a habituar o seu público a discos muito coesos e consistentes, sem complicar ou mudar muito a sua natureza de fazer música e isso faz dela uma das rainhas da música Pop alternativa. Kristina Control é um alter ego bem sucedido, que desafoga um bocado Dee Dee do noise a que se submeteu no inicio, mas sem afastar-se da sua composição ambiciosa que a tornam numa figura da música Indie moderna.
Galgo têm teledisco para "Skela"
Galgo, math-progressive rockers com uma sonoridade própria que os destingue das outras raças, libertam o terceiro teledisco depois de "Dromomania" e o já clássico, Band Scout Aknowledged "Trauma de Lagartixa", desta feita para "Skela".
O vídeo têm claro assinatura da Vodafone FM e é gravado numa floresta e num armazém talvez?
"Skela" antecipa o álbum de estreia que segundo eles, poderá sair no final deste ano, depois de já terem gravado as faixas no seu habitat natural, o Nirvana Studios... Podem ler tudo na entrevista que fizemos a Galgo.
Vejam o vídeo em baixo:
O vídeo têm claro assinatura da Vodafone FM e é gravado numa floresta e num armazém talvez?
"Skela" antecipa o álbum de estreia que segundo eles, poderá sair no final deste ano, depois de já terem gravado as faixas no seu habitat natural, o Nirvana Studios... Podem ler tudo na entrevista que fizemos a Galgo.
Vejam o vídeo em baixo:
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Da Chick é astronauta no vídeo de "Chick-A-Boom"
Vinda de outro espaço ou simplesmente da nave espacial Universal Music, Da Chick (vulgo Teresa de Sousa) lançou hoje, dia 30 de maio, o vídeo do single "Chick-A-Boom". O trabalho foi produzido pelo estúdio The Takes.
“[O vídeo do tema é] uma viagem na minha spaceship pelo universo funky que construí e com que sonho. Queria um videoclipe no espaço, mas que ao mesmo tempo fosse real e criado por mim e para mim. Tinha esta ideia já há muito pensada e sabia que o meu amigo Bernardo Gramado (realizador do vídeo para o tema “Cocktail”) era o criativo ideal para trabalhar este Universo Funkadelic. Mais um sonho tornado realidade! Just for da funk of it!”, revelou Da Chick à Antena 3.
Com apenas um álbum, "Chick to Chick", a artista lisboeta está prestes a dar três concertos em França e a espalhar o seu vibrante boogie.
PEIDO PENTATÓNICO!!!!! PEIDO ESPACIAAAL #9: José Sarmento (Reis da República!!!)
Voltamos esta semana com um descuido sinfónico, a puxar para o lado mais natural da coisa, disfarçado de Peido Pentatónico de forma irónica amigos. Estes manos do prog têm sempre muita coisa a dizer, sabem como é, mas o Zé foi buscar este tune ao lado mais deep e sentimental da galáxia de propósito para os nossos caros leitores. Vale a pena ler e ouvir este encontro galáctico com os Reis, que tocam no Musicbox já dia 10 de Junho com Filipe Sambado.
"Nobuo Uematsu foi o primeiro
compositor que me fez verdadeiramente apaixonar pela música. Mais do que
qualquer outro compositor de música erudita ou popular, foi ele que me
demonstrou o poder transcendente dos sons e das suas progressões. Foi
com ele que aprendi que certas ordens de frequências podem invocar
universos de vastas dimensões e provocar emoções que nunca
conseguiríamos traduzir doutra forma.
Colocar
uns acordes atrás dos outros é construir uma história: Uematsu é um
verdadeiro mestre em tecer personagens e planos de fundo por detrás das
suas melodias e acordes. Do início até ao fim das suas peças somos
conduzidos por um fio narrativo que nos apresenta mundos e pessoas com tanta cor e conteúdo que de certa forma nos preenchem com os seus valores e história..
Já
ouvi muitas vezes dizer que o olfato é um sentido com o qual fixamos
muito facilmente momentos na nossa memória, que com um certo perfume nos
conseguimos lembrar de todo um instante passado associado a esse
cheiro. Pois eu acho que nesse aspeto a música tem um efeito
exponencialmente maior. Quando oiço a peça que aqui escolhi lembro-me de
quando a ouvi pela primeira vez, do que senti, do que imaginava com
ela. Lembro-me de tudo por inteiro, absolutamente nada lhe é retirado.
Numa
conversa só pode haver apenas uma pessoa a falar, ao passo que pela
música pode-se ter vários diálogos ao mesmo tempo. A peça que escolhi é
de certa forma essa ideia: num festival, duas pessoas tentam, cada uma à
sua maneira, declarar o seu amor à outra, mas cada nova tentativa é
interrompida pelo barulho ensurdecedor de fogos-de-artifício. Depois de
algum tempo chegam à conclusão de que as palavras não têm lugar ali, e
no final deixam os explosivos falar por elas. Calaram-se? Não. Quando
entraram em silêncio, falaram-se mais do que alguma vez o tinham feito
doutra maneira.
Foi pela "música" dos fogos-de-artifício que se aperceberam de que a mensagem que uma queria trazer à outra era a mesma."
Na foto os Reis da República. José Sarmento à direita |
Agradecimentos:
José Sarmento
Reis da República
Ilic Aleksandar
MontijoSound 2016
Galgo e Salto vão parar no Indie
Galgo e Salto são duas das mais recentes confirmações, anunciadas ontem, para a quarta edição do Indie Music Fest. De entre os novos confirmados estão também os progressivos Jesse e o seu intergalático EP de estreia, Pussywhips, com o seu mais recente single Solidarity e Pixel82, projeto house/techno do portuense Filipe Galante.
Local: Bosque do Choupal, Baltar/Paredes
Passe: 25 euros
Data: 1, 2 e 3 de Setembro
Relembramos aqui a nossa entrevista aos queridos Galgo e quanto a Salto trazemos novidades em breve!
Confirmações:
Savanna
The Walks
Muay
Wild Apes
Solution
Salto
Galgo
Jesse
Pussywhips
Pixel82
Passe: 25 euros
Data: 1, 2 e 3 de Setembro
Relembramos aqui a nossa entrevista aos queridos Galgo e quanto a Salto trazemos novidades em breve!
Faixa da Semana: Melbourne - Ditch Days
Ora bem, há três semanas fizemos uma visita à Pontiaq, para entrevistar os Savanna. Enquanto falávamos de "ferrar o galho", que afinal em Viseu significa só dormir, entram os fantásticos Ditch Days na sala, participando na conversa acerca do significado implícito da expressão. Acabámos por quase combinar um regresso os entrevistar. O que me encheu de motivação para esta futura entrevista foi quando cheguei a casa e vi o videoclip de Melbourne, o primeiro single dos Lisboetas.
Mas que mágica é esta!? (Com sotaque zuca) Que pop tão limpo e dreammy, o refrão que se cola à cabeça durante dias, as backvocals aéreas, as linhas de guitarra solarengas que coincidem com todo o sol que se espalha por toda a música, tudo parece bater certo e nem sei bem por onde começar. Não há dúvida que a Pontiaq tem produzido as bandas mais dreammy da geração em Portugal e neste aspeto os Ditch Days destacam-se pela simplicidade e suavidade do seu som, quase incomparável. Sejamos sinceros, há poucas bandas na tuga com o focus principal no dream pop, o que é uma pena. O que já não é uma pena é estes três gajos terem um dos melhores singles do ano na minha opinião.
Já agora podem dar uma olhada na entrevista aos Savanna aqui.
Mas que mágica é esta!? (Com sotaque zuca) Que pop tão limpo e dreammy, o refrão que se cola à cabeça durante dias, as backvocals aéreas, as linhas de guitarra solarengas que coincidem com todo o sol que se espalha por toda a música, tudo parece bater certo e nem sei bem por onde começar. Não há dúvida que a Pontiaq tem produzido as bandas mais dreammy da geração em Portugal e neste aspeto os Ditch Days destacam-se pela simplicidade e suavidade do seu som, quase incomparável. Sejamos sinceros, há poucas bandas na tuga com o focus principal no dream pop, o que é uma pena. O que já não é uma pena é estes três gajos terem um dos melhores singles do ano na minha opinião.
Já agora podem dar uma olhada na entrevista aos Savanna aqui.
Álbum da semana: Car Seat Headrest- Teens Of Denial
É muito fácil banalizar quase todas as bandas Indie do momento. Difícil é, com toda a honestidade e rigor, destacar uma cujo a letra seja tão (ou mais) divertida de aprofundar como é toda a mecânica e engenharia de som, por vezes muito levadas a sério por bestas da cena (My Bloody Valentine, Pavement)...
Divertido tornou-se, também, analisar a fundo e dar crédito merecido a um compositor de 22 anos, cujo seus contributos na cena Punk/Indie têm sido banalizadas, até agora... Até ele mesmo pareceu banalizá-las ou não levá-las tão a sério depois do low cost "Teens in Style". Tudo audições aceitáveis não me levem a mal, estamos a falar da Matador Records (Sonic Youth)... Porquê divertido?
Em "Teens of Denial" vemos Will mergulhar de cabeça numa piscina do tempo onde regressa a todos os seus desgostos e poços de adolescência, e agora olha para eles como se tratasse de uma brincadeira, retratando-os de forma mais simples, no entanto, marcante possível.
Música minimalista no seu máximo esplendor: Os vocais de Toledo fazem regressá-lo no tempo sim, numa constante troca de cordas vocais entre Casablancas e Flowers, como se ambos estivessem a ditar últimos pensamentos. Aqui Toledo revela-se um compositor instável e com traumas pós-adolescência/vida jovem adulta, que podem ser ou tão facilmente identificáveis como em "Just Wanted/Just What I Needed" ou mal encaradas como em "Drunk Drivers/Killer Whales", mas tudo isso deixa de importar a partir do momento em que Toledo mostra-nos resiliência e uma eterna melancolia na ultrapassagem desses episódios que ele mesmo insiste em retornar. Importante relembrar que este foi gravado num estúdio e não num gravador de quatro pistas, produzido por Steve Fisk... Enfim, tudo aqui soa a legítimo.
Em suma, "Teens of Denial" é um disco conceptual raso e de penetração fácil, mas não precisava de ser profundo: em poucas palavras Will resume a sua adolescência sem parecer minimamente arrependido, uma verdadeira transição do hobbie para a profissão, do desarrumado para o organizado... Uma caminhada verdadeiramente triunfante.
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Nick Cave anuncia novo disco para final deste ano
Nick Cave no Primavera Sound 2013 |
Ouçam Push The Sky Away de Nick Cave
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Melody's Echo Chamber partilha faixas inéditas gravadas após o seu disco de estreia
Melody Prochet partilha nas redes sociais uma coletânea de faixas gravadas após o seu aéreo, pedal full Parker-produzido brilhante disco de estreia homónimo "Melody's echo Chamber" (2012), faixas essas que foram gravadas em 2013 quando Melody ainda vivia na Austrália com Kevin, quando ambos estavam juntos e em Tour com as suas respetivas bandas (Tame Impala).
Em 2014 Melody's Echo Chamber liberta o funky-groovy "Shirim", muito distante desse som conseguido com essa produção extravagante de Kevin Parker, que utiliza os mesmos recursos e ferramentas que utilizou para gravar o clássico revivalista "Innerspeacker" (2010), e assim a media voltou a por em cima da mesa a possibilidade de Melody estar a gravar um novo disco, sozinha, desta vez em França, Puyricard, a sua terra natal.
Podem ouvir essas novas faixas de Melody's Echo Chamber aqui
Em 2014 Melody's Echo Chamber liberta o funky-groovy "Shirim", muito distante desse som conseguido com essa produção extravagante de Kevin Parker, que utiliza os mesmos recursos e ferramentas que utilizou para gravar o clássico revivalista "Innerspeacker" (2010), e assim a media voltou a por em cima da mesa a possibilidade de Melody estar a gravar um novo disco, sozinha, desta vez em França, Puyricard, a sua terra natal.
Podem ouvir essas novas faixas de Melody's Echo Chamber aqui
"Future Present Past" é o primeiro registo dos Strokes desde 2013
A banda com a ajuda da sua label Cult Records, já havia libertado alguns teasers sobre "Future Present Past", nomeadamente short videos com o nome da label e da banda em Nova Iorque e Londres, o que só criava mais expetativas em relação à possibilidade de surgirem novas músicas da banda ainda este ano.
Agora The Strokes anunciam "Future Present Past", EP de três faixas, que conta ainda com o single "Oblivius" que a banda já disponibiliza no Youtube e na página da Cult Records.
Quanto ao novo disco, esse o sexto longa duração da banda, ainda está para ser anunciado muito brevemente e estas faixas poderão ser incluídas no LP, como já tinha dito Julian Casablancas numa entrevista recente para falar deste novo EP.
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Entrevista aos Savanna
Miguel Vilhena, Tiago Vilhena e Pedro Castilho. Os Savanna começaram em Viseu e vivem a vida ao rubro com confettis, um imaginário sádico e "Dreams To Be Awake" na manga.
Já podes ler a entrevista, se não queres "ferrar o galho".
MS: Vocês lançaram o vídeo da música "Get it Right". De que formas é que o vídeo se enquadra na música e em que é que se basearam para o fazer?
Miguel Vilhena: Sonicamente, a "Get It Right" difere um bocadinho das outras músicas que a gente tem feito. Surgiu a tentativa de fazer uma coisa um bocadinho mais plástica, acho que se nota que há menos elementos orgânicos naquela música do que nas outras... Foi uma espécie de uma experiência, tentar procurar esse caminho mais marcado e um bocadinho mais quadrado. Fez sentido para nós que, no videoclip, se inserisse essa estética um bocadinho mais plástica, daí termos seguido um caminho mais digital em que usámos técnicas mais modernas, ao contrário da "Gods We Are" em que usámos película em super 8 e é um vídeo muito mais orgânico. A ideia do vídeo era seguir mais um bocado essa vertente mais rija da música, que é um bocado diferente das outras músicas do disco.
MS: Reparámos que a cor é importante no vídeo deste single. O factor cor é um elemento muito presente no álbum que aí vem? Pensaram muito nisso ou foi espontâneo?
Tiago Vilhena: Em relação a isso temos sempre atenção. Tanto nos vídeos, como nos concertos normalmente pedimos ao técnico de luz para usar esta cor, aquela cor... Nos videoclips, principalmente nas capas de singles até... Sei lá, no disco usámos tons assim mais pastel e esbatidos...
Miguel Vilhena: Tem bué piada referirem isso, por acaso nós ligamos muito a essa questão mais cromática mas sem nunca falarmos muito sobre esse assunto e por acaso... Tenho uma ideia mesmo fixe para a capa do próximo disco e a cor desse disco já está mais ou menos decidida na minha cabeça. Mas é segredo.
MS: Quanto à cover que lançaram em julho de 2015 da música "Lord Of This World" dos Black Sabbath... De onde surgiu a ideia de fazer algo desse género?
Tiago Vilhena: A ideia de ser Black Sabbath foi do Miguel. Sempre quisémos fazer uma cover, sempre tivemos mil ideias para mil músicas diferentes, já tocámos algumas covers na altura do EP, mas desde o lançamento do álbum nunca nos decidimos a fazer uma. Surgiu esta porque ele deu esta ideia e um dia chegou ao estúdio e fez a cover.
Miguel Vilhena: Eu sou mesmo bué fã de Black Sabbath, mesmo bué. Na altura que fiz essa cover andávamos a discutir qual é que queríamos fazer. Toda a gente tinha sempre mil ideias, principalmente o meu irmão que todos os dias sugeria para aí dez músicas... E eu há bué tempo que achava que aquela malha (não da maneira como é a música original) tinha ali um feeling escondido que eu gostava bué de explorar. Um dia cheguei ao estúdio e decidi: "Vou pegar nesta música, tentar seguir este caminho que eu tenho na cabeça para esta música". Fiz aquilo, eles curtiram e decidimos que fazia sentido lançar como Savanna.
Tiago Vilhena: A ideia do vídeo tinha surgido até antes dessa música existir.
Miguel Vilhena: Pois é, pois é. A ideia era tua, acho eu.
Tiago Vilhena: É capaz. Depois adaptámos aquilo, fizemos aquilo na cozinha, com coisas da cozinha ali à volta e todos apertados.
Miguel Vilhena: Comprámos um daqueles sopradores de jardim para soprar as folhas e limpar o chão das ruas e um percussionista amigo nosso foi tipo o "técnico dos confetis". Pegou naquela cena e ia despejando os confettis para cima dos sopradores.
Os irmãos relembram que a pressão dos 5kg de confettis gastos chegava a magoar, tal era a espessura destes. Ficámos a descobrir mais uma das maravilhas das lojas de carnaval, inclusive ideias para futuras partidas.
MS: Quão importante foi a influencia dos Black Sabbath no vosso som e que outras bandas também tiveram impacto na vossa sonoridade?
Miguel Vilhena: Black Sabbath... já são os Reis do Riff , eu sou mesmo muito fã do "riffzão" e há algumas músicas em Savanna que eu tentei seguir mais esse caminho. Por exemplo, na "Dreams To Be Awake" há ali uma parte super dreamy e espacial e depois, de repente, há um contraste mesmo bruto (imita o riff da música). É bué Black Sabbath, aquilo. A "Gods We Are" também é um bocado... Há bué influência de Black Sabbath mas acho que de uma maneira muito menos óbvia. Imagina, uma das nossas maiores influências e acho que posso falar pelos três, é a música brasileira. Música brasileira dos anos 60 e Black Sabbath são coisas que não têm nada a ver uma com a outra. Eu não consigo encontrar nenhum paralelismo entre uma coisa e outra mas influenciam bastante e acho que se consegue notar as duas coisas ali, isso é fixe.
MS: Qual é que consideram que foi o ponto de viragem para o início do vosso sucesso? Aquela volta tipo "wow, agora temos meio caminho andado"!
Miguel Vilhena: Imagina, quando lançámos o álbum somos capazes de ter sentido "OK, houve aqui um boost fixe!"
Tiago Vilhena: Houve, mas foi gradual!
Miguel Vilhena: Eu sei de uma altura em que eu senti "Epá, pera aí que isto até está a resultar", que foi quando fomos tocar a Coimbra e éramos a única banda. Estávamos mesmo "porra, quem virá aqui para nos ver?" Era uma sala gigante e estava cheia de pessoal só para nos ver... Eu até fiquei um bocado emocionado! Do tipo "o que é que se passa aqui?". Foi mesmo fixe...
Tiago Vilhena: Se bem que estavam sempre a chamar-me de Bernardo, não sei porqe (risos)!
MS: Quais os concertos futuros que mais vos entusiasmam?
Tiago Vilhena: Alive, Indie, Maus Hábitos... Estamos entusiasmados com todos!
No entanto, chegam a um consenso: Aguardam com a mesma pica pelo concerto no "Maus Hábitos" porque curtem muito do Porto e desta vez irão tocar sozinhos.
MS: Agora um pequeno desafio. Se cada faixa do vosso álbum "Dreams To Be Awake" fosse a BSO de um filme ou sonho marado, qual é que seria a história de cada faixa?
Miguel Vilhena: A primeira malha, "Destruction Derby"era um fim do mundo: o mundo a acabar, tudo a explodir em milhões de cores por todo o lado. Como se estivessem a explodir confettis por todo o lado, tudo a morrer! Imagina, tudo a ser desmembrado mas todos bué felizes.
Tiago Vilhena: "Fancy Pants" é um estado de perfeita confusão em que podes estar num sítio completamente normal e nada está a fazer sentido, apesar de não haver nada a fugir à regra. A percepção que tu tens em relação a isso é como a letra diz. É só uma cabeça a não perceber o meio envolvente.
Pedro Castilho: A "Hot Winds" é uma viagem de carro a beira mar, num final de tarde depois de um dia bom.
Tiago Vilhena: O título da música é uma tentativa de representação e sentires assim uma brisa no verão, na cara, e sentires-te bué bem.
Miguel Vilhena: A "Safari" (risos)... Como é que eu vou explicar isto? Estás a ver aquela música "Quando alguém nasce, nasce selvagem" (trauteia a música), só que com um bocado menos de azeite? É essa música, com uma letra diferente e com um instrumental diferente.
Tiago Vilhena: "The Lab" é um sítio que nós frequentávamos muito, já não existe. Existe o upgrade... Mas é um sítio na Graça, que se chamava "O Laboratório" e agora chama-se "A estrela de não sei quê ". Aquilo era um sítio espectacular e estávamos lá mesmo muitas vezes. Eu cheguei a dormir lá noites seguidas. Foi a última música a ser escrita, pensámos em escrever sobre o que tínhamos feito ultimamente.
Miguel Vilhena: "Dreams To Be Awake" fala sobre sentires que depois de muitos entraves para fazeres alguma coisa, finalmente percebeste como é que se faz, avanças com confiança para fazer isso mas ao mesmo tempo olhas para o caminho e lembras do percurso que foi até lá chegar. Apercebes-te do quão importante foi esse percurso. Só que isto mais divertido e menos chato. A "Rise Of The Newborn, secalhar nunca disse isto mas esta música é um bocado uma ode aos "10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte". Este tema é o que tá na letra, é tipo estão quase a passar aqueles 10 000 anos...
Epá mas acabei de perceber que me enganei! Eu acabei de dizer que na nossa letra estavam quase a passar os 10 000 anos para poderes voltar a terra, como o José Cid diz, mas devia ser 9 000, por isso acabaste de me apanhar aqui num erro crasso. Afinal a música não é nada sobe os 10 000 anos, é sobre uma história parecida (risos).
Tiago Vilhena: Só que em vez de serem 10 000 anos eram 20 000 e foi isso tudo que foi pensado nessa altura.
Miguel Vilhena: OK, "Gods We Are" é sobre alguém que é buéda boss e olha para outra pessoa, consegue ver nessa pessoa o potencial e dá-lhe a mão para ficar Boss com ela. Mas alguém que já conseguiu chegar a um nível de olhar por cima e apercebe-se que há alguém que tem o potencial mas ainda não chegou onde ele chegou... mas ele vai-lhe dar a mão para eles juntos poderem ser o Boss.
MS: Voces pensam em algo em específico quando dizem isso? Um grupo de pessoas, por exemplo?
Miguel Vilhena: Sim, muitas vezes sim... Epá, eu não posso dizer isto. Posso dizer. Por exemplo, a "The Fix" é sobre o Pedro Castilho.
Pedro Castilho: E eu não sabia disto...
Tiago Vilhena: Eu também não!
Miguel Vilhena: Não é só sobre o Pedro Castilho, mas pronto..
Pedro Castilho: Ele dedicou-me uma música, que querido...
Miguel Vilhena: A "FuzZzZz" é sobre dormir. Dormir é fundamental.
MS: Então calma, se estamos a falar de um sonho, se cada faixa fosse um sonho... essa seria sobre dormir num sonho, ou seja, é um Inception. Se formos bem a ver...
Miguel Vilhena: Pois, porque esta música não só sobre dormir, é sobre ter sono, é tipo sobre... "ferrar o galho". Não sabem o que é "ferrar o galho"? É dormir. Parece que quer dizer outra coisa (risos gerais)
Miguel confronta um membro dos Ditch Days que vem cuscar a entrevista e pergunta se este conhece o significado da expressão "ferrar o galho". Segue-se uma agradável e perversa sessão de esclarecimento das possíveis conotações. Qual será a possível origem dessa expressão? Fica a dúvida no ar... Ao que todos concluem que a "FuzZzZz" pode ser sobe dormir todo nu.
Tiago Vilhena: Olha, a "Destruction Derby 2", para mim, é a música mais triste de todo o sempre. É uma tristeza... de todas as músicas, pelo menos, que estão aqui.
Miguel Vilhena: Há uma coisa bué engraçada sobre esta música. A letra desta música foi escrita por mim e pelo Tiago e os dois tirámos conclusões diferentes do que estávamos a escrever. Para mim, é uma letra feliz, para ele é uma letra triste.
Tiago Vilhena: Mas mesmo uma tristeza horrorosa... Não gosto muito de pensar nisso.
Nisto concluem que triste é "Estou Triste", de Caetano Veloso.
Miguel Vilhena: A "Farewell" é sobre dizer Adeus. Mas se fosse um vídeo era tipo um GIF de uma hora, comigo a dizer adeus (exemplifica teatralmente e de forma graciosa) ao Pedro e ao Tiago. E eles estavam lá ao longe, no mar, num barquinho a dizer adeus.
MS: E tu em terra e eles é que iam?
Miguel Vilhena: Epá não sei, podia ser ao contrário...
Tiago Vilhena: Olha, já sei, pode ser como no "Jurassic Park" quando a terra se abre mas tu não ficas tipo "Não, não vás!", aceitas essa separação porque tem que acontecer.
MS: Se houvesse um filme sci-fi de "Dreams To Be Awake" e fossem os protagonistas, qual seria o papel de cada um?
O Tiago sugere um filme "frito" realizado pelos Led Zeppelin "The Song Remains The Same" em que cada membro da mítica banda desempenha o papel dele próprio.
Miguel Vilhena: Imagina um planeta tipo Blade Runner onde há naves espaciais, mas uma cena pós-apocalíptica. Tudo f*dido. Mas assim mais afastado da zona urbana, há um castelo medieval gigante e eu sou uma espécie de um mago que é o dono do castelo, malvado e tenho uma espada. Mando poderes e tenho uma espada.
Tiago Vilhena: Eu sou um gajo que controla a água. Consigo fazer com que a água congele, fique líquida, com que fique vapor... Eu própria, como tenho água no meu corpo, consigo voar. Se eu não gostar de ti, ao teres água no teu corpo eu posso secar-te (faz sons estranhos de feitiços mortais)... Mas eu não ia fazer isso porque eu não ia ser vilão.
Miguel Vilhena: Eu queria ser um mau que tem um fundo bom, tipo o Satan do Dragon Ball.
Pedro Castilho: Eu não vou chegar a lado nenhum, com a minha personagem. Vou só andar lá a fazer viagens no tempo.
MS: A fugir destes gajos?
Pedro Castilho: Sim e só ando a ver. É o que eu sou.
A conversa desvia-se para a obra-prima que é "Mosca na Sopa", de Raúl Seixas, que contém um som irritante de mosca produzido por um sintetizador. Voltamos à conversa dos personagens...
Tiago Vilhena: O problema de ter este poder é que ele é mesmo muito poderoso e eu não quero fazer mal às pessoas mas naquelas alturas em que alguém me irrita eu ia ter o impulso de fazer uma coisa que depois me ia arrepender. Quando há muito poder, isso pode ser mau... Até o Tio do Homem Aranha diz isso ao Homem Aranha: "Com grande poder vêm grandes responsabilidades".
Inicia-se uma conversa sobre os benefícios do poder da paragem do tempo. Miguel cobiça avidamente este poder e sugere uns planos maléficos para o seu uso.
MS: Vocês têm algum ritual nos ensaios e antes dos concertos?
Respondem que Pedro já tentou implementar o abraço de grupo, que não chegam a fazer, poque "tá sempre tudo mal disposto".
MS: O que é que podemos esperar para o novo álbum e o que é que muda deste o último?
Miguel Vilhena: Há montes de ideias, mas não é por ser segredo, mas nós nem temos a certeza do que é que vai entrar e o que é que vamos descartar. Ainda estamos muito a apalpar terreno, nós também não sabemos...
Tiago Vilhena: Desde que saiu o álbum, todos nós desenvolvemos técnicas e gostos pessoais. O próximo álbum é capaz de ser uma fusão de todo este desenvolvimento que tivemos.
terça-feira, 24 de maio de 2016
segunda-feira, 23 de maio de 2016
PEIDO ESPACIAL!!! #8 - Eternal Champions !!!
Devemos admitir que andámos um pouco ás voltas esta semana... Gastámos bastante combustível espacial à procura do candidato ideal para efetuarmos a nossa próxima paragem, e eis que ele aparece, no meio de poeiras galáticas, afinal esteve mesmo à nossa frente o tempo todo! Pedro Zina, o baixista de Cave Story, o senhor por detrás de Eternal Champions é quem se arrisca a libertar a metanosa sugestão que aparece diante dos vossos olhos na forma de um suave traque matinal.
"Escolho esta canção porque houve uma altura aqui há uns tempos em que a ouvia todos os dias ao acordar. Acabou por ser literal com o título da música, mas por coincidência. Não sou de associar músicas a funções, no entanto esta acabou por desempenhar esse papel na perfeição. Os seus 9 minutos e tal era o tempo que eu demorava a despachar-me e a pensar no dia que tinha pela frente. Deixava-me sempre bem disposto. O Kurt tem no entanto a dose certa de nostalgia ao acordar. Nem todos os dias são incríveis e muitas vezes cruzam por nós sem percebermos o que se passou.”
Agradecimentos
Eternal Champions
Hatsize Records
Eternal Champions
Hatsize Records
Pedro Zina
Raquel Lains
Cave Story
Montijosound 2016
Faixa da Semana: Eternal Champions- Merry-go-round
A música Pop feita em Portugal tem ganho contornos interessantes ao longo dos anos, daí surgem editoras cujo único interesse passa por fazer Rock sem soar a algo violento ou devoluto... Algo convencional que se interligue à mecânica simples de composição que por sua vez estabelece um caso amoroso com a melodia e consciência do conteúdo lírico exposto...
Ainda mais engraçado torna-se, ver um baixista de uma banda de Pós Punk com influencias garageiras (ou não) a tocar malhas de outras décadas (70's talvez?), sair da sua zona de conforto e revelar-se um autêntico fabricante de canções fáceis: de ouvir, de recordar, de adorar... Enfim, Pop na sua única forma possível de conceção.
Eternal Champions surge das mãos e mente instável (no sentido pro-ativo) e por sinal bastante aberta a novas sonoridades, de Pedro Zina (Cave Story), que vem dar o corpo e voz a um manifesto que à primeira vista poderá ser incompreensível aos olhos de quem o vê, mas para os ouvidos de quem a ouve, terá aqui uma das faixas mais agradáveis, Summer-friendly que podia ter surgido de qualquer artista português, se este tivesse a mesma criatividade e engenho para um fabrico desta intensidade harmoniosa e simplicidade de acordes, riffs nostálgicos que Pedro faz questão de soar num eco que nos traz de volta a uma década quimérica traduzida num lettering lo-fi de anos 90, falo de "Merry-Go Round", que Pedro submete pelo nome de Eternal Champions.
O tema, esse não foge as oscilações de qualquer relacionamento amoroso, aqui é possível captar alguma honestidade, vivida ou não, que tornam Pedro num músico sensível e capaz de transpor algo muito mais profundo e inalcançável que o seu baixo em Cave aparenta, baixo esse gravado por ele nesta faixa, tal como a guitarra, tirando a bateria do seu compatriota Ricardo Mendes (Cave Story, Leaf) e um sintetizador açucarado (Catarina Branco), que se contradiz com a acidez e alguma frustração na expressão vocal de Pedro: "Ask the questions in a way to sound not profound, Merry-Go-Round, Merry-Go-Round", contraposição essa depois confirmada pelo mesmo, sem soar maldoso ou ressabiado ele diz e repete "I'm Fine".
Eternal Champions é uma surpresa sim, mas como todas as surpresas há sempre uma incógnita: Será o embrulho mais bonito que a prenda? Mesmo se for, este single vale por muitos LP's que tenho ouvido ultimamente...
Ouçam Merry-Go-Round de Eternal Champions
Ouçam Merry-Go-Round de Eternal Champions
Álbum da Semana: Isn't Anything - My Bloody Valentine
Hoje o álbum da semana vem na sequência do aniversário de Kevin Shields, que completou dia 21 de Maio 53 anos. Lembro-me da primeira vez que ouvi falar de shoegaze, estava na biblioteca municipal e aparece o Luis (Teixeira) e fala-me de My Bloody Valentine, de The Jesus and Mary Chain e No Joy, de todo o mundo a rondar o noise e os movimentos underground, do olhar para os sapatos... Pensei "quem é que queria ir ver uma banda que olhasse para os pés todo o concerto"... Cheguei a casa e ouvi Loveless todo de uma vez. Anos depois tomei a cena shoegaze um pouco mais a fundo e peguei na discografia de My Bloody Valentine. Isn't Anything foi o disco que mais me ficou na cabeça de todos eles.
O disco foi lançado em Novembro de '88, o primeiro álbum de longa duração dos irlandeses, para muitos o disco que marca o início do shoegaze. Começa com um atípico Soft As Snow (But Warm Inside), mas que já tinha a guitarra distorcida presente em todo o disco, com as vocais mais perceptíveis de todo o álbum, cantadas por Kevin Shields, onde se fala explicitamente da prática do amor, com especial destaque para o baixo de Debbie Googe. Continuamos com Lose My Breath, a minha favorita do álbum, que é no fundo uma das faixas mais melancólicas e introspetivas de My Bloody Valentine. Uma guitarra acústica ecoada, com poucos e simples acordes, mas que funciona na perfeição ao criar a atmosfera densa na qual as vocais de Bilinda Bitcher sobressaem. O refrão não passa de um simples "uuuhhh uhhh", como a banda nos habituou ao longo dos tempos, mas os versos estão carregados de um sentimento muito mais negro que o normal em MBV. Depois disso Cupid Come e (When You Wake) You're Still In A Dream, ambas com vocais de Kevin Shields e riffs ruidosos, mas perceptíveis e alegres, algo catchy, o segundo mais devastador que o primeiro. No More Sorry é aquela faixa para se ouvir deitado na cama o dia todo enquanto se chora por alguma razão. Um ambiente ruidoso completado por uma melodia extremamente pessoal para Bilinda, acerca do pai do seu filho Toby, que a maltratava - "Loved me Black and Blue".
Segue-se o mesmo ambiente dreamy com All I Need, vocais quase num jeito spoken word, agora sim, já impercetíveis, duas notas que se repetem ao longo da faixa e apenas duas, alternando como ondas, são tantos os pedais que e impossível perceber quais são, apenas se sabe que o som é agradável, é agridoce, distorcido mas suave, uma antecipação do que há em quase todo o Loveless. Feed Me With Your Kiss vem acabar com os sonhos, o disco acorda, uma bateria demolidora mas as vocais continuam longas. Potente esta faixa, assim como Sueisfine, que será exatamente isso, uma miúda chamada Sue que está fine, ou não tão fine, já que a música se relaciona com suicídio. A energia quebra um pouco em Several Girls Galore, mas retoma o seu pico em You Never Should, o tremolo é evidente, tremolo esse que se popularizou em Loveless. Nothing Much To Lose mantém o registo das faixas anteriores e I Can See It (But I Can't Feel It) vem finalizar abruptamente o álbum. Mais uma vez temos uma canção deprimente cantada de forma alegre em algo como don't worry, está tudo bem e a vida continua, tocada com guitarra tremolo e guitarra acústica para soar bem bonitinho, cantada com frases longas e dreamy, o que resume o álbum numa só frase no fundo.
Ouçam aqui o álbum completo.
O disco foi lançado em Novembro de '88, o primeiro álbum de longa duração dos irlandeses, para muitos o disco que marca o início do shoegaze. Começa com um atípico Soft As Snow (But Warm Inside), mas que já tinha a guitarra distorcida presente em todo o disco, com as vocais mais perceptíveis de todo o álbum, cantadas por Kevin Shields, onde se fala explicitamente da prática do amor, com especial destaque para o baixo de Debbie Googe. Continuamos com Lose My Breath, a minha favorita do álbum, que é no fundo uma das faixas mais melancólicas e introspetivas de My Bloody Valentine. Uma guitarra acústica ecoada, com poucos e simples acordes, mas que funciona na perfeição ao criar a atmosfera densa na qual as vocais de Bilinda Bitcher sobressaem. O refrão não passa de um simples "uuuhhh uhhh", como a banda nos habituou ao longo dos tempos, mas os versos estão carregados de um sentimento muito mais negro que o normal em MBV. Depois disso Cupid Come e (When You Wake) You're Still In A Dream, ambas com vocais de Kevin Shields e riffs ruidosos, mas perceptíveis e alegres, algo catchy, o segundo mais devastador que o primeiro. No More Sorry é aquela faixa para se ouvir deitado na cama o dia todo enquanto se chora por alguma razão. Um ambiente ruidoso completado por uma melodia extremamente pessoal para Bilinda, acerca do pai do seu filho Toby, que a maltratava - "Loved me Black and Blue".
"Ever since Isn’t Anything I had panic attacks. Toby’s dad treated me
really bad, which I’ve told about in No More Sorry. All of a sudden he
wanted joint custody and I was frightened. The hypnotic therapy made
things from my childhood resurface which explained why I had been living
with such a man. I was a nervous wreck and I realised that a lot that
happened when I was a kid shouldn’t have happened. A lot of it came out
in my lyrics. A lot of discomfort."
Segue-se o mesmo ambiente dreamy com All I Need, vocais quase num jeito spoken word, agora sim, já impercetíveis, duas notas que se repetem ao longo da faixa e apenas duas, alternando como ondas, são tantos os pedais que e impossível perceber quais são, apenas se sabe que o som é agradável, é agridoce, distorcido mas suave, uma antecipação do que há em quase todo o Loveless. Feed Me With Your Kiss vem acabar com os sonhos, o disco acorda, uma bateria demolidora mas as vocais continuam longas. Potente esta faixa, assim como Sueisfine, que será exatamente isso, uma miúda chamada Sue que está fine, ou não tão fine, já que a música se relaciona com suicídio. A energia quebra um pouco em Several Girls Galore, mas retoma o seu pico em You Never Should, o tremolo é evidente, tremolo esse que se popularizou em Loveless. Nothing Much To Lose mantém o registo das faixas anteriores e I Can See It (But I Can't Feel It) vem finalizar abruptamente o álbum. Mais uma vez temos uma canção deprimente cantada de forma alegre em algo como don't worry, está tudo bem e a vida continua, tocada com guitarra tremolo e guitarra acústica para soar bem bonitinho, cantada com frases longas e dreamy, o que resume o álbum numa só frase no fundo.
Ouçam aqui o álbum completo.
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Old Jerusalem liberta video para faixa "A Charm", do muito aclamado "A rose is a rose is a rose"
Francisco Silva, Old Jerusalem (By Leonel Sousa) |
Depois de um primeiro video para "One for the dusty light", Old Jerusalem lança video para "A Charm", primeira faixa desse tão elogiado 6º trabalho do Cantautor português Francisco Silva, que compôs integralmente cada faixa, beneficiando da colaboração de músicos como Filipe Melo, ou Pedro Oliveira...
O video conta com o apoio da Antena 3 e já pode ser visto no Youtube. Vejam o video em baixo:
Vejam aqui a nossa entrevista a Old Jerusalem
Los Waves anunciam despedida com faixa inédita
Agora a banda despede-se e deixa-nos este presente de despedia, intitulado "Dreamin'". Até mais e obrigado pelos três anos de música fantástica!
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Costa Brava dá festa privada no Penicheiros
A sempre jovial e burlesca Família Costa Brava têm o prazer de apresentar no Bar dos Penicheiros no dia 27 de Maio, numa sexta-feira, uma noite onde as risadas, o álcool e outros prazeres da vida nocturna são garantidas, já para não falar nos concertos de Panado, Cláudio Manuel Papel de Crocodilo (Cláudio Fernandes, PISTA) e os DJ's Costa Brava que vão animar o resto da noite mais 'marada de Maio!!
Panado |
A ENTRADA É LIVRE E DEPOIS SEGUE-SE UMA CURTA VIAGEM ATÉ AO POUCA TERRA
Ouçam Panado
E Pista
E Bro-X
E Nicotine's Orchestra
Entrevista a Panado: "Somos todos muito novos estamos em fase transição. (...) Cada vez que subimos ao palco vamos crescendo um bocado mais..."
Fomos falar com a banda do momento, os Panado, trio de Lisboa que se deixa envolver com o psicadelismo e o garage sem ter sequer construido uma ponte sobre ambas. É rock fácil. É roque felino.
Lourenço- É para isso que nós cá estamos.
MS-Primeiro, alguém pode explicar a capa do vosso já extinto "Épê", aquela do Creepy Cat? Está fantástico e assustador ao mesmo tempo, quem desenhou isso? Ou foram buscar à net?
Capa de "Épê" ou Creepy Cat album, de Panado (2015) |
Diogo- A capa é de um gajo chamado Louis Wain, era um pintor inglês dos anos 20/30, e ele era obcecado por gatos...
Lourenço- E esse pintor acabou por desenvolveu esquizofrenia...
Diogo- E depois devido a viver tanto tempo com gatos começou a desenvolver uma esquizofrenia...
Lourenço- Quer dizer, eu acho que ele já tinha... Aquilo é super interessante porque tu consegues ver perfeitamente a evolução da doença nas pinturas. Ele ao longo dos anos foi sempre pintando gatos, e à medida que o tempo passava, os gatos tornavam-se cada vez mais disformes. Nas primeiras pinturas são gatos normais, são pinturas mais ou menos realistas, e no fim já nem se nota que está lá um gato....
Tens de ir procurar isso, vais curtir bué...
Tens de ir procurar isso, vais curtir bué...
MS- E de todas as pinturas de gatos feitas pelo Louis Wain, porque é que escolheram "aquele" gato?
Diogo- Epá, aquele gato que escolhemos, pareceu-nos o mais certo, não sei explicar...
Lourenço- Eu recordo-me de quando era puto já ter visto aquela pintura, e depois do nada, logo que começámos a tocar juntos eu lembrei-me dela, mostrei-lhes, eles curtiram, e ficou.
MS- A foto adequa-se ao vosso tipo de som que inventaram? (risos)
Lourenço- Não necessariamente, eu percebo a pergunta devido à piada do "Roque Felino"... Mas foi uma coisa mais ou menos aleatória, foi uma atração estética mais do que qualquer coisa...
Diogo- Como passou tanto tempo, e o gato estava tão associado àquelas músicas, que para nós chegou uma altura em que não fazia sentido mudar.
Lourenço- Mas isso já nem está na net. Ninguém sabe do que estamos a falar.
Diogo- Só os verdadeiros... Os verdadeiros sabem...
Lourenço- Mas isso já nem está na net. Ninguém sabe do que estamos a falar.
Diogo- Só os verdadeiros... Os verdadeiros sabem...
MS- Andam a girar rumores que os Panado em breve vão anunciar a sua metamorfose para uma boys band... quem seria o Panado mais gato? E porquê?
Diogo- Eu acho que ele (O Lourenço) tem mais a cena de ser a... (risos)
Lourenço- Ser o quê?! (risos)
Diogo- A pretty face... (risos) É que o Bernardo já está set para a vida...
Lourenço- O Bernardo já está casado. E muito bem casado diga-se, com a Maria, a nossa fantástica ilustradora...
MS- Olá Maria! (acenando para a namorada do baterista, Bernardo Moniz)
Diogo- Mas acho que entre nós os dois ele (Lourenço) tem mais a personalidade disso... (risos)
Lourenço- Personalidade e a cara, já agora.
(AHAHAHAH)
MS- É do bigode não?
Lourenço- É um bocadinho de tudo.
MS- É dos gatos.
Diogo- É dos gatos.
MS- Houve alguns concertos de panado que foram amaldiçoados pelos deuses do rock...
Lourenço- É verdade. Ou pelos diabos...
MS- ...Como o clássico incidente na Timila das meias ou o recente desastre no Lounge... Alguma história gira para partilhar?
Lourenço- Assim de repente não sei, mas temos sempre encontros muito estranhos com os técnicos de som, são todos pessoas muito "únicas"!
Bernardo- Menos o do Tokyo... O do Tokyo era um bacano.
MS- Estava muita gente no Tokyo?
Bernardo- Por acaso estava fixe aquilo..
Diogo- Ya o sitio é bue pequenino, há bué pessoal que vai lá por aquilo ser o Tokyo...
Bernardo- Curti bastante desse concerto por acaso.
MS- Como é que surgiu o convite do Cláudio para irem gravar com ele?
Lourenço- Isso foi tudo uma situação bastante caricata... (risos) Tudo começou na Bistroteca quando eles (Pista) foram lá tocar o ano passado. Depois o Ramos que é muito próximo da banda...
MS- Ah sim! O Groupie-pseudo-manager, continuem.
(Muitos Risos)
Lourenço- Acho que isso descreveu na perfeição o Ramos. (mais risos) Mas ya, o Ramos estava a organizar o evento, e eles ficaram mais ou menos amigos, o Ramos e o Cláudio...
Lourenço- Acho que isso descreveu na perfeição o Ramos. (mais risos) Mas ya, o Ramos estava a organizar o evento, e eles ficaram mais ou menos amigos, o Ramos e o Cláudio...
Diogo- Porque o Cláudio é alto bacano, é super na boa...
Lourenço- Depois o Ramos mostrou as nossas cenas ao Cláudio, o "Épê" aquelas malhas gravadas no móvel ainda com o tal gato...
MS- Também achámos incrível terem gravado um EP no móvel...
Diogo- Foi mais por necessidade... Não tínhamos literalmente acesso a nada, e gravámos no telefone.
Lourenço- E além disso, nós nunca tivémos intenções de mostrar aquilo a ninguém excepto os nossos amigos... Por isso, na altura, a qualidade das gravações nem sequer era um problema.
Bernardo- Sem dúvida, foi mais numa de nós próprios podermos ouvir as malhas em casa e ver como é que soava.
MS- Uma curiosidade: O móvel estava muito longe dos instrumentos?
Bernardo- Depende... Estava no meio da sala ou em cima de um dos amps.
Lourenço- Foi um bocado por tentativa e erro. Experimentávamos uma vez e se, por exemplo, a bateria ou a guitarra estivesse demasiado alta, metíamos o telemóvel um bocado mais longe do instrumento.
Bernardo- Era a nosso única preocupação na altura.
Lourenço- Foi um bocado por tentativa e erro. Experimentávamos uma vez e se, por exemplo, a bateria ou a guitarra estivesse demasiado alta, metíamos o telemóvel um bocado mais longe do instrumento.
Bernardo- Era a nosso única preocupação na altura.
MS- Voltando ao Cláudio...
Lourenço- Sim... Depois fomos ao concerto de apresentação do albúm dos PISTA, "Bamboleio", porque o Cláudio tinha achado piada às malhas e disse para nós passarmos por lá. E depois acabou o concerto e nós fomos lá falar com o Cláudio no final, ele todo suado disse-nos"Curti bué das vossas malhas, têm de ir lá à garagem tocar" e depois conversa levou conversa, fomos à garagem dele tocar...
Diogo- Porque o Cláudio também estava bué numa de "quero experimentar produzir alguma coisa" e por acaso fomos nós.
Lourenço- Foi basicamente juntar o útil ao agradável.
Lourenço- Foi basicamente juntar o útil ao agradável.
MS- Então ele usou-vos como "Lab Rats" ou assim...
Diogo- Oh não, Se alguém usou alguém fomos nós a ele.
Bernardo- Completamente...
Lourenço- Mas foi algo super espontâneo. As coisas aconteceram assim, porque tiveram de acontecer. Acho que "usar" é uma palavra infeliz. Foi tudo muito natural.
Lourenço- Mas foi algo super espontâneo. As coisas aconteceram assim, porque tiveram de acontecer. Acho que "usar" é uma palavra infeliz. Foi tudo muito natural.
Diogo- Porque eu sinto também que nós estamos muito na mesma onda interpessoal entendes? Damo-nos todos super bem.
Lourenço- Pode não ser tão visível para outras pessoas em termos musicais mas estamos completamente na mesma página, mesmo ele como produtor, acho que nos entendemos todos muito bem.
"A nossa relação com o Cláudio desenvolveu-se de forma muito natural e espontânea, nada pareceu forçado"
MS- Sentem que estão a crescer como músicos ao gravar com artista tão conceituado e respeitado como é o Cláudio?
Falem-me dessa experiência...
Lourenço- Respondendo à tua pergunta, sim. Mas mais que isso, eu acho que estamos a crescer como músicos, mas é mais de tocar e tocar e tocar... E com os concertos que falaste há bocado, onde estão 5 pessoas, ou um amp falha a meio do concerto, temos ganho imensa bagagem.
MS- Mas ele tem muita coisa para partilhar convosco...
Diogo- Isso é totalmente verdade.
Bernardo- Ele dá-nos muitas dicas sim... Ele ajudou-nos bastante com a gravação das faixas, a lidar com as pessoas em concertos, ainda agora estávamos a falar sobre o soundcheck...
Lourenço- Ele já anda nisto há muitos anos, e devido a isso mesmo, ele se calhar olha para certas coisas de uma maneira que nós ainda não olhamos, ou não damos a mesma importância. Nós queremos é tocar, e ele é do tipo "não meus, vejam lá isto"ou "tenham cuidado com isto"...
Vitor- Porque eles andam nisto há muito mais tempo que os Pista... Eles estão nisto há muito tempo...
Bernardo- A nossa relação com ele... A grande ajuda que ele nos deu foi nessa parte da produção. Nós quando fomos para lá já tínhamos as músicas feitas.
MS- Mas sentem que têm crescido desde a última vez que vieram cá ao Montijo?
Lourenço- Claro que sim. Isto do crescer... Esta é a primeira banda de todos nós. É a primeira vez que fizemos uma música em conjunto, a primeira vez que subimos a um palco, a primeira vez que gravámos coisas mais a sério. Por isso, há medida que o tempo passa e há medida que vamos dando mais concertos, vamos crescendo um bocadinho.... Mas sim, acho que somos muito mais banda do que éramos há um par de meses atrás.
Vitor- Acho que o crescer também tem a ver bastante com o teu crescimento como pessoa. Nós somos todos muito novos, estamos em fase de transição e os gostos vão mudando, é um bocado também acharmos a nossa direcção...
Quantos mais ou menos, desde o inicio do ano?
Diogo- Uns 20 na boa.
Lourenço- 20 desde Setembro, talvez... Mas, entre Setembro e Dezembro tivemos prai uns 4 concertos, e no inicio do ano até Março não tivemos nenhum, e só depois disso é que começámos a dar concertos todas as semanas.
Bernardo- Temos tido praticamente 1 concerto todas as semanas há 2 meses prai, o que para nós era impensável há bem pouco tempo atrás (risos).
Diogo- Mas repara, desses todos não foram todos como no Tokyo. Alias, e principalmente no inicio, houve concertos onde estavam tipo 5 pessoas.
Lourenço- Completamente. Houve concertos de merda. Concertos onde o pessoal do bar se estava completamente a marimbar para ti, concertos para 5 pessoas em sítios meio escondidos, concertos em sítios sem praticamente nenhum equipamento sonoro... E, em retrospectiva, acho que isso foi muito importante para nós como banda e ajudou nos a crescer imenso.
Bernardo- Como por exemplo o da Timilia, onde estavam lá os nossos amigos todos.
Diogo- E nessa fase, mais do que agora, era mais numa de nos habituarmos a estar em cima do palco e tocar para alguém do que propriamente dar um concerto.
MS- Na Timília foi precisamente, a primeira vez que tive contacto com a vossa banda. Foi pena é o dono daquilo ser meio idiota...
Lourenço- Por falar nisso! Falaste em histórias há bocado, temos alta história com ele...
MS-Querem partilhar connosco?
Lourenço- Aquilo foi tudo super estranho. Eu agora a olhar para trás, aquilo parece-me um sonho meio exótico.
Bernardo- Completamente...
Lourenço- Mas resumidamente, nós estávamos a fazer o soundcheck, o Ramos estava na mesa de som, e de repente, vê o seu espaço invadido por dois adolescentes apaixonados de 50 anos. (risos)
MS-Como assim?
Lourenço- A meio do soundcheck, o dono do bar juntamente com a sua bela namorada, começaram numa sessão de marmelanço à antiga mesmo em cima da mesa de som onde estava o Ramos. (risos)
Bernardo- O Ramos estava literalmente de braço esticado para não lhes tocar, enquanto fazia o nosso som. Eles estavam os dois mesmo em cima da mesa de som a curtirem a deles. (risos)
Lourenço- Só me lembro do Ramos perplexo, a não acreditar no que estava a acontecer. (risos)
Diogo- Eu acho é que eles queriam ir jantar, e isso foi a dica. (risos)
Lourenço- Não, meu. Aquilo é um modo de vida. Ou vives no limite ou não vives. (risos)
"Houve concertos de merda, esses foram os mais importantes e os que nos ajudaram a crescer imenso como banda"
MS- Na Timília foi precisamente, a primeira vez que tive contacto com a vossa banda. Foi pena é o dono daquilo ser meio idiota...
Lourenço- Por falar nisso! Falaste em histórias há bocado, temos alta história com ele...
MS-Querem partilhar connosco?
Lourenço- Aquilo foi tudo super estranho. Eu agora a olhar para trás, aquilo parece-me um sonho meio exótico.
Bernardo- Completamente...
Lourenço- Mas resumidamente, nós estávamos a fazer o soundcheck, o Ramos estava na mesa de som, e de repente, vê o seu espaço invadido por dois adolescentes apaixonados de 50 anos. (risos)
MS-Como assim?
Lourenço- A meio do soundcheck, o dono do bar juntamente com a sua bela namorada, começaram numa sessão de marmelanço à antiga mesmo em cima da mesa de som onde estava o Ramos. (risos)
Bernardo- O Ramos estava literalmente de braço esticado para não lhes tocar, enquanto fazia o nosso som. Eles estavam os dois mesmo em cima da mesa de som a curtirem a deles. (risos)
Lourenço- Só me lembro do Ramos perplexo, a não acreditar no que estava a acontecer. (risos)
Diogo- Eu acho é que eles queriam ir jantar, e isso foi a dica. (risos)
Lourenço- Não, meu. Aquilo é um modo de vida. Ou vives no limite ou não vives. (risos)
MS- Inacreditável. Mudando de assunto, porque é que as vossas músicas tem títulos portugueses e são cantadas em inglês como o "D. João"? Nunca pensaram em cantar inteiramente em inglês ou português, porquê um ep misturado, são alguma batedeira?
Diogo- Há muito por trás disso: Quando gravámos a cena, às vezes púnhamos títulos nas músicas só para nos lembrar-mos... E o tempo foi passando e essas músicas ficaram de tal forma associadas a esses nomes, que agora para nós já não fazia sentido mudar.
Bernardo- A cena da língua, foi o que saiu na altura enquanto estávamos a fazer as músicas, o que pareceu natural.
Lourenço- Mas nunca se pensou muito nisso, nunca houve uma conversa de "agora vamos cantar em inglês" ou "agora vamos fazer uma música em português"... Mas por acaso agora sinto que estamos muito mais confortáveis a cantar em português. Inclusive, a "Charopes" que já está cá fora, é cantada em português.
Diogo- É quase como outro instrumento se tu pensares bem, imagina um cantor francês ou alemão ou seja o que for, como não entendes o que ele está a dizer então associas a sua voz há de a um instrumento.
Lourenço- E tens artistas como o Devendra ou o Rodrigo Amarante que cantam em 3/4 línguas. Esse problema só existe, se tu o criares.
Lourenço- E tens artistas como o Devendra ou o Rodrigo Amarante que cantam em 3/4 línguas. Esse problema só existe, se tu o criares.
MS- Há 11/10 meses prai tocaram aqui no Montijo com outro projecto.
Bernardo- Eu e o Diogo tínhamos uma cena completamente diferente, ele tocava e eu cantava...
Lourenço- E como é que se chamava? (risos)
Bernardo- "Os Benfiquistas"... (risos)
Lourenço- (risos) Não a sério, se fores procurar à net no Bandcamp ou assim, vais encontrar "Os Benfiquistas"...
MS- Isso está na net? Foi gravado como?
Bernardo- Foi no telemóvel. Para variar.
Vitor- Era eu e a voz do Bernardo, porque ele tem uma voz muito bonita, a sério...
MS-Então quando é que surgiram os Panado?
MS-Então quando é que surgiram os Panado?
Diogo- Foi logo a seguir à Bistroteca... A cena é que nós já no conhecemos todos há muitos anos, uns 5/6. E eu andava sempre a chatear-lhes para fazermos uma banda, só que eles nunca queriam. Depois fui fazendo umas canções na guitarra, onde o Bernardo cantava por cima e demos uns 2 concertos acústicos num bar de uma amigo. Mas o meu objectivo sempre foi o de ter uma banda, nós os três.
Lourenço- Mas em relação a essa pergunta... O Diogo e o Bernardo, mesmo depois da formação d'Os Benfiquistas, andavam me sempre a chatear para ir tocar com eles e eu, não sei bem porque, mas nunca sentia que o devia fazer. Depois houve a Bistroteca, organizada por putos como nós, com concertos espectaculares mesmo à porta de nossa (antiga) casa. E não sei, isso fez-me mesmo pensar "Bora lá tocar. Bora lá fazer cenas e o resto... o resto safoda".
Diogo- Passado uma semana, começámos a tocar.
MS- Vimos um vídeo vosso em que tocaram na Fbaul (Faculdade de Belas Artes), o Vítor estava a tocar com um amp de baixo pelo que eu ouvi...
Lourenço- Não não, eu é que estava a tocar com um amp de guitarra...
Diogo- E eu tava com um mic buéda merda, tipo à Elvis Presley.(risos)
MS- Falem-me um bocado desse gig, foi literalmente o vosso primeiro , não foi?
Lourenço- Foi. E foi só espetacular.
Bernardo- A malta estava bué recetiva e estava toda a gente a dançar... Foi do caralho.
Diogo- E depois eu rompo a corda! E depois eu meto a corda bué à pressa, e a corda volta a romper-se! (risos)
Lourenço- E nós chegamos lá e afinal não há amp de baixo... Depois já muito em cima da hora, tive que pedir emprestado o único amp de guitarra que havia. Toquei com aquilo com um som horrível, o amp quase a rebentar, a pastilhar por todo o lado...
Bernardo-Mas a malta tava toda a cagar-se, estava tudo a dançar e a curtir...
Lourenço- Foi do caralho. Por tudo.
Diogo- E depois como estávamos bué do tipo "Ok, não quero saber. Baza fazer esta merda como se pode", a malta viu bué que estávamos a tentar lidar com a situação e vibrou connosco e foi mesmo memorável...
Bernardo- O ambiente acima de tudo.
MS- Foi a primeira cena que meteram na net, isso também foi logo um BOOM gigante, foi o primeiro contacto que eu tive com a vossa banda e o de muita gente, ver logo aquela malta toda naquele video...
Lourenço- Sim, como te dissemos, aquilo foi mesmo o nosso primeiro concerto.
Vítor- Ya, a cover dos Cave Story, a parte final do "Southern Hype"...
Bernardo- Foi a primeira cena que quase toda a gente ouviu nossa...
Lourenço- Mas esse concerto foi mesmo fantástico, por tudo o que aconteceu, recordamos esse dia com muita saudade...
MS- Mudando de assunto. Já pensaram inscrever-se no "Portugal Got Talent"?
Lourenço- Fora de tangas, a mãe do Diogo está lhe sempre a dizer para ele ir a esses programas...
Diogo- É verdade.
Diogo- É verdade.
"Vimos putos como nós, a fazer algo como foi o Bistroteca, e pensámos logo: Bora fazer cenas! O resto safoda...!"... Uma semana depois, os Panado nasceram"
Vemos, de repente, o Cláudio Fernandes a invadir a entrevista de forma mais hilariante e pragmática possível
Cláudio- GRANDA BANDA, GRANDA BANDA! Porque ninguém está a gritar comigo?
Lourenço- Cá está ele...
Cláudio- Olhem, vou só em suma explicar-vos o verdadeiro significado da vida: Não há meu... Não há.
Cláudio- Isto está a gravar?
MS- Sempre.
Cláudio- Uuuuuuhhh, um dois, um dois...(testando o microfone) Estavam a falar do quê?
Lourenço- Estávamos a falar de...
"Os Panado, são altamente!", Cláudio Fernandes sobre PanadoCláudio- Não, mas eu não descobri os Panado a sério, os Panado descobriram-se por si... A margem de progressão... do caralho.
MS- Haverá alguma forma de rotularem o vosso som que não roque felino? Há muita coisa que me vem à cabeça quando oiço malhas vossas, conseguiam adivinhar duas ou três referências que se comparem ao vosso som?
Diogo- É Roque Felino... Por causa do gato.
Bernardo- Mas qual gato! É a nossa sonoridade, a mim bate tudo certo... (interrompido)
E mais uma vez, de repente, Cláudio Fernandes partilha connosco um pouco de sabedoria.
MS- Toda a gente quer saber, para quando o "Épê" de panado? Quando é que sai!
Lourenço- Dia 37 de Junho.
Bernardo- Não sabemos ainda... (risos)
Diogo- Temos de falar com o nosso produtor. Tudo depende dele.
Cláudio- Eu não sou produtor, eu gravo!
Lourenço- Mas está para breve... Quem sabe o amanhã?...
MS- Já abriram para Pista, vão abrir para a semana para os Sunflowers... Falta os Panado abrirem para quem?
Lourenço- Para os Sonic Youth.
Bernardo- Para os Queen também...
Cláudio- Nãaaaaaao. Os Panado vão abrir...
Cláudio- Os Panado têm de abrir para Shellac e Metz. Vocês abriam bem para os Preoccupations também. (Ex Viet Cong).
Após esta referência falamos sobre a mudança do nome dos Preoccupations , onde se destaca a intervenção do Lourenço, que diz, e passo a citar: "São uns conas."
MS-Para finalizar. Iniciativas como o MontijoSound, são importantes porquê?
Diogo- É também aquilo que já tínhamos falado sobre levar a sério o que fazes...
Lourenço- ...Independentemente dos meios. Mais ou menos como nós.
Diogo- Todas as merdas começaram com a ideia de alguém que não tinha nada, a dizer: "bora fazer isto". Toda a gente começou no mesmo sítio.
Lourenço- ...Independentemente dos meios. Mais ou menos como nós.
Diogo- Todas as merdas começaram com a ideia de alguém que não tinha nada, a dizer: "bora fazer isto". Toda a gente começou no mesmo sítio.
Cláudio- A vontade. A vontade de fazer cenas acho que é o mais importante., e aquilo que eu vi nestes putos é que eles tão cheios de vontade de fazer cenas, isso é altamente respeitável.
Lourenço- Acho que os Media têm um papel fundamental na música, tal como os artistas, o técnico de luz ou o booker. E para a indústria funcionar correctamente, todos nós temos que fazer o nosso trabalho da melhor maneira possível, todas as etapas têm que ter pessoas competentes. Por isso, iniciativas como vocês, são sempre bem-vindas.
MS- Mandem os vossos cumprimentos para o MontijoSound malta!
Panado(+Cláudio) em coro- Grande beijoca para o MontijoSound !
Entrevista aos PISTA: "Qualquer pessoa pode ser fã de PISTA! (...) Quem é que não gosta de festa?"
Na passada sexta feira 13 a redação experienciou o contrário do infortúnio. Se o azar é um elemento comum nas vicissitudes da vida, teremos sempre a folgança irradiante dos PISTA, que muito nos tiveram para contar num paleio que envolveu humor negro, destinos tropicais e uma verdade inexpugnável: toda a gente gosta de festa. Cláudio Fernandes, Bruno Afonso, Ernesto Vitali e Nick conversaram com o Montijo Sound e o resultado está cá fora...
MS: O que é que mudou desde a altura em que puseram os pés no Bistroteca, no ano passado? Agora há um baixo que não existia e que marcou uma evolução na banda. Como é que isso se processou?
Cláudio: É uma evolução em termos de som ao vivo... o baixo já existia lá, embora não tivesse sido gravado mas pronto, ele existia. Pá, então a certa altura decidimos... "Bora usá-lo ao vivo!", até porque era uma "marca" nossa mas... quem somos nós para criar uma marca? Então decidimos começar a usar um baixo ao vivo e o problema é que é viciante... e gostamos da companhia.
MS: De onde surgem as vossas músicas? Há músicas que são apenas instrumentais, como "Ar de Inverno" e "Bamboleio"... Essas músicas nascem do vazio ou é tudo intencional?
Cláudio: Por exemplo, há montes de malhas sem voz... da mesma forma que não gravámos baixo porque a voz não cresceu com a música... A música cresceu, não tinha voz e nós não sentimos necessidade de meter uma voz porque, por exemplo, o jogo de guitarras já era suficientemente vocal. Eu pelo menos não encalho muito com a cena de ter voz. Embora, nas últimas coisas tivemos algum cuidado especial para meter voz, ou existe uma ideia de voz a priori, mas houve coisas que também surgiram de ideias de voz como a "Bamboleio", é uma cena de voz. Sentimo-nos OK em só ter guitarras a fazer essa parte vocal da canção.
MS: "Bamboleio" trouxe um concerto de apresentação com vários artistas... Porquê trazer BRO-X?
"Porque não trazer bro-x?"- questionaram os PISTA
Cláudio: Porque no fundo, no fundo há um BRO-X em cada um de nós. Ele faz parte de nós. Já tinha acontecido no Barreiro Rocks 2013, tocarmos uma malha e achámos fixe.MS: Falando agora outra vez do baixo, expliquem-nos a vinda do Nick. Como é que surgiu o convite para ele se juntar a vocês?
Bruno: Era o único!
Inicia-se um ataque ao Nick e por fim, depois de algumas intervenções, Cláudio admite o que todos esperávamos ouvir...
Cláudio: Eu vou admitir que estava com um copinho a mais (a propósito de ter tido a ideia de convidar o Nick).Bruno: Analisando a história dos PISTA, ele já conhecia o nosso trabalho, então não foi muito difícil chegar lá e dizer assim: "Queres participar?".
MS: Quais são as vossas maiores influências a nível musical, não necessariamente para o som dos PISTA?
Bruno: Sinceramente, olha, eu já nem sei o que é que me influencia. Nos últimos dois anos posso dizer que quem mais me influenciou foi o Tony Allen do Fela Kuti.
Ernesto: Aquilo que me influencia é aquilo que me toca, o que me sensibiliza, qualquer tipo de música de onde eu possa espremer alguma coisa que me toque e que ache que me diga respeito e que eu respeite também, que admire dentro de qualquer estilo musical, basicamente. Não estou a ver assim estilos musicais que eu não goste, nem que seja punk pela energia, música clássica pela subtileza... Há sempre qualquer coisa boa a retirar da música.
Nick: Quarteto Marino Marini, o primeiro disco que eu ouvi na vida, Maradona e Rodney Mullen, um skater do caraças, tem aquele vídeo "People Are Strange", com os The Doors a tocar, buéda bom.
De seguida, Nick sugere um filme sobre a modalidade skate, editado pelas marcas e realizado por Spike Jonze, dando ênfase ao clip que tem como banda sonora "People Are Strange". Depois da resposta do Cláudio, visualizámos tão aclamada obra prima.
Cláudio: Não sei, eu sempre ouvi tanta coisa... Se me perguntares hoje, eu vou-te falar em Guns N' Roses mas não... Eu era muito miúdo do grunge... cenas assim, mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, ouvia bué Guns N' Roses, aquilo a que tinha acesso. Por exemplo, ouvia a Super FM, na altura ouvia-se aquilo que passava na rádio. Era aquilo que tu ouvias, depois, dentro disso identificavas-te com algumas coisas mais, outras menos. Mas gosto de tudo. Sei lá, gosto de música eletrónica, gosto de hip hop, gosto de todos os tipos de rock.
MS: Vocês costumam dançar ao som do vosso disco ou isso é de algum modo estranho ou impensável?
Nick: Eu ouvi no ginásio para apanhar as músicas.
Cláudio: Eu ouço. Eu sou fã nº1, Nós somos todos fãs nº1 de PISTA. Mas por acaso nos últimos tempos não tenho ouvido tanto quanto isso, até porque temos andado a gravar coisas novas, percebe-las, retirar ou adicionar coisas. Estamos a pensar no disco seguinte mas sim, ouvimos muito a nossa própria música.
Os restantes consentem que também ouvem..
MS: Quando ouvem o "Bamboleio" onde é que se imaginam? Faixa por faixa?
Cláudio: "Ar de Inverno" é UK, tens aqui uns riffs meio britânicos mas é um UK multicultural. A "Bamboleio" é uma música pimba, na verdade pode ser ali numa terra qualquer no interior, podia ser tocada num acordeão. A "3-0" é samba, show de bola, um Brasil freak. A "Sal mão" é Mali, a "Ivone" de repente estamos em Cleveland ou assim... A "A Tal Tropical" de repente estamos no Hawaii... só porque me apetece. A "Onduras" é América Latina, podemos realmente estar em "Honduras" (se bem que isso é América Central). Na "PUXA" estamos em Angola, estamos no Vale. "Boxe Fantasma" é europeu, Bairro das Palmeiras, estamos no ginásio. "Boxe Fantasma" é um exercício, chama-se mesmo boxe fantasma em que tens que imaginar que estás a fazer boxe contra alguém. Epá, e a "Queráute"... não estás na Alemanha. Imagina que tu tinhas um bairro, como há um maioritariamente angolano ou da Guiné ou S. Tomé. Imagina, estás perto do Alentejo Litoral... Estás em Aljezur! Freaks alemães que estão em Portugal há 40 anos.
Nick: Porque o Estado paga-lhes e eles podem estar a cultivar ganza e a viver.
MS: Queremos ouvir um relato do concerto mais divertido que tiveram até agora.
Cláudio (após ter perguntado aos outros): Eu acho que foi para aí o segundo, no Talk Fest, poque estávamos bem e não havia pressão.
Nick: Parecíamos uns homens!
Cláudio: Ou então no Barreiro, em junho, quando eu estava "perdido". Deve ter sido muito divertido para vocês (risos gerais). Tivémos montes de azares, eu tava muito mal mas foi bué da bom. Estávamos ali desde as três da tarde com um calor infernal mas foi ótimo, estava toda a gente on fire.
MS: Conseguem percepcionar a existência de uma base de fãs/fiéis seguidores, ou nunca pensaram muito nisso?
Cláudio: Sabes qual é a coisa mais interessante em relação a PISTA, na minha opinião? Não há um segmento social que eu diga "estes são os fãs de PISTA". Qualquer pessoa pode ser fã de PISTA! Os meus pais gostam de PISTA. Eu acho interessante quando consegues chegar a pessoais de segmentos sociais tão distantes. É festa! Quem é que não gosta de festa?
Nick: Desde aquela criança inglesa abandonada no Algarve, pelos pais, até pessoas mais velhas, qualquer pessoa.
Cláudio: Sabes que nós temos um nickname para o saco que transporta os tripés da bateria, dos pratos? Maddie.
MS: A sério? Porque nunca sabem onde é que está?
Cláudio: Não... porque é uma coisa pesada, parece que estás a transportar o corpo da Maddie. Nós chamamos o "morto", eu depois posso mostrar o que é esse saco.
MS: Como faziam se vos dessem uma oportunidade utópica e única para mostrar a vossa música em qualquer lugar e para qualquer pessoa, em Portugal? O que é que decidiam?
Cláudio: Gostava de mostrar ao Rui Veloso, só para lhe mostrar o que ele perdeu ao não ter dado continuidade a sonoridade do "Baile da Paróquia". É grande malha e aquele gajo... perdeu aquilo! "Baile da Paróquia"... podia ser um tema nosso. Na boa.
Dito isto, os PISTA limitam-se a trautear o tema de Rui Veloso, o qual pode ser ouvido aqui:
Nick: Eu via-me a fazer o primeiro grande concerto no Túnel do Marão, com uma associação de claustrofóbicos.
Cláudio: Já que estamos em utopias, gostava de convidar para uma participação... o António Variações. Mostrava-lhe isto com gosto e fazíamos três, quatro, cinco, seis, sete discos...
Nick: Eu gostava de pegar no Luís Represas, nos Delfins e no Rui Veloso. Os três fizeram músicas de apoio a Timor. Gostava de pegar neles, e que fossem pedir desculpas ao povo timorense. É um povo que sofreu.
Ernesto: Eu gostava de mostrar ao Represas também... A sério.
Nisto Ernesto é atacado com piadas fortes devido a sua manifestação de simpatia para com Represas.